sexta-feira, 21 de junho de 2013

CRISE DE REPRESENTAÇÃO.

LUIZ OTÁVIO CAVALCANTI
(By JBF)     
Onde está um Mario Covas? Onde se encontra um Ulysses Guimarães? 
O Brasil tem uma democracia representativa. O que significa isso?
Significa que o eleitor elege seus representantes para representar os interesses do povo. Esses representantes têm cumprido a tarefa de defender os interesses dos representados?
Quando o povo vai pra rua é porque há crise de representação. Isto é, os representantes não têm exercido com fidelidade os interesses dos eleitores.
Repetir o senador Renan na presidência do Senado é infidelidade. Eleger o deputado Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos é infidelidade. Pretender obstar investigação inibindo a ação do Ministério Público é infidelidade. Alimentar a impunidade evitando processar parlamentares sob o véu da imunidade é infidelidade.
Está criado o vazio de representação política. A rua passa a ocupar o vazio político com a presença cívica.
O vazio político reflete um deserto de lideranças. Por que, nesta hora bela e grave da República, nenhum líder apareceu para falar?   A rua e a inflação
Por que o estopim do protesto da rua foi o preço das passagens ? Porque a inflação está corroendo os salários. Este é o ponto.
A inflação anda teoricamente ao redor dos 6,5% (limite superior da meta). Porque, na prática, em relação a preços não contratuais, está acima disso. E o bolso não aguenta.
O que a presidente Dilma tem feito a esse respeito ? Desmontou a política fiscal que segurava a inflação no patamar dos 4%. Primeiro, revogando a meta de 3,5% do superávit fiscal. Autorizando maquiagem de números, alteração de contabilidade pública envolvendo operação do BNDES. Segundo, subtraindo receita por meio de continuadas e aleatórias isenções fiscais para incentivar o consumo de veículos e produtos da linha branca.   Por outro lado, assumiu, com aparente autosuficiência, o comando da política monetária. Falando sobre política de juros, uma questão técnica, afeta legalmente ao Banco Central. E gerando descredibilidade ao gestor do Banco Central.
Além do mais, por causa de estilo peculiar de administrar, não tem contribuído para criar ambiente propício aos negócios. Não se fortalece o clima de confiança nos investimentos. Porque o governo não apresenta visão de longo prazo, estratégica. Na verdade, sua atuação tem sido tática, atendendo a manobras de curto prazo.
Se a presidente entendeu o recado da rua, é hora de desatrelar a ação do governo do calendário de 2014. E ajustar o foco para o tripé que garantiu, por uma década, o controle da inflação: 1 cumprimento das metas de inflação (o centro da meta é 4,5%); 2 superávit fiscal de 3,5% (e não 2% como prevê o governo para 2013); e 3 autonomia para a política monetária dirigida pelo Banco Central.

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