Desde março, está no ar a Rede Global de Cidades Inovadoras, também chamada, para ficar mais prático, de Redeci. E se agora pegássemos essa sigla e a reescrevêssemos por extenso, só que de forma diferente? Queremos agregar um novo significado para Redeci: transformá-la também em Rede de Cidadãos Inovadores. Afinal, se a cidade reflete as características de seus habitantes, não há cidade inovadora sem cidadãos inovadores.
Na prática, propomos uma ação de mobilização em prol da segurança pública que, para funcionar, depende unicamente dos cidadãos. Isso mesmo, de você e de mim. Nós, que transitamos pela cidade todo dia para trabalhar, levar os filhos na escola, ir ao supermercado, enfim, para tocar nossa vida.
Vamos supor que perto da sua casa haja uma pracinha que está sempre deserta. Embora ela possua bancos, jardins e parquinho, tudo o que a tornaria atrativa, as famílias não a frequentam, porque sabem que ali é comum haver furtos. Você possui essa informação e o que faz? Simplesmente se priva de um direito seu, o de ir e vir.
Como cidadão inovador, você não se conforma com essa situação e gostaria de transformar o espaço em que vive, certo? Claro que, sozinho, é muito difícil, senão impossível, resolver o problema hipotético acima. Mas você pode agircompartilhando a informação com quem tem poder para solucioná-la.
Tecnologia para isso é o que não falta. Tomemos como exemplo o Twitter.
Em novembro do ano passado, quando policiais tomaram o Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, vários moradores da favela tuitaram informações que foram essenciais para a ação da PM. Teve papel importante principalmente um grupo que tuitava usando a hashtag #vozdacomunidade anexada à mensagem. Na medida em que uma hashtag é mais mencionada, ela tem maiores chances de entrar para os (os temas mais populares do Twitter), chamando a atenção na esfera de usuários. Foi o que aconteceu com a #vozdacomunidade, hashtag que é usada até hoje.
O alcance disso poderia parecer pequeno, não fosse pelo fato de o Twitter hoje ser uma ferramenta de grande visibilidade. Presidentes, instituições públicas, veículos da mídia e tantas pessoas poderosas têm conta no microblog.
Se você também tem uma conta no Twitter, ainda que não seja uma celebridade com milhares de seguidores, pode enviar mensagens direto para essas personalidades ou então divulgar uma causa que, se for retuitada por seus seguidores e pelos seguidores destes, em breve, chegará ao conhecimento de pessoas que você nem sabe que existem! (Para você ter uma noção dessa possibilidade, veja a retrospectiva que o Twitter fez dos tweets mais poderosos de 2010)
Voltando à proposta da Rede Global de Cidades inovadoras, você deve estar se perguntando como fazer parte disso. A resposta é simples e tem menos de 140 caracteres: basta tuitar o que você vê de errado na sua cidade!
As possibilidades de mensagens que você pode escrever são amplas: informar sobre uma região de furtos (como ilustramos acima), uma lâmpada quebrada, uma pichação em patrimônio público, um ponto de consumo de drogas etc. O objetivo disso é alertar as autoridades – de forma rápida para os cidadãos, pois nós bem sabemos que os telefonemas para ouvidorias municipais costumam ser demorados – para tornar nossas cidades mais seguras.
Para o seu tweet chegar ao destino correto, nós sugerimos o uso de duas hashtags: a da Rede de Cidadãos Inovadores, que vai identificar esta nossa ação e dar visibilidade a ela (#redeci), e a referente à sigla da sua cidade (por exemplo, #cwb). Isso possibilitará que as autoridades e os meios de comunicação rastreiem todas as mensagens vinculadas a esta mobilização. Sem as hashtags, apenas seus seguidores receberão suas mensagens. A sigla #redeci vai amplificar o alcance da sua informação.
Se você achou tudo isso fascinante, mas não tem uma conta no Twitter ou não sabe como usá-la, nós damos a seguir as instruções básicas:
1. Como criar uma conta no Twitter? Também disponível para download em Pdf
2. Como enviar mensagens diretas? Também disponível para download em Pdf
3. O que é uma hashtag? Também disponível para download em Pdf
4. Como rastrear hashtags? Também disponível para download em Pdf
5. Como participar da Rede Global de Cidadãos Inovadores? Também disponível para download em Pdf
Participe também do grupo sobre o tema 'Segurança' aqui da redeci, e acompanhe nossa campanha pelo twitter:http://redeci.ning.com/group/seguranca
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
A CARIDADE É ENGENHOSA
A verdadeira caridade é delicada e engenhosa no dissimular o benefício, no evitar até as simples aparências capazes de melindrar, dado que todo atrito moral aumenta o sofrimento que se origina da necessidade. Ela sabe encontrar palavras brandas e afáveis que colocam o beneficiado à vontade em presença do benfeitor, ao passo que a caridade orgulhosa o esmaga. A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade, quando o benfeitor, invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que significam estas palavras: "Não saiba a mão esquerda o que dá a direita."
Allan Kardec,in "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capitulo XIII
Allan Kardec,in "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capitulo XIII
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
O CASO DANIEL DANTAS REVISITADO EM LIVRO
Lúcio Flávio Pinto:
Lúcio Flávio Vilar Lírio é o autor de uma frase lapidar: polícia é polícia, bandido é bandido. Ele sabia do que estava falando: foi o bandido mais charmoso da crônica brasileira. Um dos raros bandidos rebeldes, ou românticos. Nunca transacionou com policiais. Morreu cedo por isso.
Sua máxima pode servir de paráfrase para a relação dos jornalistas com os policiais. Ambos costumam andar pelos mesmos lugares, usando métodos semelhantes e se justificando com a defesa da lei e da verdade. Por isso, convivem muito mais e melhor com a polícia do que os bandidos, ainda que nem sempre seja possível distinguir quem é quem.
Certa vez, quando estava cercado de microfones e obrigado a responder a uma saraivada de perguntas, sem tempo e fôlego para pensar, o então senador Jarbas Passarinho, que sempre teve humor e raciocínio rápido, recorreu a uma frase de efeito para amansar os repórteres selvagens à sua volta: “Se tivéssemos usado jornalistas nos IPMs [Inquéritos Policiais Militares, utilizados pelo regime militar, a partir de 1964, contra os seus inimigos], teríamos arrancado tudo que queríamos saber dos indiciados”. Ao lado do ex-ministro, acrescentei minha frase: “E não teriam precisado torturar ninguém”. Passarinho ainda teve presença de espírito para rir, embora num tom palidamente amarelo.
O poder de um jornalista, diferentemente de um bandido ou de um policial, que são seus interlocutores, deve derivar apenas da sua inteligência, do potência da sua dialética, dos métodos de investigação que utiliza e da ética que delimita o seu campo de atuação. Com essas características, ele é um dos elementos fundamentais da democracia. Tem a missão de confrontar o poder, pondo em cheque as versões oficiais, identificando os fatos, desmascarando as farsas e tratando de transformar a informação num bem do patrimônio coletivo. Para que cumpra esse papel, o jornalista é, por definição, um outsider, um auditor dos poderes constituídos, um remador contra a maré do conformismo e da submissão, um fiscal do povo, um auditor da sociedade.
Precisa se expor, correr riscos, quando necessário, incluído o risco de errar. O que não pode é aceitar pratos feitos, verdades acondicionadas em dossiês formados por algum agente do enredo, por grupos de pressão e, muito menos, pelo governo. Presta atenção ao que ouve e procura reproduzir com fidelidade o que lhe dizem, quando funciona como entrevistador. Submetendo, porém, ao teste de consistência e à demonstração todos os dados que lhe chegam.
Claro que deve se resguardar dos equívocos, mas errare humanum est, diziam os latinos, sempre ladinos na retórica. Mas se o preço para anunciar uma novidade realmente relevante e do interesse público é arriscar-se ao erro, que venha o cálice amargo. Assim os interessados se manifestarão, os prejudicados contestarão e, talvez, os ratos saiam das suas tocas. O jornalismo que não exerce o ofício de provocar as manifestações da sociedade e a tarefa pedagógica de se antecipar à consumação dos fatos, ao mesmo tempo em que farejar tendências e perspectivas, é cosmética.
Ao lidar com todos os estratos da sociedade, em todos os lugares, em qualquer situação, atravessando cordões de isolamento, penetrando os grossos volumes da burocracia, destripando as contas e os códigos, indo atrás de cada um dos personagens do acontecimento da ocasião, o jornalismo se torna uma via específica de conhecimento, um caminho heurístico próprio, a forma de poder mais democrática e eficiente ao alcance do cidadão. É assim que se explica a frase aparentemente inconseqüente de Millôr Fernandes, o mais sábio dos sábios humoristas: jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos & molhados.
O jornalista Raimundo Rodrigues Pereira deu mais uma vez sua contribuição a esse jornalismo com O escândalo de Daniel Dantas – Duas investigações (Editora Manifesto, 325 páginas), lançado no final do ano passado e que só não passou em branquíssimas nuvens porque a Folha de S. Paulo lhe dedicou uma matéria. O desinteresse da imprensa contrasta com a relevância do tema ao qual Raimundo dedicou seu livro, em boa parte composto por artigos que ele já publicara.
Antes dessa abordagem, a visão predominante sobre o affaire era que o seu personagem principal, o banqueiro baiano Daniel Dantas, era o vilão da história. Ele formara um patrimônio notável, a partir de um mínimo de capital próprio, aproveitando-se de informações privilegiadas e formas de pressão ilícitas para enriquecer com a privatização das empresas estatais de telefonia.
Quando um justiceiro, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, com o decidido apoio de um juiz e de um promotor de São Paulo, começou a investigar e desnudou todas as maracutaias do banqueiro inescrupuloso, culminando por prendê-lo, forças ocultas se puseram em campo, soltaram Dantas, afastaram Protógenes da apuração e o transformaram de autor do inquérito em réu. O malfeito só não se consumou por inteiro porque o delegado, afastado da PF, conseguiu se eleger deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil, na onda da enxurrada de votos do humorista Tiririca, um analfabeto funcional (como um terço da população brasileira) que se tornou o mais votado dos candidatos à Câmara Federal em todo país, com sobras suficientes para arrastar consigo o caçador de bandidos.
A história que Raimundo Pereira reconstitui é o oposto desse enredo. Ele argumenta que Daniel Dantas foi escolhido para bode expiatório (ou boi de piranha) de uma trama iniciada em 1999, quando o presidente da república era o sociólogo Fernando Henrique Cardoso e o PSDB era o partido no poder. Justamente nesse ano o PT mudou sua estratégia de conquista do poder, que resultara em três fracassos do seu candidato único, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao invés de bater de frente com os tucanos e contrapor ao programa reformista da social-democracia à brasileira um programa de testada socialista, os petistas decidiram contornar as diferenças e investir nas semelhanças com a prática que, desde o Plano Real, com a criação de uma moeda estável, levara à criação de empresas de porte internacional no Brasil e de um mercado consumidor avantajado.
Ao invés de “Fora, FHC”, o “Lulinha paz e amor” do marqueteiro Duda Mendonça. Duda recebeu pelo menos o equivalente a 10 milhões de reais, em dinheiro depositado numa ilha fiscal internacional, pela sua nova criatura. O depósito foi feito no BankBoston nas ilhas Cayman. O banco teve como presidente mundial o presidente do Banco Central do Brasil durante todo o desenrolar dessa intricada novela, Henrique Meireles.
Justamente em 1999 um personagem sem a menor parecença com o perfil petista, o empresário Luiz Fernando Demarco, se aproximou de um apparatchick petista, o nissei Luís Gushiken, para aumentar seu poder de fogo contra seu principal inimigo, Daniel Dantas. A animosidade começara nesse ano, quando Dantas propôs uma ação contra Demarco em Cayman. O contato não parecia de imediato tão forte, mas começou a mostrar seu potencial quando o PT elegeu a maioria da diretoria da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, o maior dos fundos de estatais, dono de um dos principais ativos de aplicações do país.
O presidente do fundo passou a ser Sérgio Rosa, outro personagem que não tem coerência com o catálogo público de perfis do então Partido dos Trabalhadores. Gerente de um patrimônio de 70 bilhões de reais, Rosa passou a circular com desenvoltura no circuito da grande finança, nacional e internacional, que se expandia “como nunca antes na história” em função da movimentação de dinheiro provocada pela venda das empresas estatais.
Essa dinheirama podia formar um apêndice de “recursos não contabilizados” suficiente para irrigar caixa dois de campanha eleitoral e vários outros escaninhos parasitários. O PT, o partido da ética, o único partido ideológico no espectro político brasileiro, passava a comparecer ao caixa dos fundos paralelos para crescer, se equipar e assim deixar de ser apenas um concorrente olímpico. Para a eleição de 2002, a determinação era clara – e já não mais original: vencer ou vencer.
Nesse momento em que a origem do dinheiro deixou de ser verificada e tudo se tornava legítimo pela alquimia do discurso petista, havia uma ordem, emanada de ninguém outro que não Gushiken, o futuro homem da comunicação do governo Lula (que convocara Demarco para trabalhar no comitê eleitoral): nada do dinheiro de Daniel Dantas, que não era ético. Uma diretriz estranha num colegiado que já possuía de tudo, menos anjos e inocentes.
A prevenção a Dantas pode ter uma justificativa: ele tinha sua origem associada ao babalorixá da Bahia e eminência parda do Brasil, o senador Antônio Carlos Magalhães. Ou ao fato de ser um empresário predador. Mas Lula beijou a mão de Jader Barbalho, saudando-o como seu mestre em política. E empresários com fúria devastadora maior do que a do dono do Opportunity passaram a ser tratados como amigos da casa. Menos Dantas.
Raimundo Pereira sustenta que já então estava traçado um projeto que seria posto em execução pelos 10 anos seguintes, começando ainda na gestão de FHC, graças à conquista da Previ pelo PT: modificar a correlação de forças da situação criada depois da venda das estatais das telecomunicações. Espanhóis, portugueses, mexicanos e americanos ficaram com suas suculentas fatias do negócio montado no 5º maior mercado mundial desse setor. Os italianos chegaram tarde, mas queriam recuperar o tempo perdido.
Como abrir uma brecha na nova divisão? Não podia ser investindo contra inimigos poderosos, como a Telefônica, a Portugal Telecom, o Citi Bank ou Carlos Slim. O negócio era partir para cima de Daniel Dantas, o parceiro mais frágil desse conglomerado. Frágil em função da participação societária ou do patrimônio próprio. Mas poderoso porque, tendo tão pouco de seu, administrava tanto dos outros.
Raimundo Pereira explica o paradoxo dizendo que se trata de uma situação que se generalizou quando os Estados Unidos liberaram a atuação dos bancos, permitindo-lhes combinar função comercial com a de fomento, através de fundos, como o que Dantas criou. Mesmo que não tivessem operação de massa, poderiam lidar com pequeno número de clientes dotados de elevado capital para investir. Eram os “gestores de recursos”, que cresceram a hipertrofia tal que provocou a explosão do sistema financeiro internacional em 2008. Os “deuses do universo” mostraram o que eram.
No entanto, no caso do Brasil, independentemente desse novo ator, havia um elemento específico: os tucanos consideravam Dantas seu aliado preferencial. Enquanto para os petistas ele era suspeito como premissa, o pressuposto dos tucanos é que ele era o escolhido. Demônio para os primeiros, anjo para os segundos. Na verdade, à parte suas qualidades pessoais, Dantas era quase nada no pesado jogo em que ele se meteu.
Os contendores eram faixa preta. A Telecom Itália, para enfrentá-lo e vencê-lo, alem da própria força (tendo atrás de si a Pirelli e o governo italiano), contou com o apoio da Previ, do Banco do Brasil, do Ministério da Fazenda e do já então presidente Lula.
Uma das virtudes de Raimundo está na meticulosidade, na paciência em buscar provas e juntar peças isoladas. Graças a essa capacidade, ele desvenda outro paradoxo: como é que o governo Lula, posto no poder em nome dos trabalhadores e da nacionalidade, acabou favorecendo uma multinacional italiana e, depois dela, arrematou a desnacionalização da telefonia, iniciada pelos tucanos?
Não é simples montar a equação que leva a esse resultado. Afinal, Lula abriu mais uma vez as burras do BNDES, fazendo-o liberar R$ 13,6 bilhões, a pretexto de dar a oportunidade a dois grupos nacionais, o da Andrade Gutierrez e o de Carlos Jereissati, de criar uma tele “verde-amarela”. Uma vez juntadas as partes na constituição da nova “super-tele”, a Oi, vem exatamente a Portugal Telecom e abocanha a mal-nascida tele canarinha, numa conjuminação que expurga tudo que é nacional para só deixar em campo espanhóis, portugueses, americanos, italianos e mexicanos.
Tal metamorfose, obrada por um especialista na matéria, não é fruto de um estalar de dedos. Resulta de muita espionagem, coação, maquiavelismo, jogo sujo, corrupção e fraude. O delegado Protógenes Queiroz não é o cavaleiro imaculado nessa epopéia fétida. Ele é um elemento da engrenagem, embora incompetente e ególatra. Por isso é que Raimundo Pereira contrapõe o que o delegado da PF apurou ao que o próprio jornalista levantou, justapondo as duas investigações, que dão título ao livro. Pode parecer presunção e excesso de confiança do jornalista, que, assim, se torna tão personagem da história quanto o delegado. Jornalista nunca é personagem: é o reportador de fatos, o escrivão da frota, o arauto das novidades.
No entanto, é convincente o recurso metodológico que Raimundo adotou. Pode servir de lição para jornalistas que se viciaram na mera reprodução de dossiês, preparados por determinadas fontes para atender apenas às necessidades delas e não aos interesses da opinião pública. Raimundo leu os milhares de páginas da documentação oficial, mas as analisou e criticou. E não ficou no gabinete de leitura: foi aos cenários dos acontecimentos fazer verificações.
Pode-se argumentar, como fez Sérgio Rosa, que ele foi tendencioso, ouvindo mais – e, em alguns casos, só – a Daniel Dantas. Pode-se também lamentar que ele tenha dado atenção menor às participações do advogado Luís Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal do PT de São Paulo, e José Dirceu, o poderoso chefe da Casa Civil de Lula, que seria aliado de Dantas, cuja participação, mesmo quando já estava fora do governo, parece ter sido decisiva.
De fato, numa leitura apressada ou preventa, o livro tem o gosto de obra de encomenda, feita para salvar a pele da fonte das informações. Daniel Dantas sai bem melhor do livro de Raimundo do que de qualquer outro texto já escrito a respeito. Contudo, todas as afirmações do livro estão documentadas e demonstradas. Há provas dos dois lados da contenda, inclusive uma carta do até pouco tempo atrás todo-poderoso presidente da Previ, Sérgio Rosa, que acusa justamente Raimundo de ter trocado o chifre demoníaco de Dantas por uma auréola beatificante. Mas quem disser o contrário terá que se dar a trabalho igual ou maior do que o do jornalista.
Ao contrário da maioria do que aparece na imprensa escrita ou na internet, não há dúvida que o trabalho de Raimundo é jornalismo – e da melhor qualidade (embora, talvez pela pressa na produção do livro, haja escorregões na escrita). Pode estar errado, pode até ser tendencioso (se é desonesto, a questão deve ser bem apurada antes de virar especulação à base da dedução em tese), mas ele obriga a repensar a privatização das teles e, a partir desse tema, nas mudanças que estão ocorrendo no Brasil. Sem os esquemas explicativos do passado, que se defasaram e só têm valor retrospectivo.
Se polícia, bandido e jornalistas são personagens essenciais da trama nacional, há outros que surgiram e se agigantaram ao mesmo tempo em que o país cresceu de forma acelerada, graças, sobretudo, à entrada de dezenas de bilhões de dólares, “como nunca antes”, fazendo a reserva internacional se aproximar de um registro recorde: US$ 300 bilhões. São financistas, conselheiros, agentes de informação, delegados federais e burocratas.
Alguns deles já estavam no palco. A novidade é que saíram do fundo de cena para a posição principal. E não se forma convencional: o segundo homem de Daniel Dantas, Carlos Rodemburgo, pode estar um momento em Nova York e no outro em Redenção, no sul do Pará, combatendo a invasão das enormes fazendas do Oppotunity ou negociando com financistas internacionais. E delegados de polícia, envergando ternos de corte refinado, podem circular por capitais do mundo como se fossem neo-007, sem o mesmo charme, mas com a presunção de mais carisma, como Protógenes, o primeiro policial federal a se eleger político federal, rompendo a tênue linha que ainda demarca as diferenças e os campos próprios.
O escândalo Daniel Dantas não pode permanecer nos bastidores. Tem que vir a público e ser destripado para que de suas partes surjam não as versões utilitárias e montadas, como a da TV Globo, num dos mais tristes momentos de cumplicidade aética do jornalismo brasileiro nos últimos tempos, montando um “flagrante” de corrupção, mas aquela verdade que resistir ao teste de consistência da sociedade. Não se começa uma corrida assim com a verdade. Ela é alcançada no fim. E o fim desta história ainda está muito longe.
Lúcio Flávio Vilar Lírio é o autor de uma frase lapidar: polícia é polícia, bandido é bandido. Ele sabia do que estava falando: foi o bandido mais charmoso da crônica brasileira. Um dos raros bandidos rebeldes, ou românticos. Nunca transacionou com policiais. Morreu cedo por isso.
Sua máxima pode servir de paráfrase para a relação dos jornalistas com os policiais. Ambos costumam andar pelos mesmos lugares, usando métodos semelhantes e se justificando com a defesa da lei e da verdade. Por isso, convivem muito mais e melhor com a polícia do que os bandidos, ainda que nem sempre seja possível distinguir quem é quem.
Certa vez, quando estava cercado de microfones e obrigado a responder a uma saraivada de perguntas, sem tempo e fôlego para pensar, o então senador Jarbas Passarinho, que sempre teve humor e raciocínio rápido, recorreu a uma frase de efeito para amansar os repórteres selvagens à sua volta: “Se tivéssemos usado jornalistas nos IPMs [Inquéritos Policiais Militares, utilizados pelo regime militar, a partir de 1964, contra os seus inimigos], teríamos arrancado tudo que queríamos saber dos indiciados”. Ao lado do ex-ministro, acrescentei minha frase: “E não teriam precisado torturar ninguém”. Passarinho ainda teve presença de espírito para rir, embora num tom palidamente amarelo.
O poder de um jornalista, diferentemente de um bandido ou de um policial, que são seus interlocutores, deve derivar apenas da sua inteligência, do potência da sua dialética, dos métodos de investigação que utiliza e da ética que delimita o seu campo de atuação. Com essas características, ele é um dos elementos fundamentais da democracia. Tem a missão de confrontar o poder, pondo em cheque as versões oficiais, identificando os fatos, desmascarando as farsas e tratando de transformar a informação num bem do patrimônio coletivo. Para que cumpra esse papel, o jornalista é, por definição, um outsider, um auditor dos poderes constituídos, um remador contra a maré do conformismo e da submissão, um fiscal do povo, um auditor da sociedade.
Precisa se expor, correr riscos, quando necessário, incluído o risco de errar. O que não pode é aceitar pratos feitos, verdades acondicionadas em dossiês formados por algum agente do enredo, por grupos de pressão e, muito menos, pelo governo. Presta atenção ao que ouve e procura reproduzir com fidelidade o que lhe dizem, quando funciona como entrevistador. Submetendo, porém, ao teste de consistência e à demonstração todos os dados que lhe chegam.
Claro que deve se resguardar dos equívocos, mas errare humanum est, diziam os latinos, sempre ladinos na retórica. Mas se o preço para anunciar uma novidade realmente relevante e do interesse público é arriscar-se ao erro, que venha o cálice amargo. Assim os interessados se manifestarão, os prejudicados contestarão e, talvez, os ratos saiam das suas tocas. O jornalismo que não exerce o ofício de provocar as manifestações da sociedade e a tarefa pedagógica de se antecipar à consumação dos fatos, ao mesmo tempo em que farejar tendências e perspectivas, é cosmética.
Ao lidar com todos os estratos da sociedade, em todos os lugares, em qualquer situação, atravessando cordões de isolamento, penetrando os grossos volumes da burocracia, destripando as contas e os códigos, indo atrás de cada um dos personagens do acontecimento da ocasião, o jornalismo se torna uma via específica de conhecimento, um caminho heurístico próprio, a forma de poder mais democrática e eficiente ao alcance do cidadão. É assim que se explica a frase aparentemente inconseqüente de Millôr Fernandes, o mais sábio dos sábios humoristas: jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos & molhados.
O jornalista Raimundo Rodrigues Pereira deu mais uma vez sua contribuição a esse jornalismo com O escândalo de Daniel Dantas – Duas investigações (Editora Manifesto, 325 páginas), lançado no final do ano passado e que só não passou em branquíssimas nuvens porque a Folha de S. Paulo lhe dedicou uma matéria. O desinteresse da imprensa contrasta com a relevância do tema ao qual Raimundo dedicou seu livro, em boa parte composto por artigos que ele já publicara.
Antes dessa abordagem, a visão predominante sobre o affaire era que o seu personagem principal, o banqueiro baiano Daniel Dantas, era o vilão da história. Ele formara um patrimônio notável, a partir de um mínimo de capital próprio, aproveitando-se de informações privilegiadas e formas de pressão ilícitas para enriquecer com a privatização das empresas estatais de telefonia.
Quando um justiceiro, o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, com o decidido apoio de um juiz e de um promotor de São Paulo, começou a investigar e desnudou todas as maracutaias do banqueiro inescrupuloso, culminando por prendê-lo, forças ocultas se puseram em campo, soltaram Dantas, afastaram Protógenes da apuração e o transformaram de autor do inquérito em réu. O malfeito só não se consumou por inteiro porque o delegado, afastado da PF, conseguiu se eleger deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil, na onda da enxurrada de votos do humorista Tiririca, um analfabeto funcional (como um terço da população brasileira) que se tornou o mais votado dos candidatos à Câmara Federal em todo país, com sobras suficientes para arrastar consigo o caçador de bandidos.
A história que Raimundo Pereira reconstitui é o oposto desse enredo. Ele argumenta que Daniel Dantas foi escolhido para bode expiatório (ou boi de piranha) de uma trama iniciada em 1999, quando o presidente da república era o sociólogo Fernando Henrique Cardoso e o PSDB era o partido no poder. Justamente nesse ano o PT mudou sua estratégia de conquista do poder, que resultara em três fracassos do seu candidato único, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao invés de bater de frente com os tucanos e contrapor ao programa reformista da social-democracia à brasileira um programa de testada socialista, os petistas decidiram contornar as diferenças e investir nas semelhanças com a prática que, desde o Plano Real, com a criação de uma moeda estável, levara à criação de empresas de porte internacional no Brasil e de um mercado consumidor avantajado.
Ao invés de “Fora, FHC”, o “Lulinha paz e amor” do marqueteiro Duda Mendonça. Duda recebeu pelo menos o equivalente a 10 milhões de reais, em dinheiro depositado numa ilha fiscal internacional, pela sua nova criatura. O depósito foi feito no BankBoston nas ilhas Cayman. O banco teve como presidente mundial o presidente do Banco Central do Brasil durante todo o desenrolar dessa intricada novela, Henrique Meireles.
Justamente em 1999 um personagem sem a menor parecença com o perfil petista, o empresário Luiz Fernando Demarco, se aproximou de um apparatchick petista, o nissei Luís Gushiken, para aumentar seu poder de fogo contra seu principal inimigo, Daniel Dantas. A animosidade começara nesse ano, quando Dantas propôs uma ação contra Demarco em Cayman. O contato não parecia de imediato tão forte, mas começou a mostrar seu potencial quando o PT elegeu a maioria da diretoria da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil, o maior dos fundos de estatais, dono de um dos principais ativos de aplicações do país.
O presidente do fundo passou a ser Sérgio Rosa, outro personagem que não tem coerência com o catálogo público de perfis do então Partido dos Trabalhadores. Gerente de um patrimônio de 70 bilhões de reais, Rosa passou a circular com desenvoltura no circuito da grande finança, nacional e internacional, que se expandia “como nunca antes na história” em função da movimentação de dinheiro provocada pela venda das empresas estatais.
Essa dinheirama podia formar um apêndice de “recursos não contabilizados” suficiente para irrigar caixa dois de campanha eleitoral e vários outros escaninhos parasitários. O PT, o partido da ética, o único partido ideológico no espectro político brasileiro, passava a comparecer ao caixa dos fundos paralelos para crescer, se equipar e assim deixar de ser apenas um concorrente olímpico. Para a eleição de 2002, a determinação era clara – e já não mais original: vencer ou vencer.
Nesse momento em que a origem do dinheiro deixou de ser verificada e tudo se tornava legítimo pela alquimia do discurso petista, havia uma ordem, emanada de ninguém outro que não Gushiken, o futuro homem da comunicação do governo Lula (que convocara Demarco para trabalhar no comitê eleitoral): nada do dinheiro de Daniel Dantas, que não era ético. Uma diretriz estranha num colegiado que já possuía de tudo, menos anjos e inocentes.
A prevenção a Dantas pode ter uma justificativa: ele tinha sua origem associada ao babalorixá da Bahia e eminência parda do Brasil, o senador Antônio Carlos Magalhães. Ou ao fato de ser um empresário predador. Mas Lula beijou a mão de Jader Barbalho, saudando-o como seu mestre em política. E empresários com fúria devastadora maior do que a do dono do Opportunity passaram a ser tratados como amigos da casa. Menos Dantas.
Raimundo Pereira sustenta que já então estava traçado um projeto que seria posto em execução pelos 10 anos seguintes, começando ainda na gestão de FHC, graças à conquista da Previ pelo PT: modificar a correlação de forças da situação criada depois da venda das estatais das telecomunicações. Espanhóis, portugueses, mexicanos e americanos ficaram com suas suculentas fatias do negócio montado no 5º maior mercado mundial desse setor. Os italianos chegaram tarde, mas queriam recuperar o tempo perdido.
Como abrir uma brecha na nova divisão? Não podia ser investindo contra inimigos poderosos, como a Telefônica, a Portugal Telecom, o Citi Bank ou Carlos Slim. O negócio era partir para cima de Daniel Dantas, o parceiro mais frágil desse conglomerado. Frágil em função da participação societária ou do patrimônio próprio. Mas poderoso porque, tendo tão pouco de seu, administrava tanto dos outros.
Raimundo Pereira explica o paradoxo dizendo que se trata de uma situação que se generalizou quando os Estados Unidos liberaram a atuação dos bancos, permitindo-lhes combinar função comercial com a de fomento, através de fundos, como o que Dantas criou. Mesmo que não tivessem operação de massa, poderiam lidar com pequeno número de clientes dotados de elevado capital para investir. Eram os “gestores de recursos”, que cresceram a hipertrofia tal que provocou a explosão do sistema financeiro internacional em 2008. Os “deuses do universo” mostraram o que eram.
No entanto, no caso do Brasil, independentemente desse novo ator, havia um elemento específico: os tucanos consideravam Dantas seu aliado preferencial. Enquanto para os petistas ele era suspeito como premissa, o pressuposto dos tucanos é que ele era o escolhido. Demônio para os primeiros, anjo para os segundos. Na verdade, à parte suas qualidades pessoais, Dantas era quase nada no pesado jogo em que ele se meteu.
Os contendores eram faixa preta. A Telecom Itália, para enfrentá-lo e vencê-lo, alem da própria força (tendo atrás de si a Pirelli e o governo italiano), contou com o apoio da Previ, do Banco do Brasil, do Ministério da Fazenda e do já então presidente Lula.
Uma das virtudes de Raimundo está na meticulosidade, na paciência em buscar provas e juntar peças isoladas. Graças a essa capacidade, ele desvenda outro paradoxo: como é que o governo Lula, posto no poder em nome dos trabalhadores e da nacionalidade, acabou favorecendo uma multinacional italiana e, depois dela, arrematou a desnacionalização da telefonia, iniciada pelos tucanos?
Não é simples montar a equação que leva a esse resultado. Afinal, Lula abriu mais uma vez as burras do BNDES, fazendo-o liberar R$ 13,6 bilhões, a pretexto de dar a oportunidade a dois grupos nacionais, o da Andrade Gutierrez e o de Carlos Jereissati, de criar uma tele “verde-amarela”. Uma vez juntadas as partes na constituição da nova “super-tele”, a Oi, vem exatamente a Portugal Telecom e abocanha a mal-nascida tele canarinha, numa conjuminação que expurga tudo que é nacional para só deixar em campo espanhóis, portugueses, americanos, italianos e mexicanos.
Tal metamorfose, obrada por um especialista na matéria, não é fruto de um estalar de dedos. Resulta de muita espionagem, coação, maquiavelismo, jogo sujo, corrupção e fraude. O delegado Protógenes Queiroz não é o cavaleiro imaculado nessa epopéia fétida. Ele é um elemento da engrenagem, embora incompetente e ególatra. Por isso é que Raimundo Pereira contrapõe o que o delegado da PF apurou ao que o próprio jornalista levantou, justapondo as duas investigações, que dão título ao livro. Pode parecer presunção e excesso de confiança do jornalista, que, assim, se torna tão personagem da história quanto o delegado. Jornalista nunca é personagem: é o reportador de fatos, o escrivão da frota, o arauto das novidades.
No entanto, é convincente o recurso metodológico que Raimundo adotou. Pode servir de lição para jornalistas que se viciaram na mera reprodução de dossiês, preparados por determinadas fontes para atender apenas às necessidades delas e não aos interesses da opinião pública. Raimundo leu os milhares de páginas da documentação oficial, mas as analisou e criticou. E não ficou no gabinete de leitura: foi aos cenários dos acontecimentos fazer verificações.
Pode-se argumentar, como fez Sérgio Rosa, que ele foi tendencioso, ouvindo mais – e, em alguns casos, só – a Daniel Dantas. Pode-se também lamentar que ele tenha dado atenção menor às participações do advogado Luís Eduardo Greenhalgh, ex-deputado federal do PT de São Paulo, e José Dirceu, o poderoso chefe da Casa Civil de Lula, que seria aliado de Dantas, cuja participação, mesmo quando já estava fora do governo, parece ter sido decisiva.
De fato, numa leitura apressada ou preventa, o livro tem o gosto de obra de encomenda, feita para salvar a pele da fonte das informações. Daniel Dantas sai bem melhor do livro de Raimundo do que de qualquer outro texto já escrito a respeito. Contudo, todas as afirmações do livro estão documentadas e demonstradas. Há provas dos dois lados da contenda, inclusive uma carta do até pouco tempo atrás todo-poderoso presidente da Previ, Sérgio Rosa, que acusa justamente Raimundo de ter trocado o chifre demoníaco de Dantas por uma auréola beatificante. Mas quem disser o contrário terá que se dar a trabalho igual ou maior do que o do jornalista.
Ao contrário da maioria do que aparece na imprensa escrita ou na internet, não há dúvida que o trabalho de Raimundo é jornalismo – e da melhor qualidade (embora, talvez pela pressa na produção do livro, haja escorregões na escrita). Pode estar errado, pode até ser tendencioso (se é desonesto, a questão deve ser bem apurada antes de virar especulação à base da dedução em tese), mas ele obriga a repensar a privatização das teles e, a partir desse tema, nas mudanças que estão ocorrendo no Brasil. Sem os esquemas explicativos do passado, que se defasaram e só têm valor retrospectivo.
Se polícia, bandido e jornalistas são personagens essenciais da trama nacional, há outros que surgiram e se agigantaram ao mesmo tempo em que o país cresceu de forma acelerada, graças, sobretudo, à entrada de dezenas de bilhões de dólares, “como nunca antes”, fazendo a reserva internacional se aproximar de um registro recorde: US$ 300 bilhões. São financistas, conselheiros, agentes de informação, delegados federais e burocratas.
Alguns deles já estavam no palco. A novidade é que saíram do fundo de cena para a posição principal. E não se forma convencional: o segundo homem de Daniel Dantas, Carlos Rodemburgo, pode estar um momento em Nova York e no outro em Redenção, no sul do Pará, combatendo a invasão das enormes fazendas do Oppotunity ou negociando com financistas internacionais. E delegados de polícia, envergando ternos de corte refinado, podem circular por capitais do mundo como se fossem neo-007, sem o mesmo charme, mas com a presunção de mais carisma, como Protógenes, o primeiro policial federal a se eleger político federal, rompendo a tênue linha que ainda demarca as diferenças e os campos próprios.
O escândalo Daniel Dantas não pode permanecer nos bastidores. Tem que vir a público e ser destripado para que de suas partes surjam não as versões utilitárias e montadas, como a da TV Globo, num dos mais tristes momentos de cumplicidade aética do jornalismo brasileiro nos últimos tempos, montando um “flagrante” de corrupção, mas aquela verdade que resistir ao teste de consistência da sociedade. Não se começa uma corrida assim com a verdade. Ela é alcançada no fim. E o fim desta história ainda está muito longe.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
LIXO RECICLADO GERA MUITOS BENEFICIOS
SEPARE SEU LIXO EM CASA E PROCURE UMA INSTITUIÇÃO DE RECICLAGEM PRÓXIMA DE VOCÊ PARA QUE ELES FAÇAM A COLETA.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
O FUTURO JÁ CHEGOU E EU NÃO SABIA!
(AUTOR DESCONHECIDO)
Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
- Moça, vocês têm pen drive?
- Temos, sim.
- O que é pen drive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
- Bom, pen drive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
- Ah, como um disquete...
- Não. No pen drive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
- Ah, tá. bom, vou querer.
- Quantos gigas?
- Hein?
- De quantos gigas o senhor quer o seu pen drive?
- O que é gigas?
- É o tamanho do pen.
- Ah, tá, eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso, sem fazer muito volume.
- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
- Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
- Dois, quatro, oito e até dez gigas.
- Hummmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
- Neste caso, o melhor é levar o maior.
- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
- Bem, o de dez gigas é o mais caro. A sua entrada é USB?
- Como?
- É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
- USB não é a potência do ar condicionado?
- Não, aquilo é BTU.
- Ah é, isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
- USB é assim ó, com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.
- Hmmmm..., enfiar o pino no buraquinho, né?
- Hehehe. O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2.
- Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pen drive.
- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
- Quem sabe o senhor liga para ele?
- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda não aprendi a discar.
- Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone, este é bom mesmo, tem Bluetooth, woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora, radio AM/FM, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, micro-ondas e conexão wireless.
- Micro-ondas? Dá para cozinhar nele?
- Não senhor, assim o senhor me faz rir, é que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores não possuíam Bluetooth.
- O senhor sabe para que serve?
- É claro que não.
- É para comunicar um celular com outro, sem fio.
- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
- Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
- Ah, e antes precisava fio?
- Não, tinha que trocar o chip.
- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
- Momentinho... Deixa eu ver... Sim, tem chip.
- E faço o quê, com o chip?
- Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
- Sei, sim, portabilidade, não é?, claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
- Nãão, é tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isto. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão verde... pronto, está chamando.
Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
- Oi filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive. De noite eu levo para casa.
- Que idade tem seu filho?
- Vai fazer dez em março.
- Que gracinha...
- É isto moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
- Certo, senhor. Quer para presente?
Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes? Onde iremos parar? Olha, com receio, para o celular sobre a mesa.
Máquina infernal, pensa.
Tudo o que ele quer é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha mais de quarenta, saberá compreender.
Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona.
O garoto insere o aparelho e na tela abre-se uma janela. Em seguida, com o mouse, abre uma página da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um roque infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo.
Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:
- Pronto pai, baixei a música. Agora eu levo o pen drive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
- Teu celular tem entrada USB?
- É lógico. O teu também tem.
- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?
- Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, dei um beijo em Clarinha e disse:
- Sabe que eu tenho Bluetooth?
- Como é que é?
- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?
- Não enche, Haroldo, deixa eu dormir.
- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?
- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.
- E conexão USB também.
- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.
- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.
- Ué? Por quê?
- Porque eu recém tinha aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.
- Por falar nisso temos que trocar nossa televisão.
- Ué? A nossa estragou?
- Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.
- Tudo isso?
- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir.
Quando estava quase pegando no sono, o filho entra no quarto e diz:
- Pai, me compra um Wii 2 X-7 ?
- Ah !!! nãoooooooooooooooooooooooooooooooo !!!!
Haroldo tirou o papel do bolso, conferiu a anotação e perguntou à balconista:
- Moça, vocês têm pen drive?
- Temos, sim.
- O que é pen drive? Pode me esclarecer? Meu filho me pediu para comprar um.
- Bom, pen drive é um aparelho em que o senhor salva tudo o que tem no computador.
- Ah, como um disquete...
- Não. No pen drive o senhor pode salvar textos, imagens e filmes. O disquete, que nem existe mais, só salva texto.
- Ah, tá. bom, vou querer.
- Quantos gigas?
- Hein?
- De quantos gigas o senhor quer o seu pen drive?
- O que é gigas?
- É o tamanho do pen.
- Ah, tá, eu queria um pequeno, que dê para levar no bolso, sem fazer muito volume.
- Todos são pequenos, senhor. O tamanho, aí, é a quantidade de coisas que ele pode arquivar.
- Ah, tá. E quantos tamanhos têm?
- Dois, quatro, oito e até dez gigas.
- Hummmm, meu filho não falou quantos gigas queria.
- Neste caso, o melhor é levar o maior.
- Sim, eu acho que sim. Quanto custa?
- Bem, o de dez gigas é o mais caro. A sua entrada é USB?
- Como?
- É que para acoplar o pen no computador, tem que ter uma entrada compatível.
- USB não é a potência do ar condicionado?
- Não, aquilo é BTU.
- Ah é, isso mesmo. Confundi as iniciais. Bom, sei lá se a minha entrada é USB.
- USB é assim ó, com dentinhos que se encaixam nos buraquinhos do computador. O outro tipo é este, o P2, mais tradicional, o senhor só tem que enfiar o pino no buraco redondo.
- Hmmmm..., enfiar o pino no buraquinho, né?
- Hehehe. O seu computador é novo ou velho? Se for novo é USB, se for velho é P2.
- Acho que o meu tem uns dois anos. O anterior ainda era com disquete. Lembra do disquete? Quadradinho, preto, fácil de carregar, quase não tinha peso. O meu primeiro computador funcionava com aqueles disquetes do tipo bolacha, grandões e quadrados. Era bem mais simples, não acha?
- Os de hoje nem têm mais entrada para disquete. Ou é CD ou pen drive.
- Que coisa! Bem, não sei o que fazer. Acho melhor perguntar ao meu filho.
- Quem sabe o senhor liga para ele?
- Bem que eu gostaria, mas meu celular é novo, tem tanta coisa nele que ainda não aprendi a discar.
- Deixa eu ver. Poxa, um Smarthphone, este é bom mesmo, tem Bluetooth, woofle, brufle, trifle, banda larga, teclado touchpad, câmera fotográfica, filmadora, radio AM/FM, dá pra mandar e receber e-mail, torpedo direcional, micro-ondas e conexão wireless.
- Micro-ondas? Dá para cozinhar nele?
- Não senhor, assim o senhor me faz rir, é que ele funciona no sub-padrão, por isso é muito mais rápido.
- E Bluetooth? Estou emocionado. Não entendo como os celulares anteriores não possuíam Bluetooth.
- O senhor sabe para que serve?
- É claro que não.
- É para comunicar um celular com outro, sem fio.
- Que maravilha! Essa é uma grande novidade! Mas os celulares já não se comunicam com os outros sem usar fio? Nunca precisei fio para ligar para outro celular. Fio em celular, que eu saiba, é apenas para carregar a bateria...
- Não, já vi que o senhor não entende nada, mesmo. Com o Bluetooth o senhor passa os dados do seu celular para outro, sem usar fio. Lista de telefones, por exemplo.
- Ah, e antes precisava fio?
- Não, tinha que trocar o chip.
- Hein? Ah, sim, o chip. E hoje não precisa mais chip...
- Precisa, sim, mas o Bluetooth é bem melhor.
- Legal esse negócio do chip. O meu celular tem chip?
- Momentinho... Deixa eu ver... Sim, tem chip.
- E faço o quê, com o chip?
- Se o senhor quiser trocar de operadora, portabilidade, o senhor sabe.
- Sei, sim, portabilidade, não é?, claro que sei. Não ia saber uma coisa dessas, tão simples? Imagino, então que para ligar tudo isso, no meu celular, depois de fazer um curso de dois meses, eu só preciso clicar nuns duzentos botões...
- Nãão, é tudo muito simples, o senhor logo apreende. Quer ligar para o seu filho? Anote aqui o número dele. Isto. Agora é só teclar, um momentinho, e apertar no botão verde... pronto, está chamando.
Haroldo segura o celular com a ponta dos dedos, temendo ser levado pelos ares, para um outro planeta:
- Oi filhão, é o papai. Sim. Me diz, filho, o seu pen drive é de quantos... Como é mesmo o nome? Ah, obrigado, quantos gigas? Quatro gigas está bom? Ótimo. E tem outra coisa, o que era mesmo? Nossa conexão é USB? É? Que loucura. Então tá, filho, papai está comprando o teu pen drive. De noite eu levo para casa.
- Que idade tem seu filho?
- Vai fazer dez em março.
- Que gracinha...
- É isto moça, vou levar um de quatro gigas, com conexão USB.
- Certo, senhor. Quer para presente?
Mais tarde, no escritório, examinou o pen drive, um minúsculo objeto, menor do que um isqueiro, capaz de gravar filmes? Onde iremos parar? Olha, com receio, para o celular sobre a mesa.
Máquina infernal, pensa.
Tudo o que ele quer é um telefone, para discar e receber chamadas. E tem, nas mãos, um equipamento sofisticado, tão complexo que ninguém que não seja especialista ou tenha mais de quarenta, saberá compreender.
Em casa, ele entrega o pen drive ao filho e pede para ver como funciona.
O garoto insere o aparelho e na tela abre-se uma janela. Em seguida, com o mouse, abre uma página da internet, em inglês. Seleciona umas palavras e um roque infernal invade o quarto e os ouvidos de Haroldo.
Um outro clique e, quando a música termina, o garoto diz:
- Pronto pai, baixei a música. Agora eu levo o pen drive para qualquer lugar e onde tiver uma entrada USB eu posso ouvir a música. No meu celular, por exemplo.
- Teu celular tem entrada USB?
- É lógico. O teu também tem.
- É? Quer dizer que eu posso gravar músicas num pen drive e ouvir pelo celular?
- Se o senhor não quiser baixar direto da internet...
Naquela noite, antes de dormir, dei um beijo em Clarinha e disse:
- Sabe que eu tenho Bluetooth?
- Como é que é?
- Bluetooth. Não vai me dizer que não sabe o que é?
- Não enche, Haroldo, deixa eu dormir.
- Meu bem, lembra como era boa a vida, quando telefone era telefone, gravador era gravador, toca-discos tocava discos e a gente só tinha que apertar um botão, para as coisas funcionarem?
- Claro que lembro, Haroldo. Hoje é bem melhor, né? Várias coisas numa só, até Bluetooth você tem.
- E conexão USB também.
- Que ótimo, Haroldo, meus parabéns.
- Clarinha, com tanta tecnologia a gente envelhece cada vez mais rápido. Fico doente de pensar em quanta coisa existe, por aí, que nunca vou usar.
- Ué? Por quê?
- Porque eu recém tinha aprendido a usar computador e celular e tudo o que sei já está superado.
- Por falar nisso temos que trocar nossa televisão.
- Ué? A nossa estragou?
- Não. Mas a nossa não tem HD, tecla SAP, slowmotion e reset.
- Tudo isso?
- Tudo. Boa noite, Haroldo, vai dormir.
Quando estava quase pegando no sono, o filho entra no quarto e diz:
- Pai, me compra um Wii 2 X-7 ?
- Ah !!! nãoooooooooooooooooooooooooooooooo !!!!
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
O valioso tempo dos maduros
De: Mário de Andrade
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa... Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
Belém - 395 anos
"(...)O que é que tens feito
Que estás tão faceira
Mais jovem que os jovens irmãos que deixei
Mais sábia que toda a ciência da terra
Mais terra, mais dona do amor que te dei
Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe
Meu sol, minha rêde, meu tamba-tajá
A sesta o sossego da tarde descalça
O sono suado do amor que se dá
E o orvalho invisível na flôr se embrulhando
Com medo das asas do galo cantando
Um novo dia vai anunciando
Cantando e varando silêncios de lar
(...)
Belém minha terra, minha casa, meu chão
Meu sol de janeiro a janeiro a suar
Me beija, me abraça que quero matar
A doída saudade que quer me acabar
Sem círio da virgem, sem cheiro cheiroso
Sem a "chuva das duas " que não pode faltar
Cochilo saudades na noite abanando
Teu leque de estrelas, Belém do Pará!"
Parabéns a Belém que tão bem recebe aos filhos de outras terra.
Que estás tão faceira
Mais jovem que os jovens irmãos que deixei
Mais sábia que toda a ciência da terra
Mais terra, mais dona do amor que te dei
Onde anda meu povo, meu rio, meu peixe
Meu sol, minha rêde, meu tamba-tajá
A sesta o sossego da tarde descalça
O sono suado do amor que se dá
E o orvalho invisível na flôr se embrulhando
Com medo das asas do galo cantando
Um novo dia vai anunciando
Cantando e varando silêncios de lar
(...)
Belém minha terra, minha casa, meu chão
Meu sol de janeiro a janeiro a suar
Me beija, me abraça que quero matar
A doída saudade que quer me acabar
Sem círio da virgem, sem cheiro cheiroso
Sem a "chuva das duas " que não pode faltar
Cochilo saudades na noite abanando
Teu leque de estrelas, Belém do Pará!"
Parabéns a Belém que tão bem recebe aos filhos de outras terra.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
As abelhas são vitais para a vida na Terra
Caros amigos,
As abelhas estão morrendo em todo o mundo, colocando em perigo a nossa cadeia alimentar. Os cientistas culpam os agrotóxicos e quatro governos europeus já os proibiram. Se conseguirmos que os EUA e a União Europeia se unam à proibição, outros governos ao redor do mundo poderão seguir o exemplo e salvar da extinção milhares de abelhas. Assine a petição e encaminhe este apelo urgente:
Silenciosamente, bilhões de abelhas estão morrendo, colocando toda a nossa cadeia alimentar em perigo. Abelhas não fazem apenas mel, elas são uma força de trabalho gigante e humilde, polinizando 90% das plantas que produzimos.
Vários estudos científicos mencionam um tipo de agrotóxico que contribui para o extermínio das abelhas. Em quatro países Europeus que baniram estes produtos, a população de abelhas já está se recuperando. Mas empresas químicas poderosas estão fazendo um lobby pesado para continuar vendendo estes venenos. A única maneira de salvar as abelhas é pressionar os EUA e a União Europeia para eles aderirem à proibição destes produto letais - esta ação é fundamental e terá um efeito dominó no resto do mundo.
Não temos tempo a perder - o debate sobre o que fazer está esquentando. Não se trata apenas de salvar as abelhas, mas de uma questão de sobrevivência. Vamos gerar um zumbido global gigante de apelo à UE e aos EUA para proibir estes produtos letais e salvar as nossas abelhas e os nossos alimentos. Assine a petição de emergência agora, envie-a para todo mundo, nós a entregaremos aos governantes responsáveis:
https://secure.avaaz.org/po/save_the_bees/?vl
As abelhas são vitais para a vida na Terra - a cada ano elas polinizam plantas e plantações com um valor estimado em US$40 bilhões, mais de um terço da produção de alimentos em muitos países. Sem ações imediatas para salvar as abelhas, poderíamos acabar sem frutos, legumes, nozes, óleos e algodão.
As abelhas estão morrendo em todo o mundo, colocando em perigo a nossa cadeia alimentar. Os cientistas culpam os agrotóxicos e quatro governos europeus já os proibiram. Se conseguirmos que os EUA e a União Europeia se unam à proibição, outros governos ao redor do mundo poderão seguir o exemplo e salvar da extinção milhares de abelhas. Assine a petição e encaminhe este apelo urgente:
Silenciosamente, bilhões de abelhas estão morrendo, colocando toda a nossa cadeia alimentar em perigo. Abelhas não fazem apenas mel, elas são uma força de trabalho gigante e humilde, polinizando 90% das plantas que produzimos.
Vários estudos científicos mencionam um tipo de agrotóxico que contribui para o extermínio das abelhas. Em quatro países Europeus que baniram estes produtos, a população de abelhas já está se recuperando. Mas empresas químicas poderosas estão fazendo um lobby pesado para continuar vendendo estes venenos. A única maneira de salvar as abelhas é pressionar os EUA e a União Europeia para eles aderirem à proibição destes produto letais - esta ação é fundamental e terá um efeito dominó no resto do mundo.
Não temos tempo a perder - o debate sobre o que fazer está esquentando. Não se trata apenas de salvar as abelhas, mas de uma questão de sobrevivência. Vamos gerar um zumbido global gigante de apelo à UE e aos EUA para proibir estes produtos letais e salvar as nossas abelhas e os nossos alimentos. Assine a petição de emergência agora, envie-a para todo mundo, nós a entregaremos aos governantes responsáveis:
https://secure.avaaz.org/po/save_the_bees/?vl
As abelhas são vitais para a vida na Terra - a cada ano elas polinizam plantas e plantações com um valor estimado em US$40 bilhões, mais de um terço da produção de alimentos em muitos países. Sem ações imediatas para salvar as abelhas, poderíamos acabar sem frutos, legumes, nozes, óleos e algodão.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Em Economia o passado não passa!
Extraido da coluna "márioramosribeiro", pag 2 de "O LIberal" de 2/1/2011, o laureado economista nos brinda com a seguinte afirmativa a respeito do que se pode esperar da economia no ano de 2011:
"O passado está nos controlando.Por causa do passado não vamos crescer muito neste 2011 e por causa do passado vamos distribuir menos renda e a riqueza, vamos investir menos. Por causa do passado vamos depender do investimento externo mais do que nunca - e o pior, só poderemos fechar a s contas se os juros subirem para aumentar o carry trade."
"Tem causa? Tem culpa? O Ministro Guido Mantega nos remete "ao passado". Mas o "passado" nasceu bem perto de 2011. Nasceu no Brasil em 2007, virou malandro barbudo no período pré-eleitoral de 2009 e em 2010 gerou este aborto que nos sufocará pelo menos até 2014."
"O passado está nos controlando.Por causa do passado não vamos crescer muito neste 2011 e por causa do passado vamos distribuir menos renda e a riqueza, vamos investir menos. Por causa do passado vamos depender do investimento externo mais do que nunca - e o pior, só poderemos fechar a s contas se os juros subirem para aumentar o carry trade."
"Tem causa? Tem culpa? O Ministro Guido Mantega nos remete "ao passado". Mas o "passado" nasceu bem perto de 2011. Nasceu no Brasil em 2007, virou malandro barbudo no período pré-eleitoral de 2009 e em 2010 gerou este aborto que nos sufocará pelo menos até 2014."
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
SE VOCÊ OBEDECE A SINALIZAÇÃO - CUIDADO!
No período compreendido entre os últimos dias do ano de 2010 e os primeiros dias de 2011 percorri 2.700 km de estradas rodoviárias entre os Estados do Pará, Maranhão e Piauí. Para minha surpresa a maioria das estradas estão com seus pavimentos em bom estado de conservação, com excessão de uma estrada estadual do Maranhão, de aproximadamente 200km, que liga os municípios de Pinheiro e, Santa Helena ao município de Nunes Freire, cuja situação é lastimável.
A questão que gostaria de abordar porém não é a conservação das rodovias e sim a questão da obediência a sinalização nas mesmas. Trata-se de um assunto preocupante, pois se você é um motorista consciente que obedece a sinalização e guia seu veículo com prudência tome muito cuidado pois você está correndo um sério risco.
Se a sinalização lhe orienta a dirigir a uma velocidade de 80 km/h você corre o risco de ser atropelado literalmente por uma carreta que com certeza está sendo guiada a uma velocidade maior. Hoje em dia os veículos maiores - ônibus, caminhão, carreta, etc, estão equipados com motores super potentes que podem desenvolver velocidades acima de 120 km/h.
Se você está conduzindo seu veículo em uma viajem noturna tome muito cuidado pois muitos veículos estão equipados com faróis altamente potentes que produzem uma luminosidade muito alta que provoca, em muitas vezes, o cegamento de quem vem em sentido contrário.
Se você vai ultrapassar um veículo cuja velocidade é inferior a sua, tome muito cuidado pois é muito comum que o motorista que está dirigindo o veículo a ser ultrapassado tenha um espírito de competição reprimido e acelera justamente no momento da ultrapassagem causando com isso muita dificuldade para quem vai ultrapassa-lo.
Ao avistar um veículo procure identificar a situação do mesmo pois estão rodando por aí veículos velhos sem as mínimas condições. Encontra-se também muitos veículos sem as luzes de identificação noturna.
Outra questão é que a grande maioria das nossas estradas não possuem acostamento, muito cuidado pois é comum encontrar veículos parados na pista de rolamento sem nehuma sinalização.
Enfim se voce obedece a sinalização tenha muito cuidado pois muita gente não procede dessa forma e coloca em risco a sua vida. Boa viagem!
A questão que gostaria de abordar porém não é a conservação das rodovias e sim a questão da obediência a sinalização nas mesmas. Trata-se de um assunto preocupante, pois se você é um motorista consciente que obedece a sinalização e guia seu veículo com prudência tome muito cuidado pois você está correndo um sério risco.
Se a sinalização lhe orienta a dirigir a uma velocidade de 80 km/h você corre o risco de ser atropelado literalmente por uma carreta que com certeza está sendo guiada a uma velocidade maior. Hoje em dia os veículos maiores - ônibus, caminhão, carreta, etc, estão equipados com motores super potentes que podem desenvolver velocidades acima de 120 km/h.
Se você está conduzindo seu veículo em uma viajem noturna tome muito cuidado pois muitos veículos estão equipados com faróis altamente potentes que produzem uma luminosidade muito alta que provoca, em muitas vezes, o cegamento de quem vem em sentido contrário.
Se você vai ultrapassar um veículo cuja velocidade é inferior a sua, tome muito cuidado pois é muito comum que o motorista que está dirigindo o veículo a ser ultrapassado tenha um espírito de competição reprimido e acelera justamente no momento da ultrapassagem causando com isso muita dificuldade para quem vai ultrapassa-lo.
Ao avistar um veículo procure identificar a situação do mesmo pois estão rodando por aí veículos velhos sem as mínimas condições. Encontra-se também muitos veículos sem as luzes de identificação noturna.
Outra questão é que a grande maioria das nossas estradas não possuem acostamento, muito cuidado pois é comum encontrar veículos parados na pista de rolamento sem nehuma sinalização.
Enfim se voce obedece a sinalização tenha muito cuidado pois muita gente não procede dessa forma e coloca em risco a sua vida. Boa viagem!
Assinar:
Postagens (Atom)