sexta-feira, 21 de maio de 2010

Perguntar ofende?

Será que o Jornal Nacional teria coragem de fazer estas perguntas ao Lula?

1) O senhor prometeu criar 10 milhões de empregos e chegará ao fim do mandato criando quatro milhões. Neste tempo, a renda da classe média caiu, e os empregos gerados se concentram na faixa de até 2 salários mínimos. A chamada distribuição de renda do seu governo não se faz à custa do empobrecimento dos menos pobres?

2) O Senhor disse que banqueiro lucra no seu governo e, por isso, não precisa de Proer. O Senhor sabe quantos Proers o Brasil
paga por ano para sustentar os juros reais mais altos do mundo?

3) O seu filho, até bem pouco tempo antes de o Senhor assumir a Presidência, era monitor de Jardim Zoológico e, hoje, já é um
empresário que a gente poderia classificar de milionário. O Senhor não acha uma ascensão muito rápida?

4) Genoino sabia do mensalão. Silvio Pereira sabia do mensalão.Dirceu sabia do mensalão. Ministros foram avisados do mensalão.
Só o senhor, da cúpula, não saberia. O senhor não acha que, nesse caso, não saber é tão grave quanto saber? E se houver mais
irregularidades feitas por amigos seus que o senhor ignore?

5) Presidente, na sua gestão, as invasões de terra triplicaram, caiu o número de assentamentos e mais do que dobrou o número
de mortos no campo. Como o senhor defende a sua política de reforma agrária?

6) O senhor não tem vergonha de subir em palanque onde estão mensaleiros e sanguessugas?

7) Presidente, em 2002, o Brasil exportava a metade do que exporta hoje, e o risco país era sete ou oito vezes maior. O país
pagava 11% de juros reais. Hoje, continuamos a pagar mais de 10%. Como o senhor explica isso?

8) Em 2002, o governo FHC que o Senhor tanto critica repassou para São Paulo, na área de segurança, R$ 223,2 milhões.
Em 2005, o seu governo repassou apenas R$ 29,6 milhões. Só o seu avião custou R$ 125 milhões.
Não é muito pouco o que foi dado ao Estado que tem 40% da população carcerária do país?

9) Quando o Senhor assumiu, o agro negócio respondia por mais de 60% do superávit comercial. Quase quatro anos depois, o setor está quebrado, devendo R$ 50 bilhões. O Senhor não acha que o seu governo foi um desastre na área?

Vamos aguardar.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

DELAÇÃO NÃO PREMIADA

Acontece que, dado ao meu cansaço como assíduo leitor das verdades publicadas pela facção honesta da imprensa, sobre os malfeitores e inimigos públicos que infestam os poderes do Estado, resolvi dar nome aos bois.

Vou me prestar à pior função que a desonestidade humana permite e delatar com todas as letras os responsáveis pelo caos que hoje vivemos no Brasil.

Quero ser um vil delator, Mas não como os criminosos que denunciam seus parceiros de quadrilha para conseguir benesses da justiça. Não me rebaixaria à pequenez dessa infâmia. A intenção é a de apenas mostrar com o máximo de clareza onde cabem as responsabilidades por esse inferno e desmando que todos passamos.

O primeiro da lista é o seu Manoelzinho do armazém. Nós dois já discutimos e quase chegamos às vias de fato, quando eu tentei mostrar a ele que não deveria votar em um ladrão descarado. E levei provas. Disse dos processos, das pendengas com o ministério público e nada. O homem se mostrou irredutível. E o pior de tudo: votou em quem não devia. E se gabou da vitória. Até o dia em que deu entrada em um hospital público, com um problema sério da coluna vertebral, como conseqüência da queda de um telhado.

Ali, esse pobre enganado sofreu o pão que o diabo amassou. E mesmo quase inválido da queda, não conseguindo uma ambulância para transportá-lo, precisou ser levado de moto por um vizinho. Como o seu caso era de uma certa gravidade, o Manoelzinho precisava de alguns exames sofisticados. E conseguiu com prazos de 2 ou 3 meses cada um. O final foi a luta para conseguir um colete que lhe sustentasse a postura para conseguir a cura. Hoje é mais um inválido que não se permite qualquer esforço físico e talvez não vote nunca mais.

Outra que faço questão de denunciar aqui é uma grande amiga. Dona Ivone, freqüentadora assídua do meu convívio e da minha casa. Tanto elogiou um certo deputado e um candidato a Governador que como prêmio, teve uma filha estuprada em uma dessas nossas mal iluminadas ruas de todas as cidades do Estado. Hoje tem verdadeiros ataques de fúria apenas com a menção dos seus eleitos.

Já o Nivaldo não. Nivaldo foi comprado. Deram a ele cem reais para votar em uns quatro ou cinco nomes da eleição passada e ele obedeceu cegamente. Cem reais é muito para quem tem que sustentar família com um salário mínimo, e da pra comprar a gororoba por pelo menos uns quinze dias. O problema é que eu disse ao Nivaldo: recebe o dinheiro e vota em outro. Mas ele achou isso muito desonesto.

E aqui estão outros. Terezinha. Maria das Dores ( esta uma das amantes de um tubarão da política). Olavo, hoje preso por vender maconha como única forma de ganhar uns trocados. Dirce. Matheus. Paulinho. Clóvis. Eduardo, estes viventes das esmolas públicas.

Não posso nominar a todos. Não existiria espaço suficiente para caber centenas de milhares de pessoas. O que me impressiona é a rigidez da ideologia deles. Nada nesse mundo pode convencer esse povo inteiro de que a desonestidade que campeia solta, foi autorizada por ele a executar essas safadezas.

E outras eleições virão. E esse meu sofrido povo continuará votando nessa corja.

Que mágica é essa que a psicologia, a psiquiatria, a sociologia e todas as teorias não entendem? Que artifícios são usados para direcionar uma população tão carente de tudo a cometer os mesmos erros em todas as eleições?

Não sei. O que eu sei é que a base é o engano, o logro, a mentira, a falsidade e as promessas.

Só me resta parodiar o Grande Churchill usando à minha maneira uma de suas célebres frases. Nunca, na história da safadeza humana, tantos foram enganados tanto, por tão poucos.
Publicado por Luiz Berto em TERCEIRA VISÃO - Cícero Cavalcanti

segunda-feira, 10 de maio de 2010

O crime legal

Lúcio Flávio Pinto

Editor do Jornal Pessoal
A história contemporânea da Amazônia segue dois marcos. Sem considerá-los, ninguém poderá entender o que acontece na região. O primeiro deles, por ordem cronológica, tem dois desdobramentos. Começou na segunda metade da década de 50 do século passado, quando pela primeira vez a Amazônia foi integrada por terra ao restante do país, inicialmente através das rodovias Belém-Brasília e Brasília-Acre (seguidas de outras estradas de porte semelhante, como a Transamazônica).

Esse marco foi arrematado duas décadas depois, quando os militares, no poder pelo período mais longo de todas as suas intervenções na vida política brasileira, decidiram acelerar a ocupação desencadeada pelas estradas. O lema era categórico: “integrar para não entregar”.

Uma longa tradição de raciocínio geopolítico muito forte, sobretudo na caserna, garantia que a Amazônia era objeto, desde o início da presença européia, de uma cobiça internacional profunda, persistente e ameaçadora. Ela só não se consumara porque o colonizador português mostrara sua valentia (além de sagacidade) na defesa (e expansão) das fronteiras amazônicas. Esse sentimento foi repassado ao nativo.

Mas essas qualidades já não eram suficientes para assegurar a soberania nacional sobre a mais extensa e rica fronteira do país. Os “espaços vazios” constituíam o ponto frágil da vigilância e da defesa da integridade territorial. Era preciso que cidadãos nacionais ocupassem esses espaços, atraídos pelas promessas de enriquecimento e intensamente apoiados pelo governo (inclusive através de colaboração financeira do erário). A Amazônia precisava deixar sua condição de reserva e passar a produzir.

Essa contingência se impôs quando de outro marco: a primeira crise do petróleo, de 1973. O mundo se redefiniu para se adaptar ao novo custo da energia. Em nenhum lugar do mundo há mais energia contida na natureza do que na Amazônia. Em seus rios caudalosos, no seu subsolo, nas suas árvores, nas suas chuvas, no seu sol. Um dos lugares-chave da nova redivisão internacional do trabalho passou a ser a Amazônia.

Ela tem duas das maiores fábricas de alumínio do planeta (e o alumínio é o bem industrial mais eletrointensivo que existe), a maior fábrica de alumina, algumas das principais plantas minerais, a quarta maior hidrelétrica da Terra. Quase todos esses bens e insumos são remetidos para o exterior. As empresas que os produzem contam com participação acionária de algumas das principais multinacionais. A Amazônia, internacionalizada desde a sua origem (foram os espanhóis que lhe deram esse nome) e nacionalizada só recentemente, já sob o Império, nunca foi tão internacionalizada quanto agora. E nunca tão integrada à economia nacional. Ao contrário do que pensavam os militares no poder, uma coisa levou à outra, ao invés de impedi-lo.

Os estrangeiros parecem ter aprendido que é mais cômodo e mais rentável explorar as riquezas da Amazônia sob um governo local do que abrindo filial colonial da metrópole no além-mar. Os relatos sobre tentativas de intervenção estrangeira direta não resistem a um exame mais apurado.

Diz a lenda (revestida de verdade histórica nos manuais de ocasião, muito caros aos nacionalistas) que, no século XIX, a poderosa Inglaterra só não anexou a Amazônia porque Eduardo Angelim, o principal líder da Cabanagem, a maior insurreição popular da história brasileira (irrompida em 1835), rejeitou as propostas insinuantes de autonomia de um representante britânico, colocando-o para correr.

Documentos oficiais ingleses, aos quais só recentemente se teve acesso, revelaram que o próprio governo brasileiro, na época chefiado pelo regente paulista Diogo Feijó (em nome do imperador Pedro II, ainda menor), autorizou a Inglaterra a invadir secretamente a convulsionada província para reprimir os rebeldes. A tarefa estava além das possibilidades das tropas brasileiras, empenhadas em combater outra grave insurreição, a dos Farrapos, no outro extremo do país, o Rio Grande do Sul.

Navios da armada inglesa (a mais poderosa da época) estiveram em Belém e seu comandante concluiu que dominaria tudo com apenas 150 fuzileiros navais. Se quisesse fazer da Amazônia uma nova Índia, era o momento. Feitos os cálculos, Sua Majestade verificou que lucraria mais mantendo a nacionalidade brasileira. Ao invés de tropa, mandou seu banco e financiou o início da exploração da borracha. O Banco do Brasil levou quase um século para se instalar na região, depois de criado.

O ministro das relações exteriores da Inglaterra, Lorde Palmerston, instruído pelo embaixador no Rio de Janeiro, não aceitou a proposta de Feijó para a invasão secreta, a repressão e a pacificação da província distante, que seria devolvida então ao governo imperial. Apresentou várias justificativas relacionadas à legalidade e à autodeterminação dos povos, mas, na verdade, tinha em mente números.

A Inglaterra ganhou muito dinheiro comprando e financiando a borracha amazônica. E, depois, quando constatada a inviabilidade de aumentá-la na escala exigida, partiu para o sucedâneo asiático, a partir de sementes coletadas no Pará. Tudo dentro da lei. Sem contrabando, ao contrário do que proclama outra lenda compensatória.

A “pacificação” da província rebelde, que o governo imperial acabou por assumir, foi mais sangrenta do que os motins políticos. Depois de cinco anos de conflagração, 20% da população da Amazônia morrera, com maior ênfase na fase da “pacificação”. Se fosse hoje, seriam mais de dois milhões de mortos. Há algo semelhante na história do Brasil? Não é tão frequente nem na belicosa história da humanidade.

Histórias de pé quebrado sobre a “cobiça internacional” da literatura geopolítica têm servido de habeas corpus ao saque dos recursos amazônicos, inclusive humanos, praticado pelos nacionais. Possibilitam até a pilhagem internacional, sem chamar a atenção da opinião pública, condicionada a achar que internacionalização é sinônimo de invasão armada.

Foi assim que o governo federal conseguiu criar o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Dizia-se que os Estados Unidos aproveitariam uma manobra militar conjunta na vizinha (ex-inglesa) Guiana (o Brasil foi convidado e não aceitou), para ensaiar a invasão da Amazônia. Usaria o conceito de “soberania limitada”, ao qual a Amazônia estaria sujeita por ser patrimônio da humanidade.

Assim, o Sivam, mesmo custando dois bilhões de dólares, não passou por concorrência pública. Era mais uma ação de emergência pela defesa da ameaçada segurança nacional na Amazônia, alvo da insaciável cobiça internacional. A dispensa de licitação criou um dos escândalos que abalou a administração do presidente Fernando Henrique Cardoso.

De lá para cá as exportações amazônicas cresceram mais de quatro vezes, a participação acionária de empresas estrangeiras se expandiu e os vínculos ao mercado mundial foram reforçados. Há menos “espaços vazios”, não só porque a população cresceu a uma taxa superior à da média nacional, como porque os pioneiros que abrem essas frentes foram responsáveis pelo maior desmatamento de toda história da humanidade: em meio século puseram abaixo área equivalente a três vezes o tamanho do Estado de São Paulo, que concentra um terço da riqueza nacional.

Ou seja: integrada, para não ser entregue aos piratas estrangeiros (ou aos “marines” americanos), a Amazônia paga aos seus protetores um preço. O de deixar de ser Amazônia. É assim que se torna Brasil, finalmente.



Postado por O Estado do Tapajos On Line às 09:57

sábado, 8 de maio de 2010

Elton John fez Empty Garden, para Lennon.

Em um crepúsculo de dezembro de 1980, Lennon foi assassinado em frente ao maior jardim de Nova York, o Central Park, onde ele costumava caminhar.
Em 1982, Elton John lançou, no Central Park, este réquiem a Lennon.
A letra começa com uma pergunta: "o que aconteceu aqui, ao por do Sol de Nova York?"
E termina com um apelo vão: "Hey Johnny, por que você não vem brincar neste triste jardim?"

Machado de Assis afirma que: “Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, na qual o destino, para escrever um caso novo, tem que apagar o caso escrito.”

Vale a pena, por vezes parar um pouco o que se está fazendo e dedicar alguns minutos ao seu coração: leia o lamento de Elton John.

Empty Gardem - tradução livre.

O que aconteceu aqui
Na hora que o por do sol de Nova York desapareceu
Fez com que eu encontrasse um jardim vazio
Entre os azulejos ali
Quem viveu aqui
Deve ter sido um jardineiro
Que se importou muito
Que molhou a terra com suas lágrimas
E fez crescer uma boa plantação
E agora tudo está estranho
É engraçado como um inseto
Pode causar tanto dano
E agora de que adianta
Este pequeno jardim vazio
Perto da porta da casa de arenito
E nas rachaduras ao longo da calçada
Nada cresce mais
Quem viveu aqui
Deve ter sido um jardineiro
Que se importou muito
Que molhou a terra com suas próprias lágrimas
E fez crescer uma boa plantação
E nós ficamos tão surpresos
Estamos incapacitados e estonteados
Um jardineiro como este
Ninguém pode substituir
E eu estive batendo na porta
Mas ninguém responde
E eu estive batendo na porta
A maior parte do dia
Oh, e eu estive chamando
Oh, ei, ei Johnny
Você não pode sair para brincar
E pelas lágrimas deles
Dizem que ele foi melhor ainda
Quando era mais jovem
Mas ele teria dito que as raízes crescem mais fortes
Ah, se ele pudesse ouvir agora
Quem viveu ali
Deve ter sido um jardineiro
Que se importou muito
Que molhou o chão com suas lágrimas
E fez crescer uma boa plantação
E agora precisamos pedir a chuva numa oração
E com cada gota que cai
Nós ouvimos, nós ouvimos seu nome
Johnny, você não pode sair para brincar
No seu jardim vazio

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Haverá surpresa nas eleições de outubro ?

Lúcio Flávio Pinto
Editor do Jornal Pessoal

Em 2006 a candidata do PT ao governo do Estado, Ana Júlia Carepa, só venceu a disputa porque o PMDB apresentou uma chapa própria para o 1º turno e seu candidato, o então deputado federal José Priante, teve uma votação superior a todas as expectativas. No 2º turno, armou-se a coligação dos dois partidos para enfrentar o adversário comum, o ex-governador Almir Gabriel, que, contra a tendência em favor da mudança, tentava voltar ao cargo pela terceira vez.

Em 2010 a situação é inversa. Se o PMDB apresentar candidato próprio no 1º turno só não ameaçará a reeleição de Ana Júlia Carepa se usar um fantoche, um nome sem qualquer densidade eleitoral, só para constar. Mas se fizer isso, poderá provocar a reação dos seus próprios eleitores. Para eles, o principal inimigo deixou de ser o PSDB. Agora, é o PT.

É insólita esta constatação porque PMDB e PT ainda são partidos aliados no Pará. O PMDB ocupa alguns cargos de primeira linha da administração estadual, mas perdeu os principais, que lhe couberam na partilha logo depois da vitória de 2006. E perdeu depois de um longo processo de desgaste, amargando uma imagem que se mantém grudada ao partido há muitos anos e que seus aliados trataram de reforçar: de fisiológico, nepotista e corrupto. A escória, como disse um dos principais “quadros” do grupo da governadora, seu assessor especial Cláudio Puty.

Político profissional com mais de 40 anos de carreira, iniciada pela base, como vereador, Jader Barbalho absorveu os golpes petistas, mas não ficou parado. Tratou de avivar os elos com o presidente Lula e a direção nacional do PT, arranjar cargos e verbas federais e com tudo isso montar a melhor estrutura eleitoral no interior, controlando mais prefeituras do que o PT, fato inédito nos últimos governos do Estado.

Em intensa atividade municipal, sempre levando alguma coisa para oferecer, Jader conseguiu o que parecia impossível, diante do péssimo estigma que seu nome suscita: aumentar sua popularidade e reduzir sua rejeição. Com isso, ampliou o campo de influência do PMDB e recriou sua identidade. Seu peso eleitoral é maior agora do que há quatro anos. É, mais uma vez, quem vai decidir a disputa.

Os petistas no poder, os do grupo (minoritário até internamente) da Democracia Socialista, demoraram a perceber esse fato – e vários preferem ignorá-lo até hoje. O ataque frontal de Puty a Jader no domingo, 18, que parecia o golpe de graça na aliança, foi seguido no dia seguinte pela visita da governadora à residência do líder do PMDB, o chefe da escória (em contraste com a pureza imaculada dos petistas). Muito mais experiente do que seu lua-preta, Ana Júlia deve ter percebido o terreno desaparecer sob seus pés. A arenga de Puty era apenas a gota d’água: os sinais do desastre iminente estavam na recusa de Jader de atender os telefonemas da governadora.

Ana Júlia teve que fazer a visita de surpresa, na manhã bem cedo, e levando consigo o deputado federal Paulo Rocha, interlocutor e aliado informal de Jader. Se se anunciasse e fosse sozinha, corria o risco de bater com o rosto na porta em madeira de lei do ex-governador, no condomínio luxuoso em que ambos residem, na área metropolitana de Belém. A conversa foi demorada, a governadora ofereceu troféus ao seu aliado, prometeu que agora tudo vai ser diferente e Jader foi atencioso com ela. Mas falou pouco. Os compromissos ficaram para depois. Ou para nunca mais.

Contar com a máquina do governo para a eleição é importante e pode ser decisivo. A maioria dos candidatos aceitará um novo acordo, mesmo que céticos quanto ao seu cumprimento. Mas pela primeira vez haverá resistências dentro do partido e na sua militância. Muitos já acreditam que desta vez o PMDB, além de não apresentar um “laranja” para a eleição, terá Jader Barbalho como cabeça de chapa. O próprio Jader induziu essa gente a acreditar na sua quarta candidatura ao governo (com duas vitórias e uma derrota, na mais recente tentativa). Ele mesmo não deve ter encarado com muita seriedade a hipótese, mas ela cresceu mais do que ele pretendia ter sob seu controle.

É uma parada demasiado arriscada. Seu índice de rejeição ainda é alto. A reeleição como deputado federal ou a volta ao Senado são dadas como certas. Mas ele sabe que só se manteve na Câmara porque se limitou aos bastidores – e mesmo assim não se livrou de constantes críticas na mídia. Para a imprensa, sua volta ao Senado detonará o sinal de alarme: ele será alvo de atenções constantes e a proximidade dos tribunais dará eco maior a esse barulho.

Se ficar no Pará, o interesse será menor e esporádico. Apesar de tudo, o Pará fica longe de Brasília e só interessa aos centros econômicos quando lhes dá lucro, o que é a regra de procedimento. Mas não só por isso. Se ainda quiser ser uma liderança forte no Estado, Jader terá que se apresentar mais e exercer o poder local. Seu herdeiro, o filho, Helder, prefeito de Ananindeua, o segundo município mais populoso, não dá indícios de que estará pronto para concorrer ao governo em 2014. Mas, quem sabe, em 2018? Se vencer neste ano, Jader poderá conquistar um segundo mandato e preparar a sucessão em família. Já setentão, estará com o perfil de senador e em condições de suportar uma nova campanha de mídia, se ela ainda estiver interessada nele.

Mas a disputa para o governo em outubro é incerta e não sabida. Poderá ser-lhe fatal, deixando-o sem um cargo eletivo, um vácuo que ele já experimentou duas vezes e provavelmente não quererá repetir. O risco é quase o mesmo para todos os demais candidatos, incluindo a governadora, líder em rejeição. Ela conta com a máquina e graças a ela poderá contrabalançar sua imagem ruim. Mas há um momento a partir do qual nem mesmo uso ou o abuso do poder público salvam um candidato. Não se pode dizer ainda se Ana Júlia atravessou esse Rubicão, mas sua súbita visita a Jader, nas circunstâncias em que a realizou, são sintomas da sua preocupação – ou talvez já do desespero.

Se forem procedentes as informações vazadas de pesquisas não oficializadas, Jader é candidato para passar ao 2º turno, seja lá quem for que o acompanhe nessa travessia difícil. Se for Ana Júlia, contará com a adesão maciça dos tucanos, que não querem mais saber de petistas e sabem que, ao contrário deles, Jader cumpre os acordos que faz (sobretudo aqueles que não podem ser assinados e reconhecidos em cartório, dependendo apenas da palavra empenhada). Se for Jatene, os petistas não desconhecem que essa vitória representará a volta da hegemonia tucana, com possibilidade de se manter por outros 12 anos (de máquina pública os social-democratas à brasileira entendem).

Este é o eixo principal da perspectiva eleitoral. Há inúmeras variações possíveis, mas laterais a essa espinha dorsal, o suficientemente significativas, porém, para que se preveja a mais disputada das eleições em tempos recentes no Pará. Tão difícil que mesmo sendo o principal eleitoral ou o mais importante candidato, Jader Barbalho tem também diante de si o maior dos riscos: tanto o de dar a volta por cima e restabelecer sua força política, abrindo caminho para uma permanência em família, como iniciar a derrocada rumo a um destino inglório.

Esse drama é produto da repetição de um enredo que está exaurindo as lideranças do Estado, tudo mudando para tudo continuar como está. Por isso, à parte todas as hipóteses de relações políticas para a próxima eleição, pode haver um elemento de surpresa sobre as conjecturas, se o eleitor quiser, desta vez, se fazer ouvir, depois de ser tantas vezes ignorado ou manipulado.
Postado por O Estado do Tapajos On Line

domingo, 2 de maio de 2010

ALGUÉM ESTÁ FAZENDO!

DOIS ADVOGADOS GAÚCHOS CONTRA DOIS SENADORES E 3.883 SERVIDORES DO SENADO FEDERAL

Os advogados gaúchos Irani Mariani e Marco Pollo Giordani ajuizaram, na Justiça Federal, uma ação que pretende discutir as horas extras pagas e não trabalhadas, no Senado, e outras irregularidades que estão sendo cometidas naquela Casa.
A ação tramita na 5a. Vara da Justiça Federal de Porto Alegre e tem como réus a União, os senadores Garibaldi Alves e Efraim Morais e "todos os 3.883 funcionários do Senado Federal, cuja nominata, para serem citados, posteriormente, deverá ser fornecida pelo atual presidente do Senado Federal, senador José Sarney".
O ponto nuclear da ação é que durante o recesso de janeiro de 2009, em que nenhum senador esteve em Brasília, 3,8 mil servidores do Senado, sem exceção, receberam, juntos, R$ 6,2 milhões em horas extras não trabalhadas - segundo a petição inicial..
Os senadores Garibaldi e Efraim são, respectivamente, o ex-presidente e o ex-secretário da Mesa do Senado. Foram eles que autorizaram o pagamento das horas extras por serviços não prestados.
A ação popular também busca "a revisão mensal do valor que cada senador está custando: R$ 16.500,00 (13º, 14º e 15º salários); mais R$ 15.000,00 (verba de gabinete isenta de impostos); mais R$ 3.800,00 de auxílio moradia; mais R$ 8.500,00 de cotas para materiais gráficos; mais R$ 500,00 para telefonia fixa residencial, mais onze assessores parlamentares (ASPONES) com salários a partir de R$ 6.800,00; mais 25 litros/DIA de combustível, com carro e motorista; mais cota de cinco a sete passagens aéreas, ida e volta, para visitar a 'base eleitoral'; mais restituição integral de despesas médicas para si e todos os seus dependentes, sem limite de valor; mais cota de R$ 25.000,00 ao ano para tratamentos odontológicos e psicológicos" .
Esse conjunto de gastos está - segundo os advogados Mariani e Giordani - "impondo ao erário uma despesa anual em todo o Senado, de:
- R$ 406.400.000, 00 (quatrocentos e seis milhões e quatrocentos mil reais); ou
- R$ 5.017.280,00 para cada senador.
Tais abusos acarretam uma despesa paga pelo suado dinheiro do contribuinte em média de:
- R$ 418.000,00 por mês, como custo de cada senador da República".
Mariani disse ao 'Espaço Vital' que, "como a ação popular também tem motivação pedagógica, estamos trabalhando na divulgação do inteiro teor da petição inicial, para que a população saiba que existem meios legais para se combater a corrupção".
Abaixo, resultado da pesquisa na internet pelo site http://www.jfrs.jus.br/, em 16.01.2010:
Consulta Processual Unificada - Resultado da Pesquisa

AÇÃO POPULAR Nº 2009.71.00.009197-9 (RS)
Data de autuação: 31/03/2009
Juiz: Vania Hack de Almeida
Órgão Julgador: JUÍZO FED. DA 05A VF DE PORTO ALEGRE
Órgão Atual: ADVOCACIA GERAL DA UNIÃO
Localizador: GR
Situação: MOVIMENTO
Valor da causa: R$ 6.200.000,00
Assuntos:
1. Adicional de horas extras
2. Horas Extras


QUE O BRASIL INTEIRO FIQUE ATENTO E ACOMPANHE ESTA INICIATIVA. SE DEPENDER DA "GRANDE MÍDIA", NINGUÉM FICARÁ SABENDO DE NADA.