domingo, 1 de fevereiro de 2015

COMO CATAR FEIJÃO.


            Desafiado por Alvair de Carolino, um primo muito próximo e que sempre está por perto com muita disposição, concordei em reservar uma área do sítio no Serro Frio para plantar feijão. Com a minha vida de correrias, de idas e vindas intermináveis, o desafiador tomou conta de todo o processo de plantio até a sua etapa final.

Após a colheita e feita a apuração do produto verificou-se um resultado além do esperado. Inicialmente a proposta era ter um feijão para uma feijoada no início das férias e repetir o refrão do Vô Amim: esse feijão é do Serro!!!

Ocorre que a safra foi tão boa que tenho o produto armazenado ainda hoje.

            Inicialmente distribui para os parentes mais próximos. Em seguida para os residentes mais distantes. Transportei feijão de avião para Macapá e Belém, abasteci a dispensa de cunhados e aderentes. Ocorre que é tanto feijão que não consegui dar vencimento em sua totalidade ... e pior, o que era uma grande brincadeira com objetivo de reunirmos em torno de uma mesa farta de leguminosas, hoje está se tornando um grande dilema. Explico: - feijão orgânico quando não tratado com defensivo produz uma broca que se não controlada pode acabar destruindo todo o produto.

            E agora? O jeito é distribuir mais feijão. Dei início ao processo de redistribuição do que ainda resta, mas com um problema adicional: antes de entrega-lo tenho que limpa-lo pois a infestação da broca se intensificou e prejudicou demais o produto.

            Como diziam os antigos do tempo da zagaia: se não tem jeito, ajeitado está. Mãos á obra. Dei início ao processo: estendi um pano limpo no terraço e despejei o feijão para pegar sol; após algumas horas os insetos não suportaram a temperatura alta e bateram em retirada. Constatada a diminuição das impurezas do produto comecei a proceder a sua catação.

            Depois de algumas desajeitadas medidas, não sabia se me sentava ao lado do pano rés ao chão ou se levava o feijão à mesa; não sabia se me acocorocava para proceder a catação ou se o fazia de pé. Essa dúvida levou-me a parar e a pensar: nessa fase do processo cata-se o feijão saudável e elimina-se a impureza ou catam-se as impurezas e recolhe-se o feijão apropriado ao consumo? Eis a questão.

            Passei então a comparar o processo de limpeza do feijão ao processo de evolução a que estamos submetidos em vida. Como devemos proceder: valoriza-se a parte saudável de nossas experiências eliminando o que há de ruim em nosso intimo ou identifica-se o que temos de negativo interiormente eliminando-os um a um para só então promover o que há de bom em nós e valorizarmos o que encontramos. É uma busca e essa busca passa pela equação Felicidade = Realidade menos Expectativa. Ou no caso presente Feijão Limpo é igual a Feijão Impuro menos as Impurezas.

            Seja de uma forma ou de outra o processo de catação é lento. Há momentos de desânimo, há momentos de desestímulo, há os inconvenientes da jornada e há também momentos de alegria. Estes aparecem principalmente quando você estabelece metas e vê-las sendo cumpridas. É semelhante ao momento que você vê uma panela de feijão ser preenchida, cosida e colocada à mesa para ser deglutida. Estando bem temperado e sendo o feijão de qualidade é de dar água na boca.

            Se o que temos é feijão ele é o nosso mundo, com sua realidade e, o que precisamos é dar continuidade no processo de eliminação das impurezas, mas com a certeza de que iremos dar conta do recado. Aos poucos vamos enchendo panelas e panelas de feijão pronto para o uso e repetindo o refrão: esse feijão é do Serro Frio, bom apetite!

Pensemos!

           

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