quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A GRAVE RESPONSABILIDADE PELA REDIVISÃO DO PARÁ

Lúcio Flávio Pinto

O Brasil ainda não se deu conta de que um novo capítulo da sua história está se oferecendo para ser escrito. Pela primeira vez a feição geográfica do país não dependerá de um ato de império do poder central. Ao invés disso, um plebiscito inédito será realizado, graças à regra estabelecida pela constituição de 1988. Os eleitores votarão para definir o novo perfil do Pará, o segundo maior Estado da federação.



A consulta plebiscitária acontecerá dentro de quatro meses, em 11 de dezembro, mas nem a opinião pública se interessou até agora pelo tema, certamente por desconhecer a sua importância, nem as regras básicas estão definidas. O Tribunal Superior Eleitoral, que já baixara suas resoluções, terá até o final do mês para decidir se aproveita ou não as sugestões apresentadas na audiência pública, realizada na semana passada, em Brasília.


O que está em causa é um território de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, onde vivem mais de 7,5 milhões de pessoas. Se o Pará atual constituísse um país independente, seria o 25º mais extenso do mundo. No continente, só a Argentina, o próprio Brasil e o Peru o superariam. Seria um pouco maior do que a Colômbia. Pelo critério populacional, ficaria na 97ª posição mundial.


A primeira ordem de grandeza que impressiona resulta do contraste entre extensão física e população. É o critério que mais pesa nas decisões tomadas pelo poder central em relação à Amazônia. Os estrategistas de Brasília acham que a dispersão demográfica é um elemento de fragilidade da região diante da cobiça internacional que provoca.


Pouca gente espalhada por um espaço tão grande também dificultaria o aproveitamento das riquezas naturais da Amazônia e sua integração econômica ao país, expondo-a ao risco de interesses externos e a uma eventual usurpação por potência mundial, como os Estados Unidos. Seria necessário encurtar o espaço e adensar a presença do pioneiro nacional (o colono e o colonizador) para garantir a soberania e a segurança nacional.


Este seria o principal fundamento para dividir o Pará. Seu atual território passaria a abrigar mais dois Estados: Tapajós, a oeste, e Carajás, ao sul. O Pará remanescente seria o menor territorialmente dentre os três, porém o maior em população. O novo Pará cairia da 2ª para a 12ª posição no ranking nacional por extensão, ficando quase do mesmo tamanho de Roraima e Rondônia, na própria Amazônia, e de São Paulo, a mais habitada das unidades federativas brasileiras, no conjunto nacional. A queda seria menos acentuada do ponto de vista demográfico: sairia do 9º para o 12º lugar entre os Estados mais populosos.


O possível Estado do Tapajós, com 722 mil km2, seria o 3º maior do Brasil (superado apenas pelo Amazonas, com 1,5 milhão de km2, e Mato Grosso, com 903 mil, mas estaria no rabo da fila demográfica: teria mais habitantes apenas do que Acre, Amapá e Roraima, todos na Amazônia mesmo (os dois últimos transformados em Estados pela constituição de 1988). Já Carajás, com 285 mil km2, seria o 8º maior do país em extensão e estaria apenas uma posição acima do Tapajós em população.


Mas não é só – nem principalmente – esse conjunto de grandezas que estará em jogo no plebiscito. O território que pode vir a abrigar esses três eventuais Estados é o maior exportador mundial de minério de ferro, o maior produtor de alumina , o 3º maior produtor internacional de bauxita, significativo produtor de caulim (o de melhor qualidade do mercado para papéis especiais) de alumínio, e possui crescente participação em cobre e níquel. Ainda tem florestas e espaço territorial para ser um grande produtor agropecuário e madeireiro, à custa de continuar a ser líder em desmatamento.


Só a pauta de exportação mineral é mais diversificada do que a da África do Sul, cuja atividade econômica é muito mais antiga do que a do Pará. Sem falar em várias outras riquezas naturais, reais ou potenciais, que fazem dessa parte do Brasil uma fonte de commodities para o mundo, que, na crise atual, verá a Amazônia como fronteira ao seu alcance.


Com a exploração desses recursos, o Pará se tornou o 5º maior produtor de energia (e o 3º maior exportador de energia bruta) do Brasil, o 2º maior minerador nacional, o 5º maior exportador geral e o 2º que mais divisas fornece para o país. De cada 10 dólares recolhidos pelo Banco Central, 70 centavos são provenientes do Pará. Em compensação, ele é o 16º em desenvolvimento humano e o 21º em PIB/per capita (a riqueza dividida pela população). Está do lado do 3º Brasil, o mais pobre, na companhia de seis Estados nordestinos


A nova configuração física dessa vasta área de 1,2 milhão de km2 vai mudar esse paradoxo, que submete o Estado, por decisão tomada de fora para dentro, e de cima para baixo, a um processo de desenvolvimento semelhante ao do rabo de cavalo: quanto mais cresce, mas vai para baixo?


Com base nessa realidade, é impossível não concluir que o Pará segue um modelo colonial. Não sendo o detentor do poder decisório, a utilização das suas riquezas beneficia mais a quem compra do que a quem produz. Os efeitos multiplicadores ocorrem fora do seu território, assuma ele sua configuração atual ou venha a ser retalhado em mais duas partes. Essa modificação não atingirá o processo decisório.


Se realmente o Brasil considera a Amazônia a sua grande fronteira, a ser utilizada para poder crescer mais e com maior rapidez, o debate sobre a redivisão do Pará devia ser item importante da agenda nacional. O jurista paulista Dalmo de Abreu Dallari, com o endosso do senador – também paulista – Eduardo Suplicy, interpelou o TSE para que o plebiscito, ao invés de ser realizado apenas junto à população do Pará, se estenda a todo país.


O pedido não tem fundamento legal. A constituição, ao determinar a consulta específica à “população diretamente interessada”, eliminou a audiência generalizada. Do contrário, não precisaria fazer a restrição. Mas se não pode votar no plebiscito, o brasileiro pode – e deve – se manifestar sobre a causa. Pela primeira vez, se o Brasil mudar de feição, terá sido pelo voto do cidadão e não por ordem de Brasília. É uma responsabilidade e tanto.


Os políticos, aos quais o TSE conferiu a exclusividade de iniciativa na organização das frentes que vão tentar influir sobre o eleitor no plebiscito, já se mostraram aquém dessa responsabilidade. Foi através do voto dos líderes de partido, coagidos pela contingência da votação de matérias urgentes pendentes na pauta do Congresso Nacional, e não através de discussão e votação em plenário, que o plebiscito foi decidido. Decisão grave demais para ficar restrita a esse ambiente fechado – e, frequentemente, viciado.

A REDE CEGONHA NÃO POUSA NO PARÁ

POR CELSO ARNALDO ARAÚJO


Raimundo Cícero e Vanessa do Socorro pagaram muito caro – duas vidas perdidas antes do primeiro choro, duas outras vidas devastadas pelo choro que será eterno. Só porque não tiveram a iniciativa de recorrer à cegonha reinventada por Dilma nos laboratórios do Brasil Maravilha, em vez de baterem à porta da Santa Casa de Misericórdia do Belém do Pará, na madrugada de ontem.
Grávida de gêmeos e portadora de lúpus, uma complexa doença autoimune, Vanessa fazia questão de seguir à risca a rigorosa rotina de controle da gestação recomendada pelos médicos da própria Santa Casa, onde fazia seu pré-natal. Era uma gravidez de duplo risco: pela moléstia de base e pela gemelaridade.
O casal estava ciente de que os bebês poderiam nascer antes da hora – e a faixa de maior risco era justamente por volta das 32 semanas atuais. Vanessa estava bem e, dadas as circunstâncias, os gêmeos até que se desenvolviam a contento, a esta altura talvez já fossem viáveis com um atendimento adequado – nos últimos anos, a neonatologia fez progressos notáveis em relação a prematuros, se o pré-natal é bem feito e o parto é seguido de cuidados intensivos.
Às 2 horas daquela madrugada, as primeiras pontadas — que às 3 haviam se tornado menos espaçadas e mais violentas. Podia ser a hora. Mas, mesmo se não fosse, Vanessa precisaria do socorro que seu nome chamava. Às 3 e pouco, Raimundo amparou-a em direção ao ponto de ônibus. Do distrito de Outeiro, periferia de Belém, ao centro da capital, foi uma hora e meia de terra batida, na melhor das hipóteses. É possível – sim, é possível – que a viagem tenha agravado as condições da gestação e aumentado o risco dos gêmeos.
Mas, da mesma maneira que entrada de pronto-socorro é o lugar mais perigoso do Brasil para marginais que se confrontam com a polícia – porque quase todos morrem, nos boletins de ocorrência, ao “darem entrada no pronto-socorro” – a entrada da Santa Casa de Misericórdia de Belém do Pará seria o lugar mais perigoso da face da Terra para os gêmeos de Vanessa e Raimundo. Estava amanhecendo em Belém – mas eles nunca veriam seus primeiros raios de luz.


“TUDO LOTADO”


À porta do hospital, o desespero do casal, ele em prantos, ela em dores, não convenceu o porteiro. Não podia deixar mais ninguém entrar porque estava “tudo lotado”, ordem dos médicos. Foi lá dentro confirmar e voltou com a mesma resposta: porteira fechada. Raimundo e Vanessa tinham ido em busca de uma “boa hora” para seus bebês. Era, porém, uma má hora para a Santa Casa. Quando uma maternidade de alto risco, de qualquer lugar do mundo, nega atendimento a uma paciente sua em trabalho de parto de gêmeos, há algo de profundamente errado – profundamente doentio.
O casal se dirigiu então, provavelmente de ônibus, ao Gaspar Viana, hospital da rede pública de Belém, em outro bairro da capital. Na porta, ouviu a mesma explicação dos guardiões da saúde. Não há vagas. E agora, Raimundo? A incerteza e a desesperança consumiram mais uma hora e meia da vida dos gêmeos – foi o tempo que o casal ficou na calçada, atônito. Mas o quadro de Vanessa se agravou, o serviço de resgate dos bombeiros foi acionado. Ciente do impasse, os soldados assumiram uma questão de honra: voltar à Santa Casa com a gestante — para isso, requisitaram uma viatura-ambulância. Parecia óbvio: na Santa Casa, Vanessa já tinha ficha com seu histórico médico, a lotação seria apenas um detalhe a ser superado, de qualquer jeito, numa circunstância tão dramática.
No interior da ambulância, e em frente à Santa Casa, enquanto os bombeiros intercediam pelo atendimento emergencial, a bolsa de água estourou. Um dos bebês nasceu – morto. Mas havia o segundo. Sob a pressão dos bombeiros, a equipe de plantão enfim permitiu a entrada de Vanessa – mas também não conseguiu salvar o irmão gêmeo do primogênito natimorto. Raimundo, auxiliar de cozinha, aos prantos: “Meus filhos morreram do lado de fora do hospital por falta de atendimento. Bateram a porta na nossa cara. Depois que meu filho morreu, fiquei desesperado e entrei. Tinha 15 médicos lá dentro”.
Um desses médicos, a obstetra Cynthia Lins, recebeu voz de prisão de um dos indignados bombeiros. Depois de prestar depoimento, foi solta. Na saída, com o cinismo próprio de funcionários públicos com estabilidade, negou ter havido a omissão que os fatos gritantes demonstram, sem necessidade do “rigoroso inquérito” de praxe. Os bebês podem até ter chegado mortos ao hospital da primeira vez — mas só um obstetra poderia atestar isso. E só um médico teria chance de salvá-los, se houvesse essa chance. A omissão de socorro é sempre potencialmente fatal, em princípio e por princípio.
Mas não foi omissão, repete a médica, foi excesso de gente: “Superlotação que nós se encontramos no momento”, afirmou ela ao Jornal Nacional, com uma gramática que nos soa familiar, quando comparada a uma declaração ouvida semana passada, durante a inauguração de uma unidade de saúde no interior do Ceará, naquele estilo já inconfundível:
“A Rede Cegonha é um tratamento da mãe antes do parto, durante a gravidez, no parto e depois no pós-parto, o tratamento da mãe e da criança. Em todas as fases, a gente olha duas pessoas que são essenciais para a saúde do povo brasileiro: a mãe a criança”.
Raimundo e Vanessa não devem ter escutado o discurso presidencial. Se tivessem ouvido, e conseguissem atravessar essa sequência de ideias tão tortuosa, achariam que a dona Cegonha que presta serviços ao Brasil Maravilha – ao contrário dos maus médicos de Belém, já afastados pelo governador Simão Jatene, e, de resto, do tenebroso serviço de saúde pública do Brasil Real — olharia com todo carinho para as duas pessoas mais essenciais da vida de Raimundo e Vanessa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

UTILIDADE PUBLICA

ANOTE E ARQUIVE.
01. Quando for comprar qualquer coisa não deixe de consultar o site Gastarpouco.
www.gastarpouco.com

02. Serviço dos cartórios de todo o Brasil, que permite solicitar documentos via internet:
www.cartorio24horas.com.br/index.php
d
03. Site de procura e reserva de hotéis em todo o Brasil,por cidade, por faixa de preços, reservas etc.:
www.hotelinsite.com.br

04. Site que permite encontrar o transporte terrestre entre duas cidades, a transportadora, preços e horários:
https://appweb.antt.gov.br/transp/secao_duas_localidades.asp '

05. Encontre a Legislação Federal e Estadual por assunto ou por número, além de súmulas dos STF, STJ e TST:
www.soleis.adv.br

06. Tenha a telinha do aeroporto de sua cidade em sua casa,chegadas e partidas:
www.infraero.gov.br/pls/sivnet/voo_top3v.inip_cd_aeroporto_ini= 07. Encontre a melhor operadora para utilizar em suas chamadas telefônicas:
http://sistemas.anatel.gov.br/sipt/Atualizacao/Importanteaspp '

08. Encontre a melhor rota entre dois locais em uma mesma cidade ou entre duas cidades, sua distância, além de localizar a rua de sua cidade:
www.mapafacil.com.br

09. Encontre o mapa da rua das cidades, além de localizar cidades:
http://mapas.terra.com.br/Callejero/home.asp

10 Confira as condições das estradas do Brasil, além da distância entre as cidades:
www.dnit.gov.br

11 . Caso tenha seu veiculo furtado, antes mesmo de registrar ocorrência na polícia, informe neste site o furto.O comunicado às viaturas da DPRF é imediato:
www..dprf.gov.br/ver.cfmlink==form_alerta

12. Tenha o catálogo telefônico do Brasil inteiro em sua casa. Procure o telefone daquele amigo que estudou contigo no colégio:
www.102web.com.br

13. Confira os melhores cruzeiros,datas, duração,preços, roteiros, etc.:
www.bestpricecruises.com/default.asp

14.. Vacina anti-câncer (pele e rins). OBS: ESTA VACINA DEVE SER SOLICITADA PELO MÉDICO ONCOLOGISTA:
www.vacinacontraocancer.com.br/hybricell/home.html

15. Indexador de imagens do Google - captura tudo que é foto e filme de dentro de seu computador e os agrupa, como você desejar:
www.picasa.com

16. Semelhante ao Internet Explorer , porem muito mais rápido e eficiente, e lhe permite adicionar os botões que desejar, ou seja, manipulado como você o desejar:
www.mozilla.org.br/firefox

17. Site de procura, semelhante ao GOOGLE:
www.gurunet.com

18. Site que lhe dá as horas em qualquer lugar do mundo:
www.timeticker.com/main.htm

19. Site que lhe permite fazer pesquisas dentro de livros:
www.a9.com

20. Site que lhe diz tudo do Brasil desde o descobrimento por Cabral:
www.historiadobrasil.com.br

21. Site que o ajuda a conjugar verbos em 102 Idiomas:
www.verbix.com

22. Site de conversão de Unidades:
www.webcalc.com.br/conversões/area.html

23. Site para envio de e-mails pesados, acima de 50Mb:
www.dropload.com

24. Site para envio de e-mails pesados, sem limite de capacidade:
www.sendthisfile.com

25. Site que calcula qualquer correção desde 1940 até hoje, informando todos os índices disponíveis no mercado financeiro.. Grátis para Pessoa Física:
www.debit.com.br

26. Site que lhe permite falar e ver pela internet com outros computadores,ou LHE PERMITE FALAR DE SEU COMPUTADOR COM TELEFONES FIXOS E CELULARES EM QUALQUER LUGAR DO MUNDO GRÁTIS -De computador para computador, voz + imagem. De computador para telefone fixo ou celular:
www.skype.com

27 . Site que lhe permite ler jornais e revistas de todo o mundo.
www.indkx.com/index.htm

28 .. Site de câmaras virtuais, funcionando 24 hs por dia ao redor do mundo:
www.earthcam.com

terça-feira, 23 de agosto de 2011

NÃO FUI EU QUE SAI DO PT, FOI O PT QUE SAIU DE MIM !!!

Não fui eu que saí do PT, foi o PT que saiu de mim. - Parte IV
A eleição de 2006, para presidência da República reelegeu Lula. Como isso acontece? Mesmo depois da grave crise de 2005 (mensalão)? Ocorreu o improvável, a popularidade de Lula e do PT subiu em 2006. A recuperação de Lula e do PT foi devida a certas políticas públicas com grande impacto social: o bolsa família, o crédito consignado, o aumento do salário mínimo acima da inflação, a diminuição dos impostos da cesta básica, o aumento do emprego formal e informal, a retomada do desenvolvimento econômico, ou seja, o governo fez políticas públicas de massa e possibilitou no primeiro governo Lula a redução da miséria em 19.18%. As baixas e intermediarias classes da sociedade viram em Lula, um líder de sucesso, e reconheceram no seu governo ganhos simbólicos.


No Pará, a senadora Ana Júlia foi candidata ao governo do estado, como se deu a sua eleição já falamos neste blog. Ela não era a candidata do PT, fez-se necessário toda uma articulação para a substituição do nome de Mário Cardoso, pelo da Ana Júlia, já eleita senadora. Gostaria de lembrar aqui, que só três pessoas defendiam sua candidatura ao governo, Eu, Joana Pessoa e Charles Alcântara. Marcilio, Maurílio, Botelho e ela mesma eram contra. A campanha foi dura, sem dinheiro, na militância, no esforço, fiz parte da coordenação de campanha, estava na casa de Ana Julia, quando ela formou o governo, participei da formulação do programa de governo, que era coordenado pelo Guedes. Depois da campanha ganha muita gente apareceu.


Na reeleição em 2010, o PT perdeu a eleição em muitas cidades onde era governo, das 28 prefeituras administradas pelo PT no fim de 2010, ganhou apenas em 10. De toda a minha experiência no PT, posso dizer que: O PT NÃO TEM UM PROJETO PARA O PARÁ.


O PT não disse nada sobre o código florestal, a bancada votou dividida, não disse nada em relação ao novo código mineral, nada em relação a Lei Kandir e tem uma relação muito ambígua com a Vale do Rio Doce. O PT do Pará nada disse em relação a Belo Monte e nada vai dizer em relação as 19 hidroeletricas que o governo federal pretende implantar na região do Xingu, o PT do Pará nada diz em relação a política do Bio combustível na Amazônia e sua relação com a agricultura Familiar, o PT não sabe o que siginifica um novo modelo de desenvolvimento na Amazônia, que quebra a relação mino-metalurgica implantada nestes anos todos no estado, o PT nada tem a dizer sobre a política do ensino médio e técnico para a Amazônia e não tem uma política energética para o estado. O PT do Pará não é reconhecido a nível nacional como um formulador, nos dois governo Lula e agora no governo Dilma, o PT do Pará não conseguiu implantar um Ministro.




O governo Ana Júlia foi desastroso. Relembrando:
fez uma mini reforma do estado e não planejou a arrecadação para cobrir a máquina do estado, mas criou secretarias que se sobrepunham em suas áreas de atuação;
A governadora não teve controle orçamentário e financeiro do seu governo;
Perdeu muitos recursos federais que foram devolvidos, na área da educação, na saúde, no transporte;
Não implantou uma política de integração regional séria e consistente;
Não cumpriu com o PTP - só 20% das demandas haviam sido atendidas até abril de 2009;
Não fez uma política de gestão transparente, o seu portal da transparência, a maior parte do tempo ficou inoperante;
Não soube dialogar e construir uma política de aliança séria, pautada no respeito;
Principalmente, não combateu a corrupção. SEU GOVERNO FOI PONTEADO DE DENUNCIAS NO MINISTÉRIO PUBLICO. Denuncias dos kits escolares, na SEMA, na SEDUC, na SESPA, no SETRANS, no DETRAN, etc...
Há varias denuncias de corrupção envolvendo petistas e parlamentares eleitos, e que respondem em segredo de justiça;
Tenho conhecimento de atos ocorridos em relação às licitações das escolas técnicas com recursos do governo federal e que até hoje as obras não foram entregues. Ou seja, avalio que o PT no Pará, não tem um programa para o estado e que suas lideranças estão profundamentes desgatasdas.


No PT, é como se um ciclo tenha se fechado, e vai se passar muito tempo ainda para que o PT no Pará se recicle e se renove. Mas nada, no meu entendimento, aponta para essa mudança. A prova mais cabal disto é o balanço do governo Ana Júlia, e que as teses apresentadas, no PT, no Encontro do Diretório Estadual em 2010 e do Encontro Municipal em maio de 2011, foram proibidas de circular no interior do partido, além de serem recolhidas. Era a morte do debate, era a morte da vida, de um partido que se fecha, que aposta no uso da máquina governamental para captar recursos e votos.


Hoje a cassação, pela primeira vez, de um deputado estadual do PT, é um profundo desgaste para a imagem publica do partido, como foi o desgaste da não aprovação das contas da ex-governadora no empréstimo do 366. Hoje, não se pode bater no peito, como se fazia nos anos 80 e dizer que no PT não tem corrupto. Hoje uma grande parte da sociedade aposta no viés de políticas municipalistas desenvolvidas no governo federal. O PT não faz mais a diferença no campo da ética.


NÃO QUERO MAIS FAZER PARTE DESTA AGREMIAÇÃO QUE TOMOU GRANDE PARTE DE MINHA VIDA E DA MINHA JUVENTUDE. NÃO ESTOU CUSPINDO NO PRATO QUE COMI, QUANDO COMI, COMIA EM PRATO JUNTO COM VÁRIOS COMPANHEIROS, COMIA EM PRATO QUE ERA SERVIDO COM ÉTICA E VALORES MORAIS, QUE TINHA A DEFESA DOS VALORES SOCIAIS E DA COISA PUBLICA.


SE NÃO COMEMOS NO MESMO PRATO HOJE, NÃO SOU EU QUE CUSPI MINHA HISTÓRIA. NO MEU PRATO CONTINUO COMENDO DOS BONS VALORES DA MINHA FORMAÇÃO DE MILITANTE POLÍTICO DE ESQUERDA. FORJADA NA LUTA CONTRA A DITADURA E QUE NUNCA VIU SEU NOME ENVOLVIDO EM FALCATRUAS E CORRUPÇÃO.


"NÃO FUI EU QUE SAI DO PT, FOI O PT QUE SAIU DE MIM !!!"
Postado por Edilza Joana Oliveira Fontes às 14:14

Fim do Lixo sem dono.

O Senado aprovou a lei que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos,PNRS encerrando uma novela que durou 21 anos no Legislativo. Trata-se de um marco histórico na área ambiental, capaz de mudar em curto tempo a maneira como poder público, empresas e consumidores lidam com a questão do lixo. Entre as novidades, a nova lei obriga a logística reversa -- o retorno de embalagens e outros materiais à produção industrial após consumo e descarte pela população.

As regras seguem o princípio de responsabilidade compartilhada entre os diferentes elos dessa cadeia, desde as fábricas até o destino final. Os municípios, por exemplo, ganham obrigações no sentido de banir lixões e implantar sistemas para a coleta de materiais recicláveis nas residências. Hoje, apenas 7% das prefeituras prestam o serviço.

“A lei consagra no Brasil o viés social da reciclagem, ao reforçar o papel das cooperativas de catadores como agentes da gestão do lixo, com acesso a apoio financeiro, podendo também fazer a coleta seletiva nos domicílios”, destaca Victor Bicca, presidente do Cempre - Compromisso Empresarial para Reciclagem. Existem no país cerca de 1 milhão de catadores, em sua maioria autônomos, que trabalham em condições precárias e sob exploração de atravessadores.

Empresas que já adotam práticas em favor da reciclagem, dentro do conceito de sustentabilidade, terão maior campo para expansão. “A partir de regras claras”, diz Bicca, “a reciclagem finalmente avançará no país, sem os entraves que a inibiam, apesar dos avanços na última década por conta do dilema ambiental”. E ele acrescenta: “Sem um marco regulatório nacional, a gestão do lixo estava ao sabor de leis estaduais que variam de região para região e, em alguns casos, impõem taxação e metas para a recuperação de embalagens após o consumo”. O empresário lembra que, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o país perde R$ 8 bilhões por ano ao enterrar o lixo reciclável, sem contar os prejuízos ambientais.

“O atraso da lei gerou danos ambientais significativos, a exemplo da multiplicação de lixões, que neste ano resultou em mortes nas encostas de Niterói durante as chuvas de verão, além do despejo de resíduos em cursos de água”, afirma o deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), responsável pela versão final do projeto na Câmara dos Deputados, onde recebeu mais de cem emendas. “Não foi um tempo jogado fora, porque nesse período a consciência da sociedade despertou para o problema e conseguimos maior convergência de posições”, ressalva o deputado.

Desde fevereiro, a lei aguardava votação no Senado, com apoio do governo federal, consenso entre diferentes setores envolvidos no debate e acordo de lideranças partidárias para acelerar o processo. Nesta quarta-feira, em sessão conjunta das comissões de Cidadania e Justiça, Assuntos Sociais, Assuntos Econômicos e Meio Ambiente, o projeto recebeu os últimos ajustes e foi levado ao Plenário, contendo 58 artigos em 43 páginas. Foi aprovada pouco depois das 21h.

Após a assinatura da Presidente da República, a lei voltará ao Legislativo para a regulamentação, definindo itens ainda pendentes, como incentivos financeiros e regras específicas para a logística reversa, que serão estipuladas mediante acordos entre os setores industriais.

Pela lei recém-aprovada, a logística reversa começará pelas embalagens de agrotóxicos, pilhas e baterias, pneus, óleos lubrificantes, lâmpadas e produtos eletroeletrônicos e seus componentes, como computadores, telefones celulares e cartuchos de impressão.

A lei proíbe a importação de qualquer tipo de lixo. Também não será permitido catar lixo, criar animais ou morar em aterros sanitários. “O novo modelo muda o enfoque atual da gestão de resíduos, baseado unicamente na geração, coleta e disposição final do lixo”, explica Carlos Silva Filho, diretor executivo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais - Abrelpe. “Agora a preocupação é mais abrangente, envolvendo desde a redução dos resíduos com práticas de consumo consciente até a otimização da coleta e novas modalidades, como o uso do lixo para gerar energia, ficando o despejo, em aterros sanitários, como última alternativa”. Carlos Silva lembra que “agora é preciso resolver como cobrir o custo da implantação desses processos, mediante novos sistemas de remuneração”.


O consumidor, com a separação dos materiais na origem, é chave nesse processo. Ele está suficientemente conscientizado para mudar hábitos e se engajar nesse trabalho?
É preciso fazer a nossa parte nas residências, separando o lixo seco (plásticos, papéis, latas, vidros etc) dos úmidos (restos de alimento e sujeiras de matéria orgânica em geral). Faremos campanhas de massa. Os consumidores passarão a ser incentivados para essa prática, com campanhas de educação e serviços mais eficientes de coleta dos materiais nas residências. Nos últimos dez anos, melhoraram muito tanto o nível de conscientização como a qualidade da coleta nos domicílios, onde os materiais são separados na fonte.

Entre suas principais características, a lei reforça o papel das cooperativas de catadores. Elas estão capacitadas para absorver o aumento da quantidade de lixo reciclável? Hoje apenas uma ínfima parte do lixo reciclável é processado nas cooperativas.
Entre os catadores, há iniciativas de diversos padrões, desde pequenos núcleos que operam sem condições de segurança ou higiene até grandes cooperativas com gestão de negócios, maquinário, veículos e controle da produção. No geral, as cooperativas precisam ser capacitadas para esse importante papel, definido pela lei. Elas poderão, inclusive, ser contratadas pelo poder público para fazer a coleta nas residências. Não faltará lixo reciclável para outras iniciativas de separação e processamento, tanto de cunho social, como empresarial.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

POR QUE NÃO REAGIMOS?

Entre outras reflexões vamos ler esta:


FERNANDO DE BARROS E SILVA


Por que não reagimos?


SÃO PAULO - Por que os brasileiros não reagem à corrupção? Por que a indignação resulta apenas numa uma carta enviada à Redação ou numa coluna de jornal? Por que ela não se transforma em revolta, não mobiliza as pessoas, não toma as ruas? Por que tudo, no Brasil, termina em Carnaval ou em resmungo?
A pergunta inicial não foi feita por um brasileiro -o que é sintomático. Foi Juan Arias, correspondente do jornal "El País" no Brasil, quem a formulou num artigo recente.


“Es que los brasileños no saben reaccionar frente a la hipocresía y falta de ética de muchos de los que les gobiernan?". Y entonces???


Não existe resposta simples aqui. Em primeiro lugar, a vida de milhões de brasileiros melhorou nos últimos anos, mesmo sob intensa corrupção, e apesar dela. Ninguém que leve o materialismo a sério pode desconsiderar esse dado básico.
Além disso, o PT, na prática, estatizou os movimentos sociais. Da UNE ao MST, passando pelas centrais sindicais, todos recebem dinheiro do governo. Foram aliciados. São entusiastas e sócios do poder, coniventes com os desmandos porque têm interesses a preservar, como o PR de Valdemar e Pagot.
Há ainda um terceiro aspecto, menos óbvio, que leva muita gente progressista a se encolher diante da corrupção. É a ideia introjetada de que qualquer movimento político ou mobilização contra a bandalha acaba sendo uma reedição do espírito udenista, coisa da direita ou que serve a seus propósitos. O lulismo soube explorar esse enredo, como se estivesse em jogo no mensalão uma disputa entre Vargas (o pai dos pobres nacionalista) e Lacerda (o moralista a serviço das elites).
Lula nunca moveu uma palha para mudar o sistema político podre que o beneficiou. Com a corrupção sob seu nariz, preferiu posar de vítima da imprensa golpista. Enquanto isso, seus aliados, no PT ou à direita, golpeavam os cofres da Viúva, exatamente como sempre neste país. Está aí a gangue dos Transportes, na estrada há 10 anos.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

PT SAUDAÇÕES! AO PASSADO.


Cui bono? Em benefício de quem? Essa era a pergunta que os antigos romanos costumavam fazer quando se deparavam com situações enrascadas ou decisões polêmicas dos seus cônsules e membros do Senado. Se a política no mundo contemporâneo se torna um exercício de fuga da verdade, a velha indagação romana reveste-se de grande atualidade. Quem se beneficia com os dribles à realidade?


Há quatro séculos Francis Bacon, o filósofo inglês, já apontava que os políticos são bons ilusionistas. Alguns tentam impedir que as pessoas os tomem como efetivamente se apresentam, outros multiplicam argumentos para provar que não são o que deles se pensa ou fingem ser o que não são. No palco da política, a simulação e a dissimulação tornam-se ferramentas indispensáveis para a grandeza do espetáculo e o aplauso das plateias. Por isso os atores se esmeram em artifícios para melhorar o desempenho no teatro político. Mas os artifícios, como arabescos carnavalescos, mudam de cor e de cenário, ao sabor de momentos e circunstâncias.


Veja-se, por exemplo, o artifício das prévias, que o Partido dos Trabalhadores (PT) incluiu em seu estatuto por enxergar nele alta taxa democrática. Prévias propiciam às bases escolher candidatos aos pleitos, ajustando posições, integrando vontades, respeitando maiorias, enfim, fornecendo oxigênio aos pulmões partidários. Se assim é, por que as prévias passaram, agora, a ser malvistas? Porque, respondem alguns, o PT precisa ter "maturidade política". O que vem a significar isso? Ou, em termos romanos, cui bono? A quem o enterro das prévias petistas beneficia?


A resposta é complexa. Embute a história de uma agremiação que não é aquela que diz ser e finge ser o que não é. O fim das prévias, decisão a ser tomada no 4.º Congresso do PT, em setembro, coroará o fechamento da era ideológica do partido. O argumento de que consulta prévia abre rachaduras na base reforça a tese de que a sigla, como todas as outras, adentra o espaço da competitividade política sob o império de uma nova ordem. Hoje a meta petista é aprofundar os pilares do partido no centro e nas margens do poder. Para tanto os fins justificam qualquer mudança na metodologia de conquista. Nesse caso, a verticalização de comando faz-se necessária para afastar dissidentes, grupos insatisfeitos e quadros que insistem em reviver a utopia socialista.


É oportuno lembrar que o PT é um partido de facções. Há, porém, um grupo majoritário que dá as cartas, define estratégias, estabelece rotinas e impõe o mando. Pois bem, essa nova disposição arquiva no baú da História a velha sigla formada, há três décadas, pela comunhão de interesses de sindicatos, ala progressista da Igreja Católica, intelectuais e quadros que militaram nas frentes contra a ditadura. Desse PT original só restam resquícios. Hoje os sindicatos são as pernas de centrais absorvidas pelo establishment. Já os parceiros religiosos se dispersaram. Ou perderam a crença. Militantes, por sua vez, esvaziaram os pulmões revolucionários, migraram para outras siglas, enquanto alguns foram indenizados e outros passaram a integrar as "milícias" do Estado como burocratas.


O velho PT é um retrato na parede.


A alteração da fisionomia, vale lembrar, começou antes da ascensão da sigla ao pódio central do poder, em 2002, com a primeira eleição de Lula. O pano de fundo descortina o cenário da despolitização e desideologização, com os traços marcantes da queda do Muro de Berlim, cujos efeitos se fazem notar em fenômenos como o arrefecimento da densidade ideológica da competição política, o abandono de intransigências doutrinárias e o refluxo do antagonismo de classes. Por estas plagas, as cores doutrinárias também se tornaram menos contrastantes, mais leves, por causa da expansão econômica, que aproximou identidades e provocou mudança de paradigmas. Os partidos substituíram o escopo ideológico por eficácia eleitoral, significando isso pragmatismo e prioridade à micropolítica (demandas setoriais de comunidades e localidades). Nossa democracia representativa ganhou o reforço da democracia supletiva, sendo esta fruto da pressão de grupos organizados e entidades intermediárias, polos de demandas grupais e comunitárias. A nova topografia política espalhou-se pelo território, siglas tradicionais perderam força e outras, menores, começaram a se mexer no palco. Com o ingresso de mais participantes o espectro político tornou-se multifacetado.


Sob essa arrumação e acomodação ideológica, faltava apenas o pulo do gato para o PT se conformar aomodus faciendi da política tupiniquim. O pulo do gato era o ingresso no paraíso, meta só alcançável se Luiz Inácio, ex-metalúrgico treinado na arte de conquistar as massas, realizasse a façanha de tomar assento principal naquele palácio cujas colunas seu criador, Oscar Niemeyer, dizia serem "leves como penas pousando no chão". Depois de três tentativas, lá ele se plantou por oito anos, tempo que aproveitou para fazer uma administração de sucesso, ganhar prestígio nacional e internacional e, sob o prisma partidário, prolongar o ciclo do PT no comando do país.


O xis da questão está decodificado. Qualquer disposição - norma, instrumento, meio, recurso - necessária para extensão do projeto de poder do PT deve ser aceita e internalizada por seus membros. Prévias, em determinada fase da vida petista, significavam algo bem diferente do que representam nestes tempos de conquista do "poder pelo poder". Hoje abrem fissuras, provocam disputas, geram dissensões. A meta de perpetuação no poder requer ordem unida. Que carece de concórdia nas bases.


Essa é a indeclinável nova maneira de ser do PT. Assentada com a argamassa do pragmatismo. Ancorada no acolhimento de todas as facções no seio da administração. Firmada com parceiros temporários. E com a visão grudada nas colunas do Palácio do Planalto.


Cui bono? Agora se sabe.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A matemática da vida em Fukushima



Publicado em 03/06/2011 - Marvio dos Anjos


Há no Japão um grupo de 200 aposentados, em sua maioria engenheiros, que se oferece para substituir trabalhadores mais jovens num perigoso trabalho: a manutenção da usina nuclear de Fukushima, que foi seriamente afetada pelo grande terremoto de três meses atrás. Os reparos envolvem altos níveis de radioatividade cancerígena.

Em entrevista à BBC, o voluntário Yasuteru Yamada, que tem 72 anos e negocia com o reticente governo japonês e a companhia, usa uma lógica tão simples quanto assombrosa.

"Em média, devo viver mais uns 15 anos. Já um câncer vindo da radiação levaria de 20 a 30 anos para surgir. Logo, nós que somos mais velhos temos menos risco de desenvolver câncer", afirma Yamada.

É arrepiante. Na contramão do individualismo atual - e lidando de uma maneira absolutamente realista em relação à vida e à morte -, sexagenários e septuagenários querem dar uma última contribuição: ser úteis em seus últimos anos e permitir que alguns jovens possam chegar às idades deles com saúde e disposição semelhantes.

O que mais impressiona em toda a história é a matemática da vida. A morte não é para eles um problema a ser solucionado - ou talvez corrigido, pela hipótese mística da vida eterna que medicina e biologia tentam encampar e da qual as revistas de boa saúde tentam nos convencer; a morte é, de fato, a constante da equação.

Nada que o mundo ocidental não conheça. O filósofo alemão Georg Friedrich Hegel (1770-1831) certa vez definiu "mestre" como alguém desapegado da vida a ponto de enfrentar a morte, enquanto "servo" seria um escravo do desejo de continuar vivo - e que obedeceria mais às regras que lhe garantissem a sobrevida. Em consequência, o servo anula sua vontade de transformar o mundo e a si mesmo.

Criados numa sociedade de consumo, corremos o risco de levar essa escravidão às últimas, defendendo a boa saúde e os confortos com muito mais afinco do que aquilo que podemos fazer por nós e pelos outros enquanto ainda gozamos dela.

Os senhores do Japão ensinam que a morte é a hora em que podemos continuar a existir na memória das pessoas - uma oportunidade que, para mim, eles não perdem mais.

sábado, 6 de agosto de 2011

Uma Mulher inteligente falando sobre os homens.

Por Fernanda Montenegro

O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.

Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem os Homens!'

Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

1. Habitat - Homem não pode ser mantido em cativeiro. Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.

2. Alimentação correta - Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã os mantém viçosos, felizes e realizados durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.

3. Carinho - Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor. Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.

4. Respeite a natureza - Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros? Case-se com uma Mulher. Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.

5. Não anule sua origem - O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apóie.

6. Cérebro masculino não é um mito - Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurônios a menos). Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade.
Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja desses, aprenda com eles e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens. Não faça sombra sobre ele... Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.

Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma.

E Minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!

Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom!

Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer
o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.

Com carinho,

Fernanda Montenegro.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

SEM MEDO DA LIBERDADE.

“Mostra-se incompatível com o pluralismo de idéias, que legitima a divergência de opiniões, a visão daqueles que pretendem negar, aos meios de comunicação social (e aos seus profissionais), o direito de buscar e de interpretar as informações, bem assim a prerrogativa de expender as críticas pertinentes.
Arbitrária, desse modo, e inconciliável com a proteção constitucional da informação, a repressão à crítica jornalística, pois o Estado – inclusive seus juízes e Tribunais – não dispõe de poder algum sobre a palavra, sobre as idéias e sobre as convicções manifestadas pelos profissionais da Imprensa.”


Do ministro Celso de Mello, do STF, o Supremo Tribunal Federal, em eloqüente defesa da liberdade de expressão ampla, geral e irrestrita.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A BREVE HISTÓRIA DE UMA MENINA BONITA

Luciane Trevejo

Publicado por Luiz Berto em ALÉM DO QUE SE LÊ -

Quando eu era pequena, tinha a pele era branquinha feito porcelana, as bochechas rosadas, olhos claros e cabelos loiros e lisos. Lembro-me de algumas bonecas, que não eram minhas filhas, mas sim, minhas eternas confidentes. Aliás, pensando bem, todas as minhas lembranças estão nessa fase : minha infância.

Diziam que me parecia com um anjinho, que eu era linda! Papai também pensava assim….Tinha um irmão mais velho, acho que se chamava Carlos. Mas não estou bem certa. Tudo me parece um tanto confuso agora. Ele era grande e forte, apesar de ter pouco mais que 12 anos. Só que nunca estava por perto quando precisei dele. Mamãe era uma mulher simples, de fala baixa, nunca se alterava, nunca discutia com papai, nunca discordava dele.

Morávamos numa casa simples, perto do Hospital de nossa pequena cidade. Eu via pessoas passarem em ambulâncias, sendo amparadas e socorridas e sentia inveja . Nunca fui amparada ou socorrida. A nossa vizinha, era cabeleireira, tinha duas filhas mais ou menos da minha idade , e as protegia como uma leoa. Um dia, ela percebeu algo estranho e foi falar com a mamãe.

Pensei que finalmente meu tormento teria fim, pois a mamãe agora me protegeria! Aquela vizinha contaria o que eu nunca tivera coragem de contar , e agora, tudo ficaria bem! Mamãe disse que eu era muito criativa, que aquilo era conversa de criança. Foi nesse dia que percebi que ela sempre soubera de tudo.

Aquilo doeu mais do que todas as noites que fui pega de surpresa, enquanto sonhava com carrosséis coloridos, algodão doce cor de rosa e ambulâncias a me socorrer. Ela sabia, e nunca fez nada para aquilo ter um fim.

A vizinha comunicou a polícia, mas mamãe negando, a gente sendo pobre e papai o bom provedor, ninguém questionou e tudo ficou como estava.

Um dia, estávamos reunidos para jantar, e eu disse quena natureza era perfeita: os passarinhos cuidam de seus filhotinhos até que eles possam se alimentar sozinhos, que os gatinhos também são protegidos pelas mães, assim como todos os outros animais. Papai respondeu que os potrinhos, quando nascem, recebem um chute das mães, que é pra aprenderem que a vida não é moleza.

Eu já sabia disso. A vida não era moleza e eu , definitivamente, não era passarinho, nem gatinho. Eu era potrinho.

Quando comecei a ir a escola, tudo ficou muito óbvio. As marcas roxas pelo meu corpo, meu pescoço, a dificuldade em me movimentar, em me sentar, aconteciam com tanta frequência, que todos da escola perceberam e, o sonho daquela ambulância vir me buscar, se tornou real.

Papai foi preso, mamãe chorou muito por ele. As lágrimas que por mim, nunca foram derramadas, vertiam constantemente agora. Seria eu a vilã de minha própria história? O pesadelo finalmente acabara, mas a realidade que seguiu foi muito pesada para a menininha que eu era. Quem me via brincando com minhas bonecas, não podia imaginar a profundidade de minhas dores.

Procurava um lugar pra me esconder. Cavava buracos profundos na terra vermelha do meu quintal, queria poder entrar ali e me esconder do mundo. Mas não sabia como me esconder de mim mesma. Fui crescendo e minha infância seguia a meu lado. Para todos, era apenas uma menininha de olhos claros e cabelos finos e loiros, brincando na terra.

Aos doze anos, me apresentaram um pozinho mágico, que fazia com que por algum tempo, eu me sentisse bem e livre. DepPDois vieram as injeções, e aos quatorze adoeci muito e o médico disse que eu tinha uma doença, e que teria que tomar muitos remédios para poder continuar viva.

Aos dezesseis, morri de overdose. Não pude ter meus filhos e protege-los do mundo e das pessoas más que por ventura pudessem surgir. Não tive infância, nem juventude. A vida , para mim, foi longa demais e o descanso demorou muito para enfim, surgir. Embora não pareça, meu fim foi um presente de Deus. O único que recebi durante minha longa existência.

Peço sempre a Deus que perdoe minha mãe, pois eu não fui capaz de perdoá-la.

Agora finalmente, descanso em paz.

"PEDOFILIA É CRIME. DENUNCIE!