quarta-feira, 21 de setembro de 2011

BOTANDO OS BOIS PRA DORMIR

Ao assinar uma parceria com o governo dos Estados Unidos pela transparência e pela fiscalização das ações dos poderes públicos, nesta terça-feira (21), a presidente Dilma Rousseff destacou a liberdade que a imprensa tem para exercer suas atividades no Brasil. Em rápido discurso durante encontro com o presidente norte-americano Barack Obama, em Nova York, Dilma ressaltou também a “autonomia” que Polícia Federal, Controladoria-Geral da União e Procuradoria-Geral da República têm para combater a corrupção.

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De todos os órgãos de combate à corrupção nominados pela Presidenta Dilma, o que foi citado no final é o mais importante e o mais eficaz. Vou transcrever do jeito que ela falou:

“Conta-se também com a positiva ação vigilante da imprensa brasileira, não submetida a qualquer constrangimento governamental.”

Como estava numa seleta assembléia internacional, a única coisa que ela não disse é que a “vigilante imprensa brasileira” só está livre e vigilante, investigando, apurando e publicando tudo, não por causa do governo dela. Mas apesar do partido dela, o PT, que busca incessantemente o “controle social da mídia” e a aprovação do “marco regulatório”. E apesar da “justiça” que censura jornais por ordem do cacique Sarney. O noticiário de poucos dias atrás sobre o congresso do PT (do qual Dilma participou) continha inúmeras declarações de caciques encarnados sobre o assunto. A liberdade que a imprensa brasileira desfruta hoje é fruto de uma luta que custou sangue, vidas, muita luta e atravessou todo o período de trevas do governo militar, situado num dos extremos do espectro ideológico. Não vai ser as ameaças do outro extremo que nos fará voltar ao tempo das cavernas (ou das celas…)

O que Dilma chama retoricamente de positiva ação vigilante da imprensa, é classificado pelos seus admiradores brasileiros como “onda denuncista” ou, quando diante de fatos indesmentíveis, como “debate periférico da oposição”.

Os ministros demitidos nos últiumos meses por roubalheira, corrupção e gatunagem não foram demitidos por Dilma. Foram demitidos pela positiva ação vigilante da imprensa. Negar isto, quem há de????!!!!

Apesar das palavras claras e diretas da Presidenta Dilma no exterior, seus seguidores aqui no chão pátrio costumam taxar os jornais e revista do Brasil como “Imprensa Livre S/A”, “Vejinha”, “PIG”, “mídia golpista” e “imprensa reaça”. Enfim, são uns catrefas bundões que se atolam e se enrolam nas próprias palavras quando tentam mostrar o invisível e defender o indefensável. Tão “isentos” que selecionam os ladrões e corruptos que podem ser acusados ou defendidos. Os guabirus vermelhos são santos; os ratos azuis são demônios. Pois sim…

No dia de hoje, quarta-feira, os mesmos órgãos citados pela Presidente Dilma em sua reunião lá no zisteites, que ela diz que são pra “combater a corrupção”, também foram citados por quem entende que só a porra do assunto: os delegados da Polícia Federal.

Vejam esta notícia:

O combate à corrupção não é prioridade para o governo, afirmam delegados da Polícia Federal. Segundo eles, órgãos de fiscalização pública - como a própria polícia, o Tribunal de Contas da União e a Controladoria-Geral da União - sabem onde há desvios de verba, mas não os evitam porque a questão seria tratada de forma “secundária” pela atual gestão.

De acordo com levantamento feito pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, o combate à corrupção não é contemplado pelo Plano Plurianual 2012-2015, divulgado em 31 de agosto. Dos 11 desafios e 65 pontos prioritários do plano, o tema é citado apenas três vezes.

“Não há investimento para estancar a perda do dinheiro público. Isso vai evitar que as metas do governo sejam cumpridas. Podem até poupar, mas, se há vazamento, o dinheiro vai embora. Também não adianta tirar ministro se a máquina está comprometida. Vai-se perder o dinheiro ou na má gestão ou na corrupção. Desenvolvimento sustentável e justiça social é impossível com desvio de dinheiro público e fraude”, disse o diretor de comunicação da ADPF, Carlos Leôncio.

Os delegados da Polícia Federal estimam que, anualmente, entre R$ 50 e R$ 84 bilhões seja perdido em desvio de verba - o que corresponde a 1,4% a 2,3% do Produto Interno Bruto.

Com o anúncio da ampliação de programas sociais - como o Minha Casa, Minha Vida e o Brasil sem Miséria - e a proximidade de grandes eventos - como a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 -, a Polícia Federal estima que o desvio de verba pública deverá aumentar.

“Megaeventos são megaoportunidades para o desvio público, pois há aumento considerável do aporte financeiro. Com uma aparelho de fiscalização debilitado, há vazamento”, declarou Leôncio.

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