sábado, 15 de agosto de 2015

SIMÃO, PEDRO ou CEFAS




A busca da verdade sempre foi objetivo de pessoas bem intencionadas. Mas o que é a verdade? Podemos dizer que verdade significa aquilo que está intimamente ligado a tudo que é sincero, que é verdadeiro, é a ausência da mentira?

A verdade é muitas vezes desacreditada quando pessoas ou grupos tentam provar que se interessam por assuntos, mas na verdade não gostam, ou não entendem, são chamados de pseudo, ou seja que não são verdadeiros. São os pseudo verdadeiros, pseudo intelectual, pseudo estudioso, etc.

A verdade dos fatos exerce grande importância no julgamento das ações humanas. Quando uma verdade deixa dúvidas, é imprescindível verificar sua veracidade, que podem ou não cumprir com exatidão aquilo a que se propõe o indivíduo.

Penso ser o caso de SIMÃO, PEDRO OU CEFAS que expõe uma busca da verdade dos fatos. Se é assim, então vejamos, o que nos diz o Evangelho de Mateus sobre o assunto:

"Vindo Jesus à região da Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos, dizendo: 'Quem os homens dizem que é o Filho do Homem? ' Eles disseram: 'Uns dizem que é João Batista; outros Elias; e outros ainda, Jeremias ou algum dos profetas'" (Mateus vv.13-14).

"E disse-lhes: 'E vós? Quem dizeis que eu sou?'" (v.15).

"Respondendo Simão Pedro, disse: 'Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo'" (v.17).

"Então Jesus lhe respondeu: 'Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque isto não te foi revelado pela carne ou pelo sangue, mas por meu Pai que está nos céus'" (v.18).

"'E eu também te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela'" (v.19).

No livro “Boa Nova” (Humberto de Campos/Chico Xavier) Capitulo 21, está grafado:

“Aproximando-se o termo de sua passagem pelos caminhos da Terra, reuniu Jesus os dozes discípulos, com o fim de lhes consolidar nos corações os santificados princípios de sua doutrina de redenção.”

“Naquele crepúsculo de ouro, por feliz coincidência, todos se achavam em Cesaréia de Filipe, onde a paisagem maravilhosa descansava sob as bênçãos do céu”.

“Jesus fitou serenamente os companheiros e, ao cabo de longa conversação, em que lhes falara confidencialmente dos serviços grandiosos do futuro, perguntou com afetuoso interesse:”

“- E que dizem os homens a meu respeito? De alguma sorte terão compreendido a substancia de minhas pregações?!”...

...

“Jesus escutou-lhes as observações com o habitual carinho e inquiriu:”

“- Os homens se dividem nas suas opiniões; mas, vós os que tendes comungado comigo a todos os instantes, quem dizeis que eu sou?”

“Certa perplexidade abalou a pequena assembleia: Simão Pedro, porém, deixando perceber que estava impulsionado por uma energia superior, exclamou, comovidamente:”

-“Tu és o Cristo, o Salvador, o Filho de Deus Vivo.”

- “Bem aventurado sejas tu, Simão – disse-lhe Jesus, envolvendo-o num amoroso sorriso -, porque não foi a carne que te revelou estas verdades, mas meu Pai que está nos céus. Neste momento, entregaste a Deus o coração e falaste a sua voz. Bendito sejas, pois começas a edificar no espírito a fonte da fé viva. Sobre essa fé, edificarei a minha doutrina de paz e esperança, porque contra ela jamais prevalecerão  os enganos desastrosos do mundo.” 

 Diferentemente do posicionamento da Igreja Católica que traduz: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja.” para justificar o nome – “CEFAS” que se traduz do grego – pedra/pedreira/pedregoso. Contudo Jesus está usando no diálogo, a língua “Aramaico” onde Simão é “Shimon” relacionado a “cura”.

E Humberto de Campos anota que Jesus em seguida afirma: “Neste momento, entregaste a Deus o coração e falaste a sua voz. “Bendito sejas pois, começas a edificar no espírito a fonte da fé viva. Sobre essa fé, edificarei a minha doutrina de paz e esperança, porque contra ela jamais prevalecerão  os enganos desastrosos do mundo.”

Luis Fernando Perez, traduzindo o pensamento católico, afirma: “Reflitamos agora por um instante sobre o contexto em que o Senhor diz estas palavras. Simão acaba de declarar quem é Jesus. Cabe agora a Jesus nos dizer quem é o Apóstolo. Já não o chama de Simão, mas de Pedro. Simão havia dito a Jesus: "Tu és Cristo"; e Cristo responde a Simão: "E tu és Pedro". Da mesma forma como não podemos separar o nome de Cristo e seu significado da pessoa de Jesus, também não podemos separar o nome de Pedro e seu significado da pessoa de Simão. Jesus é o Messias e Simão é a Pedra. E é justamente nesse contexto que Cristo diz: "e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Quem é o Cristo? Jesus, Jesus Cristo. Quem é a pedra sobre a qual Jesus edifica a sua Igreja? A quem foi dado o nome de pedra? A Simão, Pedro”.

Continua Luis Fernando Perez: “Muito se tem especulado sobre isto: a pedra é o próprio Pedro ou a sua declaração de fé acerca de Cristo? Pelo contexto verificamos que os versículos estão falando de PESSOAS, não de ideias. Trata-se de saber quem é Jesus e de saber quem Jesus diz que Simão é. Uma vez determinado quem é Jesus e quem é Pedro, Jesus edifica a sua Igreja. E nem a Igreja se edifica sem a verdade acerca de Cristo (declarada por Pedro), nem a Igreja se edifica sem a verdade acerca de Pedro (declarada por Cristo)”.

“E é essa Igreja, a verdadeira, a que conhece e confessa quem é Cristo e quem é Pedro, aquela sobre a qual não prevalecerão as portas do Hades [=morte]!” - Escrito por Luis Fernando Pérez.

Essa é a posição da Igreja Católica expressa em:  http://www.civitasdei.org/cefas.html. Tradução do Veritatis Splendor por Carlos Martins Nabeto.

Ao assinalar sua posição o autor atribui ao momento a discussão sobre “personalidades”, não de ideias para afastar a intensão de se filosofar a respeito. Esquece o autor que apesar do diálogo estar descrito praticamente no início do Evangelho do Cristo, Mateus 13/16 e o termo da passagem de Jesus na Terra está em Mateus 27, o Mestre já estava sondando os seus discípulos “com o fim de lhes consolidar nos corações os santificados princípios de sua doutrina de redenção”.

Isso é filosofia, isso é discussão de ideias sim.

Jesus promete o Consolador que iria repor a verdade: “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
João 14:26-27.

Ora, Jesus conhecia o intimo de seus seguidores, a tal ponto que preveniu que pediria ao Pai que mandasse outro conselheiro para repor todos os seus ensinamentos além de adequar sua orientação. Se sobre a “pedra” Ele instituísse sua doutrina não haveria de prever a deturpação de tantos ensinos. Na verdade Jesus estava prevendo que muito haveria de se aprender pois: “Bendito sejas, pois começas a edificar no espírito a fonte da fé viva. Sobre essa fé, edificarei a minha doutrina de paz e esperança, porque contra ela jamais prevalecerão  os enganos desastrosos do mundo.”   

Seja filosofia, seja discussão de personalidade não se pode pretender ter a verdade absoluta, mas querendo, de onde estivermos sempre teremos como visualizar a indicação da saída certa.

Com quem está a verdade?

Pensemos!

 

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