sexta-feira, 31 de agosto de 2012

A catarse de Drummond

“No mar estava escrita uma cidade.”

Carlos Drummond de Andrade

A frase epigrafada acima está lapidada no banco onde está talhado Carlos Drummond de Andrade, no calçadão de Copacabana. Deixa bem clara a cumplicidade poética entre o mar e a princesinha, sob a tinta do nosso poeta maior. Existem cidades, mundo afora, que gostariam de ter as curvas anatômicas que o Rio de Janeiro perfila em suas montanhas, praias... garotas. Recentemente a própria UNESCO concedeu-lhe o merecido prêmio de patrimônio cultural da humanidade: foi a catarse drummondiana.

Em algumas cidades encantadoras, deparo-me com fartas questões: Paris é bela, mas não tem mar; Londres é bela, mas não tem mar; Praga é bela, mas não tem mar. Têm respectivamente no Sena, Tâmisa e Vltava, rios que as adornam com curvas sensuais, mas que servem apenas de alegoria ao homem, arquiteto de cidades. Há quem ache esses rios formosos. Não acho, eu. Tenho pra mim que são rios mortos, e não guardo boa relação com defuntos. Tenho em mim, mesmo, rios vivos onde fui criado me asseando e jogando anzol para ouvir a pulsação da água. Tanto é que moro defronte ao Guajará, que todo dia enxágua minha janela de sentimento e me banha em poesia.

Madrid é bela, mas não tem rio. Moscou se limita ao um córrego que chamam de rio; São Paulo nem se fala. Buenos Aires tem um porto totalmente descaracterizado da natureza, apesar de belo. Regozijo o Tejo, esse sim. O rio da aldeia de Fernando Pessoa corre na minha veia e desemboca no coração atlântico de todos nós. Talvez seja esse o motivo de permanecermos umbilicados a Lisboa.

Mas rio - que é rio mesmo - é o Amazonas, com todo respeito aos Nilo e São Francisco. No Amazonas conheço uma cidade, Macapá, mas que não teve arquiteto. Em que pese o descuido da população e dos governantes, a cidade olha para o Amazonas numa relação linear, a formar ângulo de 45 graus com o sol equinocial, 90 com a linha do equador, 180 com o rio-mar e 360 com a poesia. Isso basta. É relação visceral e estrondosa, em forma de pororoca, auscultada no pulmão dos artistas de suas ribeiras: “O nosso rio, esse ano, despencou no varjão. Onda quebrou, onda bateu, onda derrubou toda maromba. Engoliu a plantação”, vocifera Ruy Barata em "Macaréu". No fado plangente do mundo, Chico Buarque e Ruy Guerra declamam: “e o rio Amazonas, que corre trás-os-montes e numa pororoca deságua no Tejo”.

Mas falta a Macapá o marco que ensandeça as ribeiras desse rio, por isso, ulula nas minhas ideias um épico seqüestro: desarraigar aquele Drummond de Copacabana - com ou sem os óculos-, embarcar a peça num Ita e fincá-la ao pegado da Fortaleza de São José sem esquecer aquela poesia. Traria o poema numa algibeira e mudaria seu dizer, ao hibridizar com o jeito tucuju de cantarolar: “nesta cidade está escrito um rio de alma e cor brasileira”.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

ALUNO REPROVADO.



Carlos Newton
Foi uma aula de direito às avessas. Todo enrolado, sem saber o que dizer, fazendo pausas intermináveis, o ministro Dias Toffoli deu um voto destinado a ficar na História, mas às avessas, para que os alunos de Direito assistam diversas vezes e aprendam como não se deve proceder ao ocupar uma caderia na mais alta Corte de Justiça.
Toffoli, a ignorância envaidecida.
Ficou mal para ele e pior ainda para quem o conduziu até essa investidura. Sua nomeação para o Supremo mostra que, em seu permanente delírio de grandeza, Lula acabou perdendo a noção das coisas. Foi o primeiro operário a chegar à presidência da República de um país realmente importante, tornou-se uma importante personalidade mundial, mas o sucesso lhe subiu à cabeça, começou a fazer bobagens, uma após a outra.
Lula poderia ficar na História como um dos mais destacados líderes da Humanidade, mas não tem a humildade de um Nelson Mandela nem o brilho de um Martin Luther King. Suas tiradas acabam soando em falso e os erros cometidos vão se avolumando.
Dias Toffoli foi um dos maiores equívocos cometidos pelo então presidente, que sempre se orgulhou de jamais ter lido um só livro. Desprezando o sábio preceito constitucional que exige notório saber jurídico, Lula nomeou para o Supremo um advogado de poucos livros, que por duas vezes já tinha sido reprovado em concursos para juiz.
O resultado se viu no julgamento de segunda-feira. Todo atrapalhado, Toffoli não sabia quando estava lendo alguma citação ou falando por si próprio. O mau estar no plenário foi num crescendo. Os outros ministros já não aguentavam mais tamanha incompetência. Toffoli não se comportava como um magistrado, que necessariamente tem de examinar os argumentos de ambas as partes. Limitava-se a citar as razões dos advogados de defesa dos réus, sem abordar nenhuma das justificativas da Procuradoria Geral da República ou do Relator.
Ainda não satisfeito com essas demonstrações de inaptidão e de parcialidade, Dias Toffoli resolveu inovar. De repente, para justificar seu papel grotesco, proclamou que a defesa não precisa provar nada, quem tem de apresentar provas é a acusação. Fez essa afirmação absurda e olhou em volta, para os demais ministros, cheio de orgulho, como se tivesse descoberto a pólvora em versão jurídica.
Os demais ministros se entreolharam, estupefactos, e Luiz Fux não se conteve. Pediu a palavra e interpelou Toffoli, que repetiu a burrice, dizendo que não cabe à defesa apresentar provas, isso é problema da acusação.
Infelizmente, a TV não mostrou a risada de Fux, considerado um dos maiores especialistas em Processo Civil, um professor emérito e realmente de notório saber.
Até os contínuos do Supremo sabem que as provas devem ser apresentadas tanto pela defesa quanto pela acusação, mas na faculdade Toffoli não conseguiu aprender nem mesmo esta simples lição. É um rábula fantasiado de ministro, uma figura patética.

Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais, torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive..."


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Tomara que Marcos Valério conte o que sabe.

Do blog de Augusto Nunes

Não há esperança de salvação para Marcos Valério: condenado por corrupção ativa até por Ricardo Lewandowski, o diretor-executivo da quadrilha do mensalão já deve ter compreendido que foi escolhido para escalar o cadafalso com o apoio dos 11 juízes do Supremo Tribunal Federal. Para os brasileiros decentes, essa unanimidade seria a materialização de um sonho. Para os quadrilheiros e seus comparsas, tal goleada pode transformar-se na anunciação do pesadelo: e se o vigarista que se fantasiava de publicitário resolver abrir o bico?
Ele sabe muito mais do que descobriram a CPI dos Correios, a Polícia Federal, o Ministério Público e a imprensa. Tem mais segredos a revelar do que qualquer outro comparsa. Completou sete anos de mudez por acreditar que só o silêncio poderia livrá-lo da ruína financeira e da gaiola. Como segue desfrutando da vida de ricaço, pode-se deduzir que a primeira parte do acerto foi cumprida. A segunda começou a ser revogada no momento em que Lewandowski o condenou pelas bandidagens promovidas em parceria com Henrique Pizzolato.
A ruptura do acordo autorizará Marcos Valério a negociar em outras frentes a preservação do direito de ir e vir, sempre usando como moeda de troca informações de altíssima periculosidade. As revelações de Roberto Jefferson abalaram as fundações do governo Lula e puseram abaixo o templo das vestais que camuflava o bordel das messalinas do PT. O teor explosivo das histórias que Valério tem para contar é infinitamente maior.
Depois da primeira prisão preventiva, ele avisou mais de uma vez que, se fosse abandonado no barco a caminho do naufrágio, afundaria atirando ─ e tinha balas na agulha tanto para mensaleiros juramentados quanto para Lula. Na quarta-feira, com um recado em código, o advogado Marcelo Leonardo reiterou as ameaças do cliente: “Quero ver o que o tribunal vai decidir sobre os políticos”, disse Leonardo depois da condenação de Valério pelas maracutaias envolvendo o Banco do Brasil. O primeiro político foi inocentado no dia seguinte.
Tomara que Valério reaja ao risco do naufrágio solitário com o cumprimento da promessa. Tomara que conte tudo, do mensalão mineiro à roubalheira imensa descoberta em 2005. Tomara que não poupe nenhuma das figuras com as quais contracenou, de Eduardo Azeredo a José Dirceu, de Clésio Andrade a Lula. O tumor da corrupção impune assumiu dimensões tão perturbadoras que talvez só possa ser lancetado por um corrupto de grosso calibre. Alguém como Marcos Valério.

OS SETE PECADOS SOCIAIS.

Política sem princípios
Riqueza sem trabalho
Comércio sem moralidade
Ciência sem humanidade
Colaboração sem sacrifício
Prazer sem consciência
Conhecimento sem caráter
Mahatma Gandhi

 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

COMO VOU DECIDIR MEU VOTO?


Consultei os meus filhos sobre quais os critérios que eles irão adotar para decidir os seus votos nas próximas eleições.
Na mesma levada que eu os indaguei eles me reponderam com a pergunta: como o senhor vai decidir sobre o seu voto?
Diante da situação, bastante oportuna e atual listei os seguintes critérios:
I - Em quem não votar?
Em candidato que não conheço; 
 Em candidato de quem não tenho informações sobre sua atuação e propostas; 
 Em candidato de quem não possa cobrar no futuro.
II – Em quem votar? 
 Em candidato com propostas factíveis e que saiba do que está falando; 
 Em candidato que se propõe a agir em benefício da coletividade; 
 Em candidato que sabe que eu estou votando nele.
Pense nisso!!!
MB

ISTO É UMA ...VERGONHA!!!


Apesar de não gostar desse chavão, muito utilizado por um determinado apresentador de TV, penso que neste momento é a melhor forma de expressar minha indignação para a situação que se transformou a “GREVE” dos professores das universidades federais.
A situação agora é a seguinte: um determinado sindicato, ligado a uma determinada central sindical, comandada por um determinado partido, não concorda com a proposta que o governo federal apresentou para encerrar a greve. Governo esse que é comandado pelo mesmo determinado partido/sindicato/central que está a frente da greve dos professores.
O impasse está estabelecido pois a categoria não pode retornar a sala de aula pois qualquer movimento nesse sentido não será reconhecido como encerramento da greve. Com um agravante: os alunos, liderados por uma minoria barulhenta, em detrimento da grande massa silenciosa, a serviço de um determinado partido, está apoiando a decisão daquele determinado sindicato, que se vincula aquela determinada central única, que se vincula aquele determinado partido, que por sinal é o mesmo que empodera o governo federal. 
Enquanto isso, o Congresso Nacional, dirigido pelo mesmo partido que apoia a central sindical e a quem pertence a capacidade de legislar sobre greve no serviço público, nada vem fazendo pois não está se reunindo para deliberar sobre nada, nem mesmo sobre o que fazer em casos como esse.
Passa a impressão de que o Congresso pertence a outro mundo.
É ou não é uma vergonha????
Pense nisso na hora de decidir o seu voto.
MB



domingo, 26 de agosto de 2012

EU MESMO.



Preciso me lembrar a todo o momento que:
Sou eu mesmo o meu melhor auxiliar;
Sou eu mesmo o mais eficiente propagandista de meus ideais;
Sou eu mesmo a mais clara demonstração de meus princípios;
Sou eu mesmo a mensagem viva das noções que pretendo transmitir aos outros;
Sou eu mesmo o melhor exemplo de meus atos.

Não devo e nem posso esquecer igualmente que:
Sou eu mesmo o maior adversário de minhas propostas mais nobres;
Sou eu mesmo a completa e a incompleta negação do idealismo que estou a buscar;
Sou eu mesmo a nota discordante da sinfonia que pretendo executar;
Sou eu mesmo o arquiteto de minhas próprias aflições;
Sou eu mesmo o construtor e o destruidor de minhas oportunidades;
Sou eu mesmo que formulo meus objetivos e ao mesmo tempo interfiro na sua consecução.


Pense nisso!
MB 

sábado, 25 de agosto de 2012

NÃO ME JULGUES.



Alguém gosta de ser julgado? Porque julgamos a todos, a tudo e em todas as horas? Temos o direito de julgar a alguém? Temos o dever de julgar? É necessário fazer julgamentos?
O ato de julgar a alguém advém da necessidade de estabelecer parâmetros para os nossos próprios atos. Como se fosse necessário nos apoiar em alguma coisa. Advém de nossa pequenez por não termos condições de agir sempre de forma positiva. 
Ao julgar, nós nos expomos a agir de forma a ser aceito ou rejeitado.
Julgar é uma demonstração de nosso egoísmo, nosso egocentrismo, nosso posicionamento como dono da razão.
Não existe razão definitiva, assim como a verdade não é absoluta também não é única.
Tudo é passageiro, as transformações são constantes, a vida é dinâmica.
Entender o processo em curso é tão importante quanto aprender com as mudanças.
O que fui ontem não sei se serei hoje; o que sou hoje dificilmente serei amanhã.
Necessário se faz ter coragem para mudar, necessário se faz apreender para mudar para melhor; construir seu aprendizado e colocar em prática aquilo que aprendeu com os próprios erros e acertos.
Pense nisso e não me julgues ser o dono da verdade nem o ultimo  dos seres.
MB

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

SEM NEXO.


Merval Pereira, O Globo

Mesmo que formalmente tenha limitado seu voto aos réus acusados de “desvio do dinheiro público”, item inicial do relatório do ministro Joaquim Barbosa, o revisor Ricardo Lewandowski manteve seu esquema mental de separar os fatos, como se estes não tivessem conexão entre si.
Essa era sua intenção quando anunciou que leria o voto réu por réu, por ordem alfabética, negando assim liminarmente a tese da acusação de que os crimes eram conectados entre si e foram praticados por uma quadrilha que obedecia a um comando central e tinha objetivos políticos.
Só assim poderia, no mesmo voto, condenar o diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato e absolver o então presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha, acusados dos mesmos crimes.
Sintomaticamente, o ministro Lewandowski deixou passar sem nenhuma tentativa de explicação os R$ 50 mil que a mulher de Cunha apanhou na boca do caixa do Banco Rural em Brasília.
Embora não tenha tido a coragem de assumir a tese do caixa dois eleitoral, implicitamente Lewandowski a admitiu como explicação razoável para o fato de um publicitário ter dado dinheiro vivo ao presidente da Câmara, a pedido do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, verba supostamente gasta em pesquisas eleitorais.
É espantoso que um ministro do STF, que já presidiu o Tribunal Superior Eleitoral, trate com tanta ligeireza a corrupção eleitoral e seja incapaz de ligar dois mais dois.
Lewandowski em seu voto dá impressão de que é normal, uma simples coincidência, o fato de que o mesmo empresário, Marcos Valério, esteja nas pontas dos dois casos relatados, e um não tenha nada com o outro, embora tenham como centro o Partido dos Trabalhadores (PT).
Ora, se o próprio Lewandowski admitiu que Valério subornou o diretor do Banco do Brasil para desviar dinheiro público, como não ligar esse dinheiro desviado às verbas que Delúbio Soares passou a distribuir através das agências de publicidade de Valério, todas de uma maneira ou de outra contratadas por órgãos federais? Ainda mais havendo o antecedente de esquema semelhante adotado anteriormente na campanha eleitoral em Minas.
A atitude de Lewandowski, ontem, exigindo o direito à tréplica diante da decisão do relator de esclarecer os pontos falhos apontados pelo seu voto de revisão, traz de volta à cena pública sua deliberação de retardar o processo de votação, atendendo ao interesse dos réus, especialmente os petistas.
Não tem sentido que o Supremo fique paralisado enquanto o revisor assume uma posição de protagonista do processo, quando sua função é acessória, não principal.
O presidente Ayres Britto deixou bastante claro que o papel de orientador do processo é do relator, Joaquim Barbosa, que por isso tem direito de dar suas explicações antes que os demais ministros comecem a votar, na segunda-feira.
A mudança de critério de um dia para o outro é menos surpreendente do que seu voto inicial, que condenou Pizzolato, Valério e seus sócios, pois recoloca Lewandowski no caminho que ele mesmo traçou para si desde o início do julgamento: ser um contraponto ao voto do relator, que ele identifica como uma continuação do voto do procurador-geral da República.
Os comentários de que estaria agindo com firmeza contra a corrupção no Banco do Brasil para legitimar a absolvição que já tinha preparado para os integrantes do núcleo político do mensalão, especialmente o ex-ministro José Dirceu, confirmaram-se ontem, pois, com seu voto, o revisor já deixou pistas de que não considerará criminosos os saques na boca do caixa do Banco Rural por parte de políticos da base do governo.
Embora tenha se esforçado para demonstrar que estudou detalhadamente o processo, e tenha procurado afirmar que baseou seu voto “na realidade dos autos”, Lewandowski passou por cima de detalhes cruciais, como, por exemplo, o fato de que os saques no Rural eram escamoteados pela agência SMP&B como “pagamento de fornecedores”.
E também que a primeira reação de Cunha foi mentir quanto à ida de sua mulher ao banco, alegando que fora pagar uma fatura de TV a cabo. Sabia, portanto, da origem ilegal do dinheiro.
O caráter pessoal da contratação da agência IFT está demonstrado por reuniões, fora da Câmara, para organizar ações de campanhas eleitorais do PT, com a presença de Cunha.
O voto de ontem confirma as piores expectativas com relação ao trabalho do revisor do processo.

sábado, 18 de agosto de 2012

Ninguém gosta de ser avaliado!!!

Em recente conferência realizada sobre educação a empresários, em seminário promovido pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), em São Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique lembrou que, em seu governo, promoveu ações para aumentar o número de crianças na escola, mas hoje novos desafios estão colocados: aumentar a carga horária do aluno em sala de aula, valorizar o professor, cuidar da gestão da educação e fazer avaliações periódicas dos níveis de aprendizado. 

Durante a sua fala ele afirmou: “Ninguém gosta de ser avaliado – nem na eleição –, mas é algo importante.” Ele reclamou da oposição dos sindicatos de professores a esse método. “Os sindicatos passaram a ser peças de atraso. Eles não aceitam inovação.”

Para o ex-presidente, não faltam recursos para a educação, mas sim gestão. Ele disse que um eventual aumento do porcentual do PIB destinado para a área – em discussão no Congresso – seria um desperdício. “Nesse debate de aumentar de 5% para 10% o porcentual do PIB para educação, eu fico com as barbas de molho porque isso vai ser um desperdício de dinheiro brutal”, disse. Ele afirmou que, durante o governo do PT, o Ministério da Educação foi aparelhado por integrantes das diversas correntes do partido, o que prejudicou a eficiência do órgão. 

Carajás: lago ou minério?


Em 1967, um pequeno grupo de geólogos, contratados por aquela que era então a maior siderúrgica do mundo, a United States Steel, confirmou em pesquisa de campo: 500 quilômetros ao sul de Belém, a 900 quilômetros do litoral norte, em plena selva amazônica, havia a melhor jazida de minério de ferro do planeta.
Carajás era um paraíso. O minério mais usado pelo homem desde tempos imemoriais aflorava no alto dos platôs cobertos por vegetação rasteira, em altitudes que chegavam a 600 metros. As encostas eram tomadas, em grande densidade, por árvores altas, que se espraiavam por todas as direções. Circundando as serras, dois rios portentosos – o Itacaiúnas e o Parauapebas – serpenteavam suas águas. A fauna era rica, exuberante. Aquele lugar merecia servir de imagem para o Éden.
Minério e natureza selvagem são termos acompanhantes – e também conflitantes, antitéticos. A extração de um é feita à custa da integridade da outra. Mas nunca esse choque foi tão forte quanto em Carajás.
Originalmente, esse enorme depósito de ferro devia ser levado para os Estados Unidos, como, em décadas anteriores, ocorrera com o manganês do Amapá, minério vital para a siderurgia. Mas quando a US Steel se retirou do empreendimento, em 1977, a estatal Companhia Vale do Rio Doce, que sucedeu a multinacional americana, desviou o rumo para o Oriente. A hematita do Pará atravessaria 20 mil quilômetros de mares e iria preferencialmente para o Japão, até então abastecido pela Austrália, que estava quatro vezes mais próxima.
Ao chegarem a Carajás, os japoneses se deslumbravam. Diga-se que não era apenas pelo fato de que o teor de hematita na rocha daquela região possuía o dobro da qualidade do similar australiano. Era também porque a rica paisagem contrastava com a aridez das zonas mineiras tradicionais. Ambiente igual não existia. Só em Carajás.
Em 2007 a Vale, privatizada 10 anos antes, comemorou o primeiro bilhão de toneladas produzidas em Carajás. Dava a média de 45 milhões de toneladas por ano. Nos primeiros anos após a inauguração da mina, em 1984, a produção não fora além de 25 milhões de toneladas, que era a meta do projeto. Nos anos imediatamente anteriores ao 1º bilhão, a produção foi de 90 milhões de toneladas.
Neste ano já devia passar para 130 milhões, mais de um terço de toda a produção da Vale, que é a segunda maior mineradora do mundo (depois da anglo-australiana BHP Billiton) e a maior vendedora de minério de ferro que circula pelos oceanos. Mas desde 2006 a produção não cresce, derrubando as metas quantitativas fixadas pela empresa.
Era porque a Vale não conseguia liberar seus novos projetos em Carajás. Só no final do mês passado, depois de 10 anos sem expedir qualquer documento para a companhia, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis aprovou o licenciamento ambiental para o funcionamento da quinta mina na parte norte da jazida.
O ato foi muito comemorado, mas dele não resultará qualquer modificação na escala da extração. Melhorará apenas a qualidade da mercadoria, já que a mina liberada contém minério de melhor teor do que o das minas já em exploração e algumas a caminho da exaustão.
Para a Vale, o mais importante é se essa aprovação indicar a tendência do Ibama de repetir o licenciamento, talvez ainda neste ano, de uma nova área de mineração, ao sul das minas que estão em atividade há quase 30 anos. A Serra Sul tem mais e melhor minério. Por isso proporcionará à Vale dobrar a atual produção. Mas também é uma paisagem ainda mais deslumbrante e rara.
No conjunto de serras do sul do distrito mineral há um belo e profundo lago perene. Talvez não haja um só igual em todas as zonas mineiras do planeta. Há várias cavernas, nas quais o homem viveu, a partir alguns milhares de anos atrás. São testemunhos arqueológicos valiosos. Um antigo gerente de Carajás quis dinamitar cavernas da Serra Norte, que abriram um novo capítulo para a reconstrução da presença humana na Amazônia. Foi contido.
Desde então, cavernas têm que permanecer intocadas em áreas de mineração. Se assim continuar, Serra Sul não poderá existir. Mas ela é um projeto de oito bilhões de dólares (10% desse total previstos para uso neste ano). Ao preço de hoje, permitiria à Vale faturar mais do que US$ 10 bilhões por ano, mandando 60% de toda a sua produção para a China.
São quantidades de causar impacto, como vem acontecendo em Carajás desde 2001, quando os chineses, que até então eram um cliente de pouca significação (compravam 5% do minério da Vale), começaram a avançar sobre as montanhas de minério rico. Suplantaram seus vizinhos japoneses e agora pesam nos destinos da Vale – e do Brasil – como, talvez, nenhum outro país em toda a história nacional.
Graças a isso, no ano passado o lucro líquido da Vale representou quase 10 vezes mais do que os US$ 3,3 bilhões pagos em 1997 ao governo pelo controle acionário da estatal, a jóia da coroa das privatizações realizadas a partir do governo Collor (e só na aparência interrompidas pela administração do PT, aparência desfeita de vez pela alienação de três aeroportos até então oficiais).
Quase metade dos US$ 30 bilhões de lucro de 2011 serão investidos pela Vale neste ano. O principal empreendimento é o de Serra Sul, que praticamente recomeça a história de Carajás e dá um salto (talvez mortal) nas transações com a China. Cavernas e lago terão vez nessa agenda de cifrões?
(Autoria:Lúcio Flávio Pinto - Publicação:"O Estado do Tapajós")

Continua a "greve" nas Universidades Federais.



A greve teve início no dia 17 de maio, com professores de 33 instituições federais de ensino superior. Além de 57 das 59 universidades federais, a greve paralisa os trabalhos em 34 de 38 institutos. Mesmo diante das recusas e sob protestos dos demais sindicatos, o governo encerrou as negociações e diz que enviará o novo orçamento ao Congresso Nacional até o fim de agosto. 
No início da greve, o ministro da educação, Aloizio Mercante, minimizou a paralisação e chegou a comparar os problemas de infraestrutura das federais às “dores do parto". Em vista do endurecimento do movimento, o governo federal decidiu negociar, e apresentou duas propostas à categoria.
Os docentes reivindicam reestruturação da carreira, com valorização da atividade acadêmica, baseando-se no tripé ensino, pesquisa e extensão. Em vez dos atuais 17 níveis de remuneração, pedem 13, com variação salarial de 5% entre eles e piso de 2.329,35 reais para 20 horas semanais de trabalho. Hoje, é de 1.597,92 reais. Além disso, querem dedicação exclusiva como regime preferencial de trabalho e pleiteiam carreira única para os professores federais - sem distinção entre magistério superior e magistério do ensino básico, técnico e tecnológico.

Outro ponto está relacionado a melhores condições de trabalho e infraestrutura. Eles criticam a processo de "precarização" vivido pelas universidades como consequência, principalmente, do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), criado pelo governo federal em 2007.

Muitas universidades expandiram o número de alunos sem que houvesse infraestrutura adequada. 
Os mais prejudicados pela situação são – é claro – os alunos. Eles não sofrem apenas com a greve, mas com o sucateamento das instalações de algumas instituições federais. 
(Matéria relacionada na revista VEJA de 18/08/2012)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A Petrobras e a oposição monocromática.



O senador Aécio Neves (PSDB-MG) publicou um retrato em preto e branco da Petrobras, debitando ao aparelhamento da petroleira as razões dos seus recentes insucessos.
Na visão do Senador Tucano a “mais importante empresa brasileira serviu tanto aos interesses do governo e de um partido” que praticamente "privatizou" a Petrobras, colocando em segundo plano os interesses da empresa e do Brasil.
Afirma o Senador que:
1.     “A Petrobras não cumpre metas de produção desde 2003 e, com isso, perdeu receita de R$ 50 bilhões. Os prejuízos com a importação de gasolina e diesel neste ano já somam R$ 2,9 bilhões, valor 239% superior ao do mesmo período de 2011 (R$ 648 milhões)”.
2.     “De quebra, os preços artificialmente baixos da gasolina vêm inviabilizando o etanol”.
3.     “O navio-petroleiro João Cândido voltou ao estaleiro Atlântico Sul por erros de projeto e entrou em operação com dois anos de atraso”.
4.     “A presidente da empresa, Graça Foster, parece estar disposta a enfrentar os malfeitos herdados pelo petismo do próprio petismo, em uma década de desapreço pela gestão profissional”.
5.     E finalmente, “Outro bom começo seria combater o aparelhamento a que a companhia vem sendo submetida”. “Uma empresa estratégica e complexa como a Petrobrás não pode funcionar como moeda de troca pelo apoio de partidos ao governismo”. “O maior desafio é, portanto, acabar com a PTbras e trazer de volta para os brasileiros a Petrobras”.
Esse posicionamento do Senador mineiro seria apenas um discurso “inaugural” para tentar recriar uma oposição “monocromática”? Seria um balão de ensaio para ver a reação do governo “enfrentar os malfeitos herdados pelo petismo”? Ou seria uma tentativa de instalar o processo sucessório?
A conferir...

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Súplica de Amor.


Tu, que nos convidaste para o banquete  
da Boa Nova, embora não

dispuséssemos da túnica nupcial, aceitamos a invitação, e aqui estamos.

Tu, que nos convidaste para trabalhar na Tua vinha, embora não tivéssemos

condições hábeis para o bom serviço, e assim mesmo nos aceitaste.

Tu, que nos foste buscar perdidos no abismo, depois que tresmalhamos do

Teu rebanho, e a ele retornamos.

Tu, sublime amigo dos desventurados, que nunca Te cansaste de chamar-nos

ao seio da Tua misericórdia, em nome de Deus, e sempre acompanhas o nosso sucesso

dominado pela compaixão, novamente abres os Teus braços, para que repousemos no

Teu regaço.

Jesus!



Temos sede de paz.

Anelamos pelo encontro com a saúde integral que somente existe no Teu

afável coração.

Permite que, deste conúbio em que desces até nós, e nos mimetizas com

as Tuas energias santas, possamos representar-Te em qualquer lugar por onde

andemos, dizendo a todos que somos os Teus discípulos, fracamente fiéis,

carregando o madeiro das próprias aflições.

Jesus, Tu que nos amas, ajuda-nos a aprender a amar, de tal forma que a Tua

presença em nós anule a dominação arbitrária das nossas paixões, e sejas Tu a dominar-

nos interiormente, como um dia penetraste no Teu discípulo, o cantor das gentes, por

intermédio de quem passaste a cantar a Tua mensagem.

Segue conosco Senhor, e ajuda-nos a conquistar o nosso mundo interior para

que o Teu reino se estabeleça em nós, e se prolongue por toda a Terra.



Filhos da alma,

Eia, agora! Não depois, nem amanhã, nem mais tarde. O processo de

transformação íntima deve começar neste instante, sem recidivas no mal, sem retorno às

situações embaraçosas e perturbadoras.

O Mestre conta conosco na razão direta em que contamos com Ele.

Que brilhe, portanto, em nós, a luz que vem dEle, apagando por completo a

treva teimosa que permanece nas paisagens do nosso coração.



Bezerra de Menezes.



(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da sua palestra na noite de 02 de agosto de 2012, no Grupo Espírita André Luiz, no Rio de Janeiro, Brasil.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Vale: um ciclo ainda em aberto



Lucio Flávio Pinto
(Texto escrito em novembro de 2001)

O Pará está iniciando o quarto ciclo da mineração, que pode lhe permitir deslocar Minas Gerais da secular posição de maior Estado minerador do Brasil. Depois dos ciclos do alumínio, do minério de ferro e do caulim, todos com destaques mundiais, agora é a vez do cobre.
Na semana passada, a Companhia Vale do Rio Doce fez uma festa em Belém para o lançamento do primeiro dos cinco projetos que estão previstos para a extração de cobre das jazidas de Carajás, localizadas a quase 900 quilômetros do litoral do Maranhão, por onde o minério será embarcado para o mercado exterior.
Só o projeto da Mineração Serra do Sossego já envolve números significativos. Ele fará a produção nacional de cobre contido aumentar cinco vezes. Para isso, a empresa vai investir pouco mais de um bilhão de reais (o equivalente a 400 milhões de dólares) para produzir concentrado mineral com 141 mil toneladas de cobre contido, além de 3,5 toneladas de ouro por ano.
A jazida do Sossego é 60% menor em volume físico do que o depósito vizinho do Salobo, o mais antigo e pesquisado, mas o teor de cobre é melhor, possibilitando economia de investimento, o que a fez sair na frente. A Companhia Vale do Rio Doce acredita na viabilidade do negócio, apesar da conjuntura internacional ser a pior em muitos anos para o cobre.
A queda de 30% nos preços e a formação de um estoque recorde de 500 mil toneladas fizeram a parceira da ex-estatal, a americana Phelps Dodge, recuar. A multinacional vendeu a metade que lhe cabia na sociedade à própria Vale, agora única controladora da empresa.
No discurso que fez na solenidade de lançamento do projeto, com previsão de entrar em operação em 2004, o presidente da CVRD, Roger Agnelli, garantiu que os outros quatro projetos previstos para o aproveitamento dos demais depósitos do distrito mineral de Carajás serão também executados.
Se isso ocorrer, na segunda metade da década, Carajás estará produzindo anualmente 490 mil toneladas de cobre contido no concentrado, mais 200 mil toneladas de catodo de cobre, e 20,3 toneladas de ouro, depois de um investimento equivalente a 2,5 bilhões de dólares.
Por enquanto, os únicos sócios a dividir esse custo com a CVRD são a multinacional Anglo American, a maior produtora de ouro do mundo, e o BNDES, em três dos projetos ainda não deslanchados. Mas certamente a empresa espera atrair outros associados para a área. A esperança da Vale parece ser a de demonstrar para eventuais interessados que é mais vantajoso se estabelecer em Carajás do que manter-se em suas bases atuais.
O cobre de Carajás passará, então, a ter dimensão nacional e internacional. O Brasil não produz atualmente mais do que 40 mil toneladas por ano de concentrado. Como deve consumir algo próximo de 300 mil toneladas, precisa importar o produto, que vem do Chile e do Peru. O país gasta, anualmente, 400 milhões de dólares com essa importação. Ela consome o equivalente a 10% do saldo da balança comercial brasileira. É o segundo dos produtos de origem mineral da pauta de importações brasileiras, excluído o petróleo.
Mas ao contrário do que pode sugerir o raciocínio lógico, Carajás, que tem a terceira maior reserva de cobre do continente, não eliminará essa dependência. Todo o concentrado ali produzido será exportado. Irá gerar divisas, mas não acabará com o gasto nas importações de concentrado, que continuarão a ser feitas. Assim, o Brasil se tornará significativo exportador de cobre sem deixar de continuar a ser o maior importador da América do Sul.
Esse aparente absurdo se explica pelo fato de existir uma única indústria de cobre no país, a Caraíba Metais, na Bahia, que utiliza o concentrado produzido igualmente em território baiano por uma mineradora que dela se desmembrou, mas que só garante menos de um quarto das suas necessidades.
Seus interesses não se afinam com os da CVRD, havendo um intrincado jogo de pressões entre ambas e entre empresas interessadas no mercado brasileiro. Uma das mais ativas é a Anglo American, que se deslocou da África do Sul para a Inglaterra e quer ter uma base forte no Brasil.
Ao complicador nacional agrega-se um elemento perturbador local. Desde que, em 1979, o primeiro navio embarcou bauxita para o mercado internacional, fala-se no Pará em “verticalização da produção”, hoje uma expressão de largo uso entre empresários, técnicos e políticos, embora seja pouco mais do que retórica.
Com um rico subsolo, o Pará é o Estado mais “vocacionado” para a mineração no Brasil. Mas é também um Estado cada vez mais consciente de que só mineração não desenvolve lugar algum. É preciso avançar no processo de transformação industrial do bem mineral, verticalizando sua produção e agregando-lhe valor. É o único antídoto para as relações de troca desiguais, que têm feito o Pará crescer que nem rabo de cavalo. Ou seja: para baixo.
O Estado já é o sétimo exportador da federação e o segundo em saldo de divisas graças aos bens de origem mineral, responsáveis por 75% de suas vendas ao exterior. Mas é o 17º em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o segundo mais pobre da Amazônia, no rabo da fila nacional.
Essa situação só se tem agravado, embora o Pará, com o incremento da extração das riquezas que estavam escondidas em suas entranhas geológicas até o início do devassamento de suas riquezas através de levantamentos detalhados, na década de 70, ostente posições de prestígio.
Ele é o terceiro maior exportador de bauxita do mundo. Começou com 3 milhões de toneladas há 20 anos. Em 2003 ultrapassará a marca de 16 milhões de toneladas. Nesse período se formou no Estado o polo de bauxita, alumina e alumínio mais importante do continente, no qual a CVRD está investindo US$ 570 milhões para ampliá-lo, mas a “verticalização” estancou no metal primário.
É justamente a partir desse ponto que a relação custo/benefício se torna mais atraente. Há quase 20 anos fala-se em ir adiante na transformação industrial, mas o que foi conseguido, uma pequena usina de fundição, tem pouca expressão.
A utilização da mais rica jazida de minério de ferro do planeta, localizada em Carajás, vem sendo feita na mesma escala da bauxita: de 15 milhões de toneladas pulou para 35 milhões e ultrapassou há três anos 50 milhões de toneladas anuais, prometendo chegar a 120 milhões até o fim da década. O máximo de verticalização alcançado foi a produção de ferro gusa à base de carvão vegetal.
Novamente, como no caso do lingote de alumínio, é exatamente aí que começam os ganhos, que só se tornarão possíveis para o comprador desse bem intermediário. Comprador que está além-mar, usufruindo os ganhos comparativos.
O enredo, que está demarcando também a consolidação do polo de caulim sem papel, irá se repetir no nascente ciclo de cobre? Dos cinco projetos colocados na prancheta pela CVRD, quatro ficarão na concentração do minério, que será exportado e, lá fora, transformado em bens de maior valor.
O único empreendimento que prevê chegar à metalurgia é, talvez não por mera coincidência, o mais complicado de todos, o da Salobo Metais (associação da CVRD com a Anglo American). Começou mais cedo e, se seu cronograma se sustentar, será o último a dar partida, em 2006, juntamente com o aproveitamento da mina do Alemão.
Prevê a produção de 200 mil toneladas de metal (além de 8 toneladas de ouro). Ao que se sabe, a metalúrgica está sendo considerada porque as características químicas e físicas do minério impossibilitam sua comercialização na forma de concentrado.
A implantação do projeto da Mineração Serra do Sossego e dos outros quatro empreendimentos do polo de cobre de Carajás terá um grande impacto na área, no Estado, no país e até no mercado internacional.
A mineração do cobre veio juntamente com a criação de um fundo, que, ao final do tempo de vida útil da mina, de 15 anos, chegará a 360 milhões de reais, controlado pela máquina estadual. 
Nessas circunstâncias, cai como maná o anúncio de milhões de dólares em investimento, milhares de novos empregos, obras de infraestrutura, programas de compras na praça local e outros elementos de ativação econômica.
Todos esses elementos imediatos prevalecem sobre a retórica da “verticalização”, de resultados mais demorados e de adoção mais difícil. Exatamente como ocorreu nas festas do passado, quando foram celebrados os inícios dos ciclos do alumínio, do minério de ferro e do caulim. E que, como ocorreu em todas as partes do mundo, no passado e até hoje, não conseguiram dar um passo além dos restritos limites da mineração.
O Pará, ao que parece, seguirá essa tradição. Nada auspiciosa, apesar das aparências. Alguns anos atrás, lutava-se pela industrialização do minério. Agora, aceita-se como fato consumado que ele será apenas enriquecido, do teor natural, um pouco mais ou menos de 1%, para 30% de cobre contido. O beneficiamento será feito em outro lugar, provavelmente bem longe. Como sempre.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Viver ou Juntar Dinheiro?



    Max Gehringer

    Recebi uma mensagem muito interessante de um ouvinte da CBN e peço licença

    para lê-la na íntegra, porque ela nem precisa dos meus comentários.
    Lá vai:

    "Prezado Max, meu nome é Sérgio, tenho 61 anos e pertenço a uma geração
    azarada: Quando era jovem as pessoas diziam para escutar os mais velhos, que 
    eram mais sábios. Agora dizem que tenho que escutar os jovens, porque são
    mais inteligentes.

    Na semana passada li numa revista um artigo no qual jovens executivos davam 

    receitas simples e práticas para qualquer um ficar rico. E eu aprendi muita coisa
    ... Aprendi, por exemplo, que se eu tivesse simplesmente deixado de tomar um 
    cafezinho por dia, durante os últimos 40 anos, eu teria economizado R$ 30.000,00.
    Se eu tivesse deixado de comer uma pizza por mês, teria economizado 
    R$ 12.000,00 e assim por diante. Impressionado, peguei um papel e comecei
    a fazer contas, então descobri, para minha surpresa, que hoje eu poderia estar
    milionário.
    Bastava não ter tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens

    que fiz, não ter comprado algumas das roupas caras que comprei e, principalmente,
    não ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis.

    Ao concluir os cálculos, percebi que hoje eu poderia ter quase R$ 500.000,00

    na conta bancária.

    É claro que eu não tenho este dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o que este dinheiro

    me permitiria fazer?
    Viajar, comprar roupas caras, me esbaldar com itens supérfluos e descartáveis,

    comer todas as pizzas que eu quisesse e tomar cafezinhos à vontade. Por isso
    acho que me sinto absolutamente feliz em ser pobre.
    Gastei meu dinheiro com prazer e por prazer, porque hoje, aos 61 anos, não tenho

    mais o mesmo pique de jovem, nem a mesma saúde. Portanto, viajar, comer pizzas
    e cafés, não faz bem na minha idade e roupas, hoje, não vão melhorar muito o meu
    visual!

    Recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a mesma coisa que eu fiz.

    Caso contrário, chegarão aos 61 anos com um monte de dinheiro em suas contas
    bancárias, mas sem ter vivido a vida".

    "Não eduque o seu filho para ser rico, eduque-o para ser feliz.
    Assim, ele saberá o valor das coisas, não o seu preço."
    Description: http://a7.sphotos.ak.fbcdn.net/hphotos-ak-ash4/382596_196965803723644_172387396181485_420745_65768587_n.jpg

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Verticalização de alianças nas eleições municipais.



Simultaneamente ao julgamento do caso conhecido como Mensalão do PT (existem outros, como os do PSDB mineiro e do DEM candango), estamos em pleno período de campanha eleitoral nos municípios.
Desenvolvendo a análise a partir da cultura política reinante, ou seja, incluindo variáveis de atitude (transitória) e comportamento (estruturante), temos motivos de sobra para ficar preocupados com a qualidade do jogo democrático no Brasil. Se observarmos o padrão das alianças locais, aí a preocupação torna-se puro desespero.
Não é preciso ser especialista para constatar o óbvio. Diante do conjunto de alianças circunstanciais, sem nenhuma coerência interna ou afinidade discursiva, é simplesmente impossível para um eleitor mediano reconhecer o alfabeto da política. Afinal, o estatuto da representação implica em ter um discurso diferenciado, uma carga ideológica explícita e proximidades e distâncias bem estipuladas para com outros agrupamentos.
Na ausência destes elementos básicos de identificação, a escolha de candidatos e legendas, simplesmente não será baseada em nada programático. Quando não há aliança programática, resta associação de última hora, apenas juntando interesses imediatistas, onde a meta de todos é apenas ocupar postos de poder (de baixo recurso) e dotações orçamentárias (não muito volumosas).
Não há como exigir um comportamento razoável do eleitor se quem concorre para o cargo se porta tão mal.
Quando não se identifica a divisão ideológica, a reprodução é a ideologia dominante, e sua cultura política hegemônica. Ou seja, o sentido lógico do engajamento político passa a ser a sobrevivência, a colocação laboral. O motor dessa cultura são as relações sociais, não escapando nenhum evento coletivo em escala municipal sem a presença de um enxame de candidatos a vereança e mesmo para prefeito.
A única forma de alterar este comportamento, ao menos o que vem de cima para baixo, seria algum tipo de verticalização de alianças. Não é possível uma sopa de siglas baseadas na ocasião fazer algum sentido para o eleitor mediano. Daí a associar a concorrência por cargos e representação apenas ao interesse econômico, não custa muito.
As relações de clientela são muito fortes no Brasil, e como tal precisam ser combatidas. Uma boa forma seria a recomposição de blocos político-ideológicos, até para termos embates programáticos na campanha. É importante agrupar as legendas e para isso seria fundamental comprometer, a partir dos estados, as formas de aliança política.

Bruno Lima Rocha é cientista político

domingo, 5 de agosto de 2012

O BOM EMBATE.


DORA KRAMER - O Estado de S.Paulo
Houve quem se assustasse com o atrito entre o ministro relator, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, logo no início do julgamento a respeito de uma questão de ordem apresentada pelo advogado Marcio Thomaz Bastos.
Por que o susto se o assunto foi resolvido no voto mediante embate de ideias?
Provavelmente porque haja entre nós grande resistência em aceitar com naturalidade o exercício contraditório, habitualmente visto como algo condenável. Preferimos sempre a composição à contraposição.
Não por outro motivo, o ofício da oposição visto com reservas. Tido não como algo indispensável à dinâmica democrática, mas como fruto de intenções menores, rebeldia à deriva sustentada em objetivos golpistas de irresponsáveis interessados exclusivamente em inviabilizar o governo em curso.
A divergência inicial do julgamento foi recebida e interpretada como um sinal de que os procedimentos seriam tumultuados pela disposição do ministro revisor de se conduzir como contraponto ao revisor.
Nada autoriza conclusão tão definitiva, mas, se for essa a opção feita pelo ministro Lewandowski é de se perguntar: que mal há?
Os ministros do Supremo não funcionam em sistema de colegiado a não ser na contabilização do resultado em que vence a maioria. De resto, cada qual forma seu voto de acordo com suas convicções e diferentes interpretações dos textos legais.
É justamente no antagonismo que reside a riqueza de uma discussão que, por ser transmitida pela televisão, permite ao cidadão acesso a um conhecimento que normalmente não teria.
Todos os aspectos do processo são explicados à sociedade, esmiuçados à exaustão como ocorreu na primeira sessão.
Quem se interessa mais por conhecer que por simplesmente torcer, teve acesso a informações sobre o significado do instrumento do foro especial de Justiça, o que resultaria em prejuízos ou benefícios do desmembramento do processo e também sobre qual a razão de a maioria ter optado por afirmar a competência do STF para julgar os réus em conjunto.
Momentos como aquele são proveitosos e devem se repetir ao longo do julgamento em que o menos relevante é o atraso de dias e até semanas.
Essencial é que o Supremo destrinche o caso à sociedade, que fale ao cidadão e demonstre o valor do bom embate de ideias que tanto faz falta à cidadania no Brasil.

Pelos Frutos.



"Por seus frutos os conhecereis". - Jesus. (MATEUS, 7:16.)

Nem pelo tamanho.
Nem pela configuração.
Nem pelas ramagens.
Nem pela imponência da copa.
Nem pelos rebentos verdes.
Nem pelas pontas ressequidas.
Nem pelo aspecto brilhante.
Nem pela apresentação desagradável.
Nem pela antiguidade do tronco.
Nem pela fragilidade das folhas.
Nem pela casca rústica ou delicada.
Nem pelas flores perfumadas ou inodoras.
Nem pelo aroma atraente.
Nem pelas emanações repulsivas.

Árvore alguma será conhecida ou amada pelas aparências exteriores, mas sim pelos frutos, peja utilidade, pela produção.
Assim também nosso espírito em plena jornada...

Ninguém que se consagre realmente à verdade dará testemunho de nós pelo que parecemos, pela superficialidade de nossa vida, pela epiderme de nossas atitudes ou expressões individuais percebidas ou apreciadas de passagem, mas sim pela substância de nossa colaboração no progresso comum, pela importância de nosso concurso no bem geral.

- "Pelos frutos os conhecereis" - disse o Mestre.
- "Pelas nossas ações seremos conhecidos"
- Repetiremos nós.

Do livro FONTE VIVA, cap. 7, psicografado por Francisco Cândido Xavier ditado pelo Espírito Emmanuel.