Conselho que vale no mínimo para os
primeiros meses do novo ano: preste atenção quando Gilberto Carvalho, ministro
da Secretaria Geral da Presidência da República, disser alguma coisa.
Lula alugou a boca de Gilberto ao se
ver acuado pelo julgamento do mensalão, pela descoberta da quadrilha da qual
fazia parte Rosemary Noronha, sua ex-secretária, e pela delação à procura de um
prêmio feita por Marcos Valério.
Gilberto foi posto na antessala da
presidente Dilma para funcionar como principal olheiro de Lula, prestando
também ao exigente chefe todo tipo de serviço.
Um deles: falar quando Lula não puder
ou não achar conveniente. Transmitir suas orientações públicas para dentro ou
fora do PT. Com especial afinco, Gilberto ocupou-se disso nas últimas atribuladas
semanas.
Em entrevistas vapt-vupt, em pelo
menos uma, extensa, concedida ao jornal Correio Braziliense, e em vídeo
divulgado no site do PT, ele disse o que Lula lhe soprou.
O PT está obrigado a ser solidário
com os mensaleiros que tombaram lutando, imagina Lula. Mais do que isso: está
obrigado a defendê-los diante dos evidentes "exageros" produzidos
durante os quatro meses de julgamento.
"Não é porque um companheiro seu
cometeu um erro ou foi vítima de exageros que você irá abandoná-lo",
ensina Lula. Ou melhor: Gilberto. "Por outro lado, não há dúvida de que o
PT precisa se renovar e se refazer do ponto de vista da ética, da coisa
pública, e fazer isso não apenas olhando para os próprios erros, mas para as
questões estruturais da política que induzem a essa cultura".
No segundo semestre de 2005, Lula foi
à televisão e pediu desculpas aos brasileiros. Uma vez reeleito no ano
seguinte, voltou a se referir ao mensalão como "uma farsa".
Quem quiser espere deitado o dia em
que Lula admitirá o que o Supremo Tribunal Federal concluiu enfático: foi
mensalão. E com dinheiro público. Não foi Caixa 2, o que também configuraria
crime.
"O erro do PT foi um erro de
Caixa 2", insiste Gilberto. Digo: Lula. "Não reconheço nada do que
foi colocado em termos de pagamentos mensais".
Compreensível. Lula não pode admitir
que mentiu durante todos esses anos. De resto, os presídios estão superlotados
de inocentes condenados sem motivo... Acolher mais alguns não fará para eles a
menor diferença.
A esperteza de Lula é maior do que a
de Gilberto. Lula teria sido mais cuidadoso ao responder sobre a reforma
política, que poderia introduzir o financiamento público de campanhas.
Gilberto revelou sua descrença na
aprovação da ideia de financiamento público - até aí nada demais. Mas derrapou
ao afirmar: "os outros partidos não são menos corrompidos do que o
PT". Êpa!
Lula não diria que o PT é um partido
corrompido - o que é isso, meu irmão? Golpismo mediático? Sai pra lá!
Lula diria que o PT apenas se valeu
das mesmas armas empregadas pelos demais partidos. Não deixaria brecha para que
se pense que seus companheiros, mártires do mensalão, possam ter embolsado
algum.
Se desviaram dinheiro foi para o bem
do povo brasileiro. Quem duvida?
Por fim, em 2013 o "bicho vai
pegar", alertou Lula via Gilberto.
Para ele, os ataques sofridos por
Lula têm um só objetivo: "destruir o nosso PT, o nosso governo".
Lula receia ser processado pelo que
Marcos Valério anda dizendo e convoca o PT para a luta.
Ao mesmo tempo, sabe que ser
processado seria sua melhor chance para voltar como candidato a presidente em
2014.
"O povo é quem me julgará".
Que tal?
(Vai que é tua, João Santana, o
marqueteiro de nove entre 10 candidatos vencedores!).
Feliz Ano Novo!
(publicado no BLOG DO RICARDO NOBLAT)
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