O PT e a sua legião de Sininhos empenhadas em criar a Terra do Nunca. Ou: Governo vai tentar ignorar denúncia de que baderneiros são financiados
Há certas coisas que são de uma obviedade que chegam quase a dar preguiça — embora sejam, sim, importantes porque podem estar na raiz de alguns dos males brasileiros. Infelizmente, e torço para estar errado, eu não aposto R$ 0,10 — R$ 1 milhão muito menos, até porque não tenho isso tudo, hehe… — que haverá empenho do governo federal para chegar a fundo na origem do financiamento da baderna de rua. A denúncia de Jonas Tadeu, advogado dos assassinos do cinegrafista Santiago Andrade, é muito séria. Ele acusa políticos, partidos e grupos de financiar o que chamou de “terrorismo social”.
Que há militância organizada na rua, isso é inequívoco. Olhem Elisa de Quadros, a tal Sininho. Percebe-se de longe o cheiro da militante profissional. Não se conhece a sua ocupação, embora tenha dois endereços no Rio e dois RGs. Vive de quê? De onde tira o dim-dim que paga o feijão? Atenção, leitores! Nos regimes democráticos, alguém sempre está financiando alguma causa. É parte do jogo. A questão é saber se esse financiamento se dá nos limites da legalidade ou não; a questão é saber se a causa patrocinada civiliza ou embrutece; contribui para uma sociedade mais democrática e tolerante ou promove a violência, o caos e a morte.
Embora essas confusões de rua sejam um incômodo para o PT e possam criar severas dificuldades para a presidente Dilma durante a Copa do Mundo, o partido vai querer passar longe da questão; vai dar um jeito de olhar para o outro lado. Infelizmente, não vejo a Polícia Federal empenhada em ir a fundo no tema. A razão é simples: OS PETISTAS FAZEM A MESMA COISA. ESSE É O SEU MÉTODO DE AÇÃO. É PRÁTICA CORRENTE NO PT FINANCIAR OS DITOS MOVIMENTOS SOCIAIS.
Querem exemplos? Na eleição de 2012 para a Prefeitura, apareceu um troço chamado “Existe Amor em São Paulo”. Parecia espontâneo, coisa da sociedade. Descobriu-se depois que era uma criação do comitê de campanha de Fernando Haddad. A turma ganhou até cargo na Prefeitura. O Movimento Passe Livre, que promoveu as primeiras badernas na cidade, em junho, sempre operou em parceria com os petistas. O MST, que botou pra quebrar em Brasília, é parceiro histórico do PT.
O partido não quer discutir o financiamento ilegal de movimentos de protesto porque isso levantaria óbvias suspeitas sobre a sua própria maneira de se organizar e sobre a sua própria conduta. Os movimentos de sem-teto que infernizam São Paulo nasceram no petismo e têm sólidos vínculos com a legenda até hoje. E é evidente que as outras organizações partidárias sabem disso.
Pensemos um pouquinho: quando o PT aparelha um sindicato e passa a submeter uma categoria profissional à agenda do partido e às suas necessidades, estará fazendo algo muito diferente do que fazem os que financiam estes que saem quebrando tudo por aí? O crime, evidentemente, é menos grave — mas a ação é igualmente ilegal. Afinal, um sindicato deve pensar primeiro nos interesses dos seus filiados.
Quando os petistas usam dinheiro público, da administração direta e das estatais, para financiar páginas na Internet que se dedicam à pistolagem política contra a oposição e contra a imprensa livre, estarão atuando de modo muito diverso dos que “contratam” a mão de obra de baderneiros? Talvez seja até um pouco mais grave porque usam dinheiro público.
O advogado Jonas Tadeu botou o dedo numa ferida importante. Ainda que corra riscos em razão de movimentos que saem do seu controle, o PT não vai querer fazer esse debate. Ao contrário: vai é fugir dele porque, se a legenda X ou Y têm uma Sininho, a Fadinha que acompanha Peter Pan, o petismo tem umas 500, todas elas empenhadas em criar a Terra do Nunca.
BY VEJA
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