terça-feira, 30 de julho de 2013

A ENTREVISTA PRESIDENTA.

BY JBF
Jorge Oliveira
Já se foi a época em que uma entrevista de presidente da república agitava o país, criava certa expectativa em seus súditos ávidos para saber o que pensava o seu líder sobre os problemas do seu povo, principalmente quando esse povo está à deriva. Quem leu a entrevista de Dilma Roussef na Folha deste domingo ficou com a sensação de vazio. De que está sendo governado por uma pessoa que não enxerga a realidade em que vive, que desconsidera o momento por que passa o país com a economia em frangalhos, os partidos da base desarticulados, a infraestrutura desmantelada e os programas sociais que não saem do papel, mas que permanecem vivos nos gastos milionários com publicidade no horário nobre das TVs.
A entrevista da Dilma à colunista Mônica Bergamo deveria ir para a cesta. No jargão jornalístico: cesta do lixo. Irônica e o todo tempo tentando subestimar o questionamento da repórter, tratando-a sempre de “minha querida”, Dilma não respondeu nada do que o brasileiro espera de seu presidente nesse momento de convulsão social, de rebeliões e manifestações generalizadas que geram tensão e instabilidade às instituições brasileiras. O fim da entrevista então é hilariante: “Gente, preciso ir. Estou tontinha da silva”, diz para encerrar a conversa e fugir da saraivada de perguntas da jornalista. Dilma mostrava-se cansada, isolada, enfadada – deselegante, inclusive – como se o mandato estivesse acabando ali, naquele momento.
É assim que o petê melancolicamente começa a botar a viola no saco a um ano e poucos meses das eleições. Uma presidente dizendo que não fará reformas, que manterá o Mantega, que não reduzirá o número de ministérios, que nega a estagnação da economia, a alta da inflação, a crise dentro do seu próprio partido. Como tudo isso não bastasse, a presidente adotou o cacoete de que o Brasil foi descoberto nos últimos dez anos. A exemplo do Lula “nunca antes na história deste país..”, agora, a presidente instigada por assessores medíocres tentou convencer o Papa de que o país não existia há 10 anos atrás, antes do PT.
De toda a conversa com a presidente, louve-se as perguntas de Mônica Bergamo. O jornalista, que sempre foi o intermediário (coadjuvante) do interlocutor numa entrevista, dessa vez assumiu o papel de protagonista com as perguntas precisas e articuladas. Veja algumas delas: “A crítica é que a senhora relaxou no controle da inflação para manter o crescimento”; a senhora teria características que não contribuem para que projetos deslanchem. Seria centralizadora, autoritária”; a senhora já fez ministros chorarem com suas broncas?”; o que acha de o ministro Paulo Bernardes, das Comunicações, ser chamado por críticos de “ministro do Plim-Plim?”; a senhora sabe falar o nome dos 39 ministros?”; “o ministro Mantega está garantido no cargo?”; o modelo de crescimento pelo consumo não se esgotou?”; os empresários reclamam que a senhora não tem diálogo”; “o fato de usarem o Lula para criticá-la não a incomoda?
Foram essas perguntas diretas e certeiras que deixaram a presidente “tontinha da silva”.

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