Estamos vivendo um tempo de predisposição para se aceitar quebra de normas legais como se fosse a coisa mais normal do mundo. A tradição de existirem
leis “que pegam” e outras que nem tanto, que marca negativamente a nossa sociedade,
passou a ser um parâmetro considerado válido para o comportamento, do cidadão comum
ao presidente da República.
A quebra do sigilo da declaração de Imposto de Renda de um cidadão admitida
pelo próprio secretário da Receita Federal em depoimento no Senado, não
provoca mais nenhuma indignação por parte da grande maioria da sociedade;nenhum estremecimento na máquina pública,que deveria existir para servir aos cidadãos, e não
ao governo da ocasião.
Por outro lado, o fato inédito de o presidente da República ter sido multado seguidas vezes por transgredir a lei eleitoral passa a ser considerado normal. O episódio em que o presidente Lula finge pedir desculpas por ter citado
a sua ex-ministra, como a grande mentora do projeto do trem-bala
é o ápice de um processo de degradação moral da política, não apenas pelo
cinismo do mea-culpa, mas porque estava presente à solenidade o presidente do
Tribunal Superior Eleitoral,Ricardo Lewandowski.
O fingimento do presidente levou-o a desrespeitar a legislação eleitoral
mais uma vez, e certamente a esperteza do chefe deve ter sido intimamente
comemorada pelos áulicos presentes, muitos dos quais aplaudiram a primeira
transgressão.
Há uma tendência a aceitar que o empenho pessoal do presidente Lula, com a força de sua popularidade, e o uso da máquina pública em favor da candidatura oficial a tornam
favorita das eleições de outubro. E não se leva em conta que essa combinação de forças é ilegal.
Os escândalos se sucedem e a sociedade parace estar amordaçada, não há reação, não se condena, não se pune apenas se conforma.
Dia 3 de outubro está por chegar. É a hora de se dizer o que se pensa.
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