Acontece que, dado ao meu cansaço como assíduo leitor das verdades publicadas pela facção honesta da imprensa, sobre os malfeitores e inimigos públicos que infestam os poderes do Estado, resolvi dar nome aos bois.
Vou me prestar à pior função que a desonestidade humana permite e delatar com todas as letras os responsáveis pelo caos que hoje vivemos no Brasil.
Quero ser um vil delator, Mas não como os criminosos que denunciam seus parceiros de quadrilha para conseguir benesses da justiça. Não me rebaixaria à pequenez dessa infâmia. A intenção é a de apenas mostrar com o máximo de clareza onde cabem as responsabilidades por esse inferno e desmando que todos passamos.
O primeiro da lista é o seu Manoelzinho do armazém. Nós dois já discutimos e quase chegamos às vias de fato, quando eu tentei mostrar a ele que não deveria votar em um ladrão descarado. E levei provas. Disse dos processos, das pendengas com o ministério público e nada. O homem se mostrou irredutível. E o pior de tudo: votou em quem não devia. E se gabou da vitória. Até o dia em que deu entrada em um hospital público, com um problema sério da coluna vertebral, como conseqüência da queda de um telhado.
Ali, esse pobre enganado sofreu o pão que o diabo amassou. E mesmo quase inválido da queda, não conseguindo uma ambulância para transportá-lo, precisou ser levado de moto por um vizinho. Como o seu caso era de uma certa gravidade, o Manoelzinho precisava de alguns exames sofisticados. E conseguiu com prazos de 2 ou 3 meses cada um. O final foi a luta para conseguir um colete que lhe sustentasse a postura para conseguir a cura. Hoje é mais um inválido que não se permite qualquer esforço físico e talvez não vote nunca mais.
Outra que faço questão de denunciar aqui é uma grande amiga. Dona Ivone, freqüentadora assídua do meu convívio e da minha casa. Tanto elogiou um certo deputado e um candidato a Governador que como prêmio, teve uma filha estuprada em uma dessas nossas mal iluminadas ruas de todas as cidades do Estado. Hoje tem verdadeiros ataques de fúria apenas com a menção dos seus eleitos.
Já o Nivaldo não. Nivaldo foi comprado. Deram a ele cem reais para votar em uns quatro ou cinco nomes da eleição passada e ele obedeceu cegamente. Cem reais é muito para quem tem que sustentar família com um salário mínimo, e da pra comprar a gororoba por pelo menos uns quinze dias. O problema é que eu disse ao Nivaldo: recebe o dinheiro e vota em outro. Mas ele achou isso muito desonesto.
E aqui estão outros. Terezinha. Maria das Dores ( esta uma das amantes de um tubarão da política). Olavo, hoje preso por vender maconha como única forma de ganhar uns trocados. Dirce. Matheus. Paulinho. Clóvis. Eduardo, estes viventes das esmolas públicas.
Não posso nominar a todos. Não existiria espaço suficiente para caber centenas de milhares de pessoas. O que me impressiona é a rigidez da ideologia deles. Nada nesse mundo pode convencer esse povo inteiro de que a desonestidade que campeia solta, foi autorizada por ele a executar essas safadezas.
E outras eleições virão. E esse meu sofrido povo continuará votando nessa corja.
Que mágica é essa que a psicologia, a psiquiatria, a sociologia e todas as teorias não entendem? Que artifícios são usados para direcionar uma população tão carente de tudo a cometer os mesmos erros em todas as eleições?
Não sei. O que eu sei é que a base é o engano, o logro, a mentira, a falsidade e as promessas.
Só me resta parodiar o Grande Churchill usando à minha maneira uma de suas célebres frases. Nunca, na história da safadeza humana, tantos foram enganados tanto, por tão poucos.
Publicado por Luiz Berto em TERCEIRA VISÃO - Cícero Cavalcanti
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