PSB sentiu o peso da responsabilidade e escolheu como vice um político tradicional
Bem, triunfou a racionalidade, não é? O vice de Marina Silva, candidata do PSB à Presidência, será o deputado Beto Albuquerque (RS), este, sim, um real membro do partido e um quadro atuante no Congresso. Com a escolha, põe-se um fim às absurdas especulações sobre a indicação de Renata, viúva de Eduardo Campos, o que me pareceu, desde sempre, uma mistura de má tradição com exotismo. Não fazia o menor sentido.
Se é de uma “nova política” que o PSB quer falar — o que já é, diga-se, mais marketing do que fato —, o flerte com a candidatura de Renata a vice foi um escorregão inaceitável até do ponto de vista do… marketing. É evidente que Marina Silva vai disputar para ganhar — e, na fotografia de momento do Datafolha, ela poderia se eleger presidente da República se a disputa fosse hoje.
Campos tinha, sim, trânsito no Congresso mesmo pertencendo a um pequeno partido. O neto de Miguel Arraes, que governou com uma base parlamentar em Pernambuco tão ampla como a que Dilma tem na esfera federal, era, afinal, um político tradicional. Foi ao se juntar com Marina Silva que aderiu a essa conversa de “nova política”.
Ninguém entendeu direito, até agora, o que Marina quer dizer com isso. Comecemos do óbvio: não se governa o Brasil sem o Congresso. O desdobramento inescapável seria uma crise institucional. Nenhuma política é tão nova que possa deixar de lado o Poder Legislativo.
Se presidente, Marina não seria exatamente a melhor interlocutora com o Congresso. Querem um exemplo? Vejam o seu comportamento durante a votação do Código Florestal. Ela deixou claro que não reconhecia aquele foro como o mais adequado para decidir a questão. Tanto é assim que, quando estava certo que o texto de Aldo Rebelo seria aprovado, Marina juntou as suas ONGs e foi bater à porta do governo federal, cobrando, na prática, que a vontade do Congresso fosse ignorada.
É essa Marina que vai disputar a eleição pelo PSB? Como diria o poeta, de tudo sempre fica um pouco. Se a líder da Rede for eleita, tranquila, a relação não será. É evidente que é necessário ter um homem forte no governo que possa fazer essa interlocução com o Poder Legislativo. O nome de Beto Albuquerque é uma escolha muito mais responsável, de quem pretende, como deve ser, manter a interlocução com a política institucional, que é uma boa tradição.
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