quarta-feira, 27 de julho de 2011

AGONIA DE UM RIO.

Tendo em mente o que estamos fazendo com o Araguaia busco, na agonia de um rio, juntar lágrimas para encher a todos os rios ameçados.

AUTOR FRANCISO ITAERÇO

E um ocaso
Nasce dentro de mim a cem por hora
Para acelerar a tristeza d’alma
Pelo deslavado desprezo às tuas águas.

Corre lento, ô, Tocantins!
Lambe a terra que te assoreia
As margens nuas, sem capins,
E o leito inteiro cheio de areia.

Beija a areia, bate nas fragas!
Choram tuas ondas, choram em vão.
É inútil e triste o choro das águas,
Só enche de mágoas meu coração.

Duvido que haja clamor no mundo
Mais vão, mais triste que meu clamor.
Ouço tua voz, agonizante, moribundo…
No homem eu sinto só desamor.

É a morte negra que se avizinha
Com capuz no rosto e foice na mão.
Ah, Tocantins, que sorte mesquinha!
Piedade, amigo, peço-te perdão!

Ah, que saudade do Gorgulho da Rita,
Onde as crianças pescavam piaus!
Saudades infindas das areias límpidas
Lembram-me ainda a Praia do Cacau!

Meus nefastos atos do teu leito eclodirão,
Dos quais eu mesmo, me envergonho
Entre agonia, desespero e pranto em vão,
De ferir de morte o rio onde tomo banho.

É meu desejo e aqui a Deus imploro:
Tuas águas voltem a ser puras e cristalinas,
As gerações futuras não chorem com eu choro,
Suas lágrimas não sejam tristes como as minhas.

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