terça-feira, 5 de junho de 2012

Se a canoa não virar...

Enquanto o Ministro da Educação não se toca, enquanto as quarenta e quatro instituições federais de ensino superior permanecem sem aula e enquanto os alunos não se conscientizam do grande desastre que é a "greve dos professores edição 2012" não custa nada "folhear o Estadão" e perceber o que vai pelo Brasil a fora. Por exemplo: a entrevista concedida pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles ao “Estadão”, embora breve e acautelada, precisa ser lida além das entrelinhas. Quando o ex-quase candidato do Lula fala em "Arrefecimento externo e desencanto interno" e está dizendo que preocupa a perda de entusiasmo que os investidores estrangeiros acalentam com relação ao Brasil. E não foi somente o capital especulativo que arrefeceu: houve uma sensível queda no gráfico de investimentos. Sublinhe-se ainda um movimento singular na economia doméstica: os players locais desfazem-se dos seus ativos com rapidez, e os bilhões que envolvem as transações não podem ser aferidos como entradas. O foco da equipe econômica é eventual. Não há lente de longo prazo: as mudanças estruturais são desprezadas, daí porque os sobressaltos diários com o desaquecimento da economia e a despressurização do dólar. O Planalto resfolega para calafetar furos de cabotagem. A desoneração do IPI dos veículos, por exemplo, não alicerça a indústria automobilística, apenas desova os estoques que enferrujam nos pátios. O governo foge de cirurgias profundas, optando por laparoscopias diárias quando, em alguns casos, só o transplante resolveria: onde estão as reformas política, administrativa, fiscal e tributária? Onde está o investimento maciço no sistema educacional? O que se está fazendo para diminuir o custo Brasil, que poderia equacionar a pressão do dólar ao invés de tentar manipular artificialmente o próprio dólar? Onde está a racionalização da execução orçamentária da União? O Estado brasileiro está em vias de incorrer no mesmo erro que a social democracia europeia ocidental cometeu há 50 anos e agora geme quando a conta bate à porta: o “welfare state” foi uma quimera já experimentada e, como o marxismo-leninismo, provada falaciosa. A Europa, mormente os países que não preveniram a duplicata, descobriu o óbvio: não há almoço grátis. O propalado investimento maciço no sistema educacional se resume a prometer o cumprimento das metas prometidas e não atingidas pelo governo anterior, mas a conta desses acepipes que o Brasil hoje serve vai chegar se nós não sairmos desse tom daquela marchinha da Emilinha Borba, “Marcha do Remador” que avisava uma condicionante para o sucesso: “se a canoa não virar, olê, olê, olá, eu chego lá…”. Se não chegar fica para a promessa para ser cumprida pelo próximo governo e aí por diante. Pense nisso!!!!

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