quarta-feira, 29 de abril de 2015

PLANO B


PLANOS DE DEUS

“Amar, trabalhar, esperar, perdoar”. Abigail

            Na Bíblia existem centenas de citações que afirmam que “Deus tem um plano para a nossa vida”. Não sou nenhum expert em estudo bíblico e nem pretendo escrever um tratado a respeito do assunto, contudo posso afirmar em linguagem coloquial que existe sim um plano de Deus, mas que em função de nosso personalismo e por misericórdia divina também existe sempre um Plano “B” para a nossa vida.

            A princípio não entendemos com muita clareza qual é o “Plano” para a nossa vida. Entramos a fazer planos e mais planos e por muitas vezes imaginamos que os “céus” contrariam os nossos planos, numa interpretação errônea do que é o melhor para a nossa vida. A nossa visão acanhada do que é verdadeiro ou falso, do que é bom ou ruim para nós, nos leva a pensar muitas vezes e quase sempre egoisticamente, que aquele plano, tão bem elaborado, que nos levou noites e noites, não deu certo e portanto não é o plano de Deus e por aí vamos a julgar e querer entender o Criador.

            Vã ilusão. O que é melhor para a nossa vida será sempre o Plano de Deus, contudo em função de nossa situação na escala evolutiva nós não percebemos o que verdadeiramente é o melhor para as nossas vidas.

            Exemplifico. Depreendo das páginas escritas pelo espírito Emannuel, por intermédio da psicografia de Chico Xavier, no livro Paulo e Estevão que o grande Apóstolo dos Gentios, “o vaso escolhido”, Paulo de Tarso, possuía uma grande tarefa a ser desempenhada na Terra. Essa tarefa era uma missão divina qual seja a difusão do Cristianismo junto aos não circuncisados, ou por outra, seria o grande divulgador da Boa Nova além das fronteiras do judaísmo.

            Para tanto, o ainda denominado Saulo de Tarso teria a sua disposição, inúmeras pessoas como colaboradores da sua missão. Sua família possuía bens e propriedades suficientes para lhe dar uma boa educação nas melhores escolas da época. No Templo ele seria orientado por ninguém menos do que o Rabino Gamaliel, grande educador judeu,  reconhecido mestre e Doutor da Torah. Construiria uma família com uma esposa, dedicada. Conquistaria o auxilio de um cunhado valoroso e conhecedor da Lei, que tudo faria para auxiliar na construção da enorme tarefa. Esse era o Plano “A”

            Porém, as circunstancias que envolvem aquele momento mudam ao sabor do personalismo do grande Doutor da Lei que acreditando que a manutenção e o apego ao formalismo do farisaísmo era o mais importante para os Judeus. Assim pensando e assim agindo, quase põem tudo a perder. Não tivesse a sua missão um caráter divino tudo estaria comprometido. No afã de acertar e se imaginando o grande defensor da Lei,  coloca-se em perseguição ao cristianismo nascente, persegue os que seguem a doutrina do Perdão e ignora os chamamentos do mestre Gamaliel que lhe propõe equilíbrio e prudência. Visita a Casa do Caminho a procura de Pedro e arrasta Estevão para o Sinédrio. Julga-o açodadamente, condena-o ao apedrejamento, convida a sua noiva para assistir o grande espetáculo do martírio de um blasfemo e no momento supremo  descobre que o acusado era o irmão amado de sua noiva Abigail.  

            A missão se mantém, mas necessário se faz a interferência do Governador do Orbe. Á caminho de Damasco, em desenfreada busca por Ananias a quem atribui toda a culpa pelo seu desespero eis que se depara com a grande luz que o interroga: “Saulo por que me persegue?”

            Esse por que muda totalmente o sentido de sua vida. Seria o mesmo que perguntar: por que você mudou o plano?

Contudo como sempre acontece, Deus reconhece que temos o livre arbítrio, portanto, por misericórdia, nos dá uma nova chance - o Plano “B”. Porém as circunstâncias serão diferentes: ele não mais pode contar com o apoio presencial da esposa amantíssima para formar uma família. Abigail está morta. Ele não mais pode contar com o apoio de seu cunhado para juntos estabelecerem as diretrizes da grande caravana de divulgação do Cristianismo. Ele mandou apedreja-lo e agora Estevão está morto. O grande rabino Gamaliel retirou-se para o deserto e agora é considerado louco por ter aceitado a “Doutrina do Nazareno”. A sua família em Tarso e os seus amigos, o consideram traidor do Judaísmo. Os fatos se modificaram, as circunstancias são outras. O sofrimento é intenso, mas a grandeza de sua missão fala mais alto. Realmente o “vaso escolhido” não foi por acaso. A missão se cumpriu, mesmo a custa de muito sofrimento.

Assim é a nossa vida. Missões nos são confiadas e precisamos dar cabo das mesmas. Contudo cabe a nós escolhermos os caminhos a seguir. Ou seguimos os rumos traçados pelo altíssimo ou vamos assumir a responsabilidade de executar a tarefa com mais dificuldade.

 Como citei no inicio desta página, não pretendo e nem poderia pretender escrever nenhum tratado a respeito do assunto, na verdade pretendo apenas e tão somente saudar a importante tarefa assumida pelo Coronel Médico Laerte Lobato de Moraes a frente do Hospital da Aeronáutica de Belém – HABE. Para tanto conte com seu cunhado que não é nenhum Estevão mas que inspirando-se nos conselhos de Abigail a Saulo afirma: “Ame, trabalhe, espera e, perdoe”.

“Ansioso de aproveitar os instantes felizes que desfrutava, desejando perpetuar aquele encontro, Saulo perguntou o que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do Cristo e a resposta não se fez esperar: Ama! Respondeu Abigail.”

“E nova pergunta de Saulo: como proceder de modo a enriquecer na virtude divina? (...) como fazer para que a alma alcançasse tão elevada expressão de esforço com Jesus Cristo?  E a resposta: Trabalha!”

“Saulo voltou a perguntar: Que providências adotar contra o desânimo destruidor? Espera! Responde Abigail”.

“Nova pergunta foi apresentada: Como conciliar as grandiosas lições do Evangelho com a indiferença dos homens? Perdoa! Afirmou finalmente  Abigail”.

 

Forte abraço do cunhado.

Marcello Benjamin

  

                

 

 

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