A primeira vez que ouvi falar da expressão “solvente
universal” foi durante o curso ginasial, em uma aula de química proferida pelo instigante e memorável “Professor
Tonito”. Afirmava ele que a água, uma simples composição de duas partes de
hidrogênio e uma parte de oxigênio participava em milhões de misturas,
homogêneas ou não. Ele exaltava as propriedades da água e por aí seguia a sua
maravilhosa aula sobre a capacidade do solvente universal nos deixando com água
na boca até hoje de saudade do mestre também duble de escritor.
Hoje sabemos que a água é a parte fundamental de uma
tecnologia incrível que é o sistema auto limpante do planeta. Dois terços do
planeta são compostos de água e o Brasil é a maior potencia global em agua doce
– uma em cada oito gotas produzidas no planeta caem aqui. Nós exportamos 112
trilhões de litros de água doce embutidos na carne, na soja, no alumínio, no
café, nas frutas e agora na mais nova pauta de exportação: estamos enviando água
para o exterior para fazer lastro nos navios que retornam sem carga
para os países de origem.
Antes do Professor Tonito a água já estava presente em minha
vida desde o inicio, da placenta da minha mãe ao local de nascimento, no distrito de
Cachoeiras de Macaé que assim é denominado por que é o local onde o Rio Macaé
passa a ser navegável. Meu pai que era Balseiro pilotava a balsa que fazia o
trajeto Figueira Branca – Porto do Limão transportando a produção de café da
região serrana e retornando com produtos industrializados.
Na minha infância, pois o meu quintal era a Praia de Imbetiba.
Antes de sermos servidos pela água proveniente da Severina, tratada na estação
de água do Morro de Santana buscávamos água nas oficinas da Leopoldina onde a
água era abundante para abastecer as maquinas do trem “Maria Fumaça”. Enquanto
eram completados os depósitos de água ajudávamos aos filhos de seu Mimiro que
levavam os cavalos para banhar na praia dos “cavalos” entre os dois paredões do
porto de Imbetiba. O sistema de transporte de água naquela época era realizado através do “rolo”
que consistia numa barrica de madeira onde eram colocadas duas peças de
borracha e que serviam de pneus para diminuir o atrito ao ser rolado. A criançada puxava e disputávamos corrida de
rolos entre a Imbetiba e os Cajueiros.
Hoje a situação é bem diferente. O Porto do Limão já não
é mais um porto; a produção da serra macaense não é transportada por balsas, os
manguezais estão acabando, não se nada no rio Macaé, nem se lava cavalos na Praia
dos Cavalos.
Sem pieguice e fora o saudosismo, a situação da água em
Macaé me preocupa. As matas ciliares na Serra Macaense, origem do manancial hídrico
para toda a região está sendo dizimada. O Rio Macaé está assoreado a partir do
encontro com o Rio São Pedro na Barra do Sana. Da foz do Córrego João Francisco em diante as suas águas
começam a receber efluentes de merda. Os pântanos estão sendo secado, o rio foi
retificado á partir do Aterro das Neves e com isso os depósitos de tufas praticamente
desapareceram para dar passagem a BR 101. Os manguezais que são sistemas
naturais de limpeza da água já não mais estão produzindo suas funções e nadar
no rio, entre a Severina e o Pontal da Barra, uma das atividades naturais dos
ribeirinhos, desapareceu como os Bagres que agora só estão presentes no Brasão das
Armas do Município.
Como citei acima faço esse comentário
deixando a pieguice e o saudosismo de fora. Assim o procedo para tentar chamar
a atenção para a importância do tema. Ademais não é a crise hídrica do Estado
de São Paulo que me move, apesar de entender que todos precisamos nos preocupar
também com aquela situação. Afirmam os estudiosos que o desmatamento da Amazônia influencia a chuva do sudeste brasileiro. O fato é que precisamos cuidar urgentemente de nossas águas.
Em países que não possuem o potencial hídrico que possuímos
e que não possuem as inúmeras diversidades de biomas como o Pantanal e a Amazônia,
o cuidado que eles estão tendo com a natureza é digna de se vê. Não se abre
estrada destruindo o meio ambiente; não se amplia sistema de tratamento de água
sem ampliar a proteção da área de captação de água; não se intervém no ambiente
físico natural sem as devidas compensações ambientais. A consciência ecológica
está bastante ampliada, não se trata apenas de “coisa de eco chatos”.
Da
minha parte entendo estar, na prática, fazendo algo positivo que pode ser
constatado pelo Cadastro Ambiental Rural – CAR, nas seguintes coordenadas geográficas:
Latitude: 22º23'44'' S Longitude: 42º9'7'' O.
A propriedade me foi legada por meus pais, assim como o
interesse em colaborar com a sua manutenção ambiental.
O Serro Frio é lindo, os mananciais que estão
sob a minhas posses estão mantidos e ampliados sem muito esforço.
Tentemos todos fazer alguma coisa. Informar-se
é um grande passo para a tomada de consciência.
PENSE NISSO!
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