Condenado
a pagar indenização de R$ 410 mil, jornalista paraense foi alvo de mais de 30
processos judiciais. Para autoras, tenta-se assim “inviabilizar a produção de um
jornal alternativo que denuncia desmandos de grupos de poder locais”
Congresso em Foco
Brenda
Taketa e Rose Silveira
Reconhecido no final do ano passado com o Prêmio Especial Vladimir
Herzog de Anistia e Direitos Humanos, entre as várias homenagens recebidas por
seu trabalho nos últimos anos, o jornalista paraense Lúcio Flávio Pinto, que
edita há 25 anos o Jornal Pessoal, foi novamente condenado pelo Judiciário
paraense.
Desta vez, ele deverá pagar quantia próxima a R$ 410 mil (ou 600
salários mínimos) ao empresário Romulo Maiorana Júnior e à empresa Delta
Publicidade S/A, de propriedade da família Maiorana, também detentora de um dos
maiores grupos de comunicação das regiões Norte e Nordeste, as Organizações
Romulo Maiorana.
A decisão da desembargadora Eliana Abufaiad, que negou o recurso
interposto pelo jornalista no primeiro semestre de 2012, data de 21 de novembro
de 2012, mas foi publicada apenas em 22 de janeiro com uma incorreção e, por
causa disso, republicada na última quarta-feira, dia 23. O jornalista vai
recorrer da decisão, tentando levar o caso ao Superior Tribunal de Justiça
(STJ), mas teme que a condenação seja confirmada.
Romulo Maiorana Júnior alega ter sofrido danos morais e materiais
devido à publicação, em 2005, do artigo “O rei da quitanda”, no qual o
jornalista abordava a origem e a conduta do empresário à frente de sua
organização. Por causa desse texto, em 12 de janeiro do mesmo ano, Lúcio Flávio
foi agredido fisicamente pelo irmão do empresário, Ronaldo Maiorana, junto com
dois seguranças deste em um restaurante de Belém.
Depois da agressão, o jornalista também se tornou alvo de 15 processos
judiciais, penais e cíveis, movidos pelos irmãos. Chegou a ser condenado em 2010
a pagar uma quantia de R$ 30 mil, mas recorreu da decisão do juiz Francisco das
Chagas.
A recente decisão da desembargadora Eliana Abufaiad, se confirmada,
significará um duro golpe às atividades desempenhadas por Lúcio Flávio, que não
dispõe de recursos financeiros para arcar com as indenizações.
Desde os anos 1990 foram movidos contra ele mais de 30 processos
judiciais, que representam uma tentativa de inviabilizar a produção de um jornal
alternativo que denuncia fraudes e desmandos de empresários e grupos de poder
locais.
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