O povo brasileiro não se
distribui mais em classes econômicas como era antes: os ricos, os médios e os
pobres. Também não importa a raça, a cor, o gênero, o homo ou o hetero.
A divisão
atual é a seguinte: os gritantes, os surdos e os mudos.
As ruas estão lotadas de
gritantes. São milhões e se sentem satisfeitos por extravasar. E os seus gritos
na maioria das vezes são protestos. Protestam por tudo. Protestam por melhorias
pessoais, melhorias comunitárias, melhorias corporativas, melhorias gerais.
Alguns não gritam por protestos,
gritam e ameaçam. Gritam e apedrejam, gritam e quebram, gritam e saqueiam. Não
são muitos, são centenas apenas, mas existem. Também são gritantes.
Do outro lado estão os surdos, não
estão nas ruas, não estão expostos, mas estão atentos estão encolhidos em seus
guetos, em suas masmorras, em seus castelos e em seus casulos. Estão na
espreita para depois decidirem por aonde ir. São milhões, talvez centena de
milhões. Sentem-se protegidos, por ora continuam a não querer ouvir a voz rouca
que ecoa das ruas. São mutantes são oportunistas. São surdos.
Nas ruas também não se encontram os
mudos. Esses são poucos. Nunca antes nesse país foram tão poucos. Já falaram
demais. Agora cobram para falar, no exterior. Aqui não abrem a boca. Diz-se que
tentaram um golpe para depois falar, porém não deu certo e continuam quietos.
Vão falar depois: “eu bem que avisei...”
Pensem nisso.
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