A escassez de chuvas parece não dar trégua. Nove entre dez técnicos do setor elétrico garantem que o mês de abril trará poucas mudanças aos níveis dos reservatórios e o ministro de Minas e Energia Edison Lobão admitiu preocupação com o período da Copa do Mundo.
O impacto da conjuntura ruim e das falhas de planejamento do setor poderia ser menor para a população se fontes alternativas de energia estivessem ao alcance de todos. As chamadas redes inteligentes, ou smart grids, são amplamente difundidas na Europa e permitem que as famílias controlem de maneira mais eficiente seus gastos com eletricidade — e, em alguns casos, possam até mesmo gerar a própria energia e vender o excedente ao sistema. No Brasil, disponibilizar tal solução está a cargo das distribuidoras. Contudo, para que invistam na tecnologia, seria necessário um plano de integração entre as redes que só o governo poderia elaborar — mas não o faz.
Em momentos de crise, soluções alternativas, como biomassa, energia solar e eólica podem evitar uma pane, embora a matriz energética do país seja hidrelétrica e não exista qualquer perspectiva de mudança nesse cenário - ainda mais quando se leva em conta que o Brasil possui 13% de toda a água doce do mundo. Mesmo assim, o ideal seria uma combinação entre todas as diferentes gerações de energia. As redes inteligentes poderiam funcionar como um sistema de contingência doméstico de energia limpa, sepultando o uso das termelétricas, que custam muito para o estado e são altamente poluentes.
Tais redes são compostas por um medidor, um gerador residencial, que pode ser solar ou eólico, e um sistema que o conecta a todos os aparelhos da casa e também à rede distribuidora. A vantagem é que o consumidor pode identificar em tempo real quais equipamentos gastam mais energia e quais hábitos precisam ser mudados. A distribuidora, dispondo de dados a todo instante sobre o consumo das residências, consegue identificar falhas rapidamente e distribuir a energia de maneira mais eficaz, reduzindo perdas. “Quando uma rede inteligente é montada com base na distribuição, é possível ter informações em tal nível de detalhamento que nem mesmo o Operador Nacional do Sistema Elétrico teria acesso”, diz Hussein Keshavjee, diretor executivo de Energia da Indra no Brasil, empresa que desenvolve softwares voltados para a eficiência energética. A matriz energética.
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