PLANOS
DE DEUS
“Amar, trabalhar, esperar, perdoar”. Abigail
Na Bíblia existem centenas de citações que afirmam que
“Deus tem um plano para a nossa vida”. Não sou nenhum expert em estudo bíblico
e nem pretendo escrever um tratado a respeito do assunto, contudo posso afirmar
em linguagem coloquial que existe sim um plano de Deus, mas que em função de
nosso personalismo e por misericórdia divina também existe sempre um Plano “B”
para a nossa vida.
A princípio não entendemos com muita clareza qual é o
“Plano” para a nossa vida. Entramos a fazer planos e mais planos e por muitas
vezes imaginamos que os “céus” contrariam os nossos planos, numa interpretação
errônea do que é o melhor para a nossa vida. A nossa visão acanhada do que é
verdadeiro ou falso, do que é bom ou ruim para nós, nos leva a pensar muitas
vezes e quase sempre egoisticamente, que aquele plano, tão bem elaborado, que
nos levou noites e noites, não deu certo e portanto não é o plano de Deus e por
aí vamos a julgar e querer entender o Criador.
Vã ilusão. O que é melhor para a nossa vida será sempre o
Plano de Deus, contudo em função de nossa situação na escala evolutiva nós não
percebemos o que verdadeiramente é o melhor para as nossas vidas.
Exemplifico. Depreendo das páginas escritas pelo espírito
Emannuel, por intermédio da psicografia de Chico Xavier, no livro Paulo e
Estevão que o grande Apóstolo dos Gentios, “o vaso escolhido”, Paulo de Tarso,
possuía uma grande tarefa a ser desempenhada na Terra. Essa tarefa era uma
missão divina qual seja a difusão do Cristianismo junto aos não circuncisados,
ou por outra, seria o grande divulgador da Boa Nova além das fronteiras do
judaísmo.
Para
tanto, o ainda denominado Saulo de Tarso teria a sua disposição, inúmeras
pessoas como colaboradores da sua missão. Sua família possuía bens e
propriedades suficientes para lhe dar uma boa educação nas melhores escolas da
época. No Templo ele seria orientado por ninguém menos do que o Rabino Gamaliel,
grande educador judeu, reconhecido mestre e Doutor da Torah. Construiria uma família com uma esposa, dedicada.
Conquistaria o auxilio de um cunhado valoroso e conhecedor da Lei, que tudo
faria para auxiliar na construção da enorme tarefa. Esse era o Plano “A”
Porém, as circunstancias que envolvem aquele momento
mudam ao sabor do personalismo do grande Doutor da Lei que acreditando que a
manutenção e o apego ao formalismo do farisaísmo era o mais importante para os
Judeus. Assim pensando e assim agindo, quase põem tudo a perder. Não tivesse a
sua missão um caráter divino tudo estaria comprometido. No afã de acertar e se
imaginando o grande defensor da Lei,
coloca-se em perseguição ao cristianismo nascente, persegue os que seguem
a doutrina do Perdão e ignora os chamamentos do mestre Gamaliel que lhe propõe
equilíbrio e prudência. Visita a Casa do Caminho a procura de Pedro e arrasta Estevão
para o Sinédrio. Julga-o açodadamente, condena-o ao apedrejamento, convida a
sua noiva para assistir o grande espetáculo do martírio de um blasfemo e no
momento supremo descobre que o acusado
era o irmão amado de sua noiva Abigail.
A
missão se mantém, mas necessário se faz a interferência do Governador do Orbe.
Á caminho de Damasco, em desenfreada busca por Ananias a quem atribui toda a
culpa pelo seu desespero eis que se depara com a grande luz que o interroga:
“Saulo por que me persegue?”
Esse por que muda totalmente o sentido de sua vida. Seria
o mesmo que perguntar: por que você mudou o plano?
Contudo
como sempre acontece, Deus reconhece que temos o livre arbítrio, portanto, por
misericórdia, nos dá uma nova chance - o Plano “B”. Porém as circunstâncias serão
diferentes: ele não mais pode contar com o apoio presencial da esposa
amantíssima para formar uma família. Abigail está morta. Ele não mais pode
contar com o apoio de seu cunhado para juntos estabelecerem as diretrizes da
grande caravana de divulgação do Cristianismo. Ele mandou apedreja-lo e agora Estevão
está morto. O grande rabino Gamaliel retirou-se para o deserto e agora é
considerado louco por ter aceitado a “Doutrina do Nazareno”. A sua família em
Tarso e os seus amigos, o consideram traidor do Judaísmo. Os fatos se
modificaram, as circunstancias são outras. O sofrimento é intenso, mas a
grandeza de sua missão fala mais alto. Realmente o “vaso escolhido” não foi por
acaso. A missão se cumpriu, mesmo a custa de muito sofrimento.
Assim
é a nossa vida. Missões nos são confiadas e precisamos dar cabo das mesmas.
Contudo cabe a nós escolhermos os caminhos a seguir. Ou seguimos os rumos traçados
pelo altíssimo ou vamos assumir a responsabilidade de executar a tarefa com
mais dificuldade.
Como citei no inicio desta página, não
pretendo e nem poderia pretender escrever nenhum tratado a respeito do assunto,
na verdade pretendo apenas e tão somente saudar a importante tarefa assumida
pelo Coronel Médico Laerte Lobato de Moraes a frente do Hospital da Aeronáutica
de Belém – HABE. Para tanto conte com seu cunhado que não é nenhum Estevão mas
que inspirando-se nos conselhos de Abigail a Saulo afirma: “Ame,
trabalhe, espera e, perdoe”.
“Ansioso de aproveitar os instantes felizes que desfrutava, desejando
perpetuar aquele encontro, Saulo perguntou o que fazer para adquirir a compreensão perfeita dos desígnios do
Cristo e a resposta não se fez esperar: Ama! Respondeu Abigail.”
“E nova pergunta de Saulo: como
proceder de modo a enriquecer na virtude divina? (...) como fazer para que a
alma alcançasse tão elevada expressão de esforço com Jesus Cristo? E
a resposta: Trabalha!”
“Saulo voltou a perguntar: Que
providências adotar contra o desânimo destruidor? Espera! Responde Abigail”.
“Nova pergunta foi apresentada: Como
conciliar as grandiosas lições do Evangelho com a indiferença dos homens? Perdoa! Afirmou finalmente Abigail”.
Forte
abraço do cunhado.
Marcello
Benjamin
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